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São Paulo protege jovens, e Santos os atira para as feras
Sem grandes reforços, santistas apelam para revelações, enquanto crias do rival têm trilha longa até o profissional
Para Muricy, lançar jovem de forma precoce pode queimar um bom jogador; Leão pede paciência com atletas recém-promovidos
DA REPORTAGEM LOCAL
DO ENVIADO ESPECIAL A SANTOS
Alemão, Tiago Luís, Anderson Salles e Carleto são nomes
que têm aparecido com freqüência nas fichas das escalações do Santos. Arlon, Aislan e
Sérgio Motta ainda transitam
entre os CTs da Barra Funda e
de Cotia, sem passagens longas
pelo gramado do Morumbi.
Por isso, as pratas da casa de
São Paulo e Santos não se encontrarão hoje, às 16h, quando
os times fazem o terceiro clássico do Campeonato Paulista.
Praticamente só haverá meninos da Vila em campo, fato
que reflete a diferença de tratamento do clubes com as revelações de suas categorias de base.
Como em 2002, quando lançou a famosa dupla Robinho e
Diego entre outras revelações,
Emerson Leão usa mais uma
vez a garotada para montar sua
equipe. O motivo, o mesmo: falta de condições financeiras para grandes contratações.
Só no último mês, oito garotos oriundos das categorias de
base e que se destacaram na
Copa São Paulo de juniores foram promovidos para a equipe
profissional. Desses, apenas
dois (Patrik e Paulo Henrique)
ainda não estrearam no time.
"O Santos tem mais jogadores formados na base. O São
Paulo tem poucos porque contrata mais. Para um atleta é
mais fácil corresponder com a
equipe montada", analisou o
técnico santista, Emerson
Leão, que defendeu que sejam
moderadas as cobranças sobre
as revelações santistas.
Já no São Paulo, Muricy Ramalho não mostra muita pressa
em lançar garotos de Cotia.
"Aqui, a gente trabalha com a
razão e não com a emoção. Já vi
muito garoto de talento ficar
pelo meio do caminho porque
foi mal lançado, irresponsavelmente", disse o são-paulino.
"Isso eu não faço. Se acontece alguma coisa, e o time perde,
o jovem pode ficar traumatizado e nunca mais se recuperar",
complementou Muricy, que teve como última estrela recente
da base o zagueiro Breno, vendido ao Bayern de Munique
(ALE) por US$18 milhões (cerca de R$ 32 milhões).
Outro exemplo de jovem da
base é o volante Hernanes.
Considerado um dos melhores
do país em sua posição, o atleta
passou a temporada de 2006 no
Santo André para ganhar experiência. Depois, ainda excursionou com o time B antes de chegar ao profissional.
Ao lado de Rogério Ceni, dos
anos 90, são os representantes
da base no time de hoje. No
Santos, Tiago Luís e Carleto devem ser titulares.
Com um elenco pequeno,
Muricy precisou usar dois meninos da base para completar o
time contra o São Caetano. Mas
o zagueiro Aislan e o atacante
Arlon só compuseram o banco
de reservas. Hoje, nem isso.
Já o meia Sérgio Motta segue
de férias com o elenco da Copa
São Paulo. Ele só jogou poucas
partidas, no final de 2007.
Outra diferença está em relação aos contratos dos jovens.
No Santos, os processos de renovação de Tiago Luís e Alemão começaram quando estavam prestes a estrear no profissional. Houve polêmicas e uma
acusação de contrato de gaveta.
O clube do litoral renovou oito contratos em janeiro. Há até
o caso do meia Paulo Henrique,
que assinou um acordo, rescindiu e deve assinar um novo-
tudo em menos de dois meses.
No São Paulo, a praxe é que,
antes do profissional, os jogadores já tenham contratos, na
maioria das vezes longos. Há a
preocupação de estendê-los até
antes da Copa São Paulo.0
(JULYANA TRAVAGLIA E RODRIGO MATTOS)
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