São Paulo, domingo, 10 de fevereiro de 2008

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São Paulo protege jovens, e Santos os atira para as feras

Sem grandes reforços, santistas apelam para revelações, enquanto crias do rival têm trilha longa até o profissional

Para Muricy, lançar jovem de forma precoce pode queimar um bom jogador; Leão pede paciência com atletas recém-promovidos

DA REPORTAGEM LOCAL
DO ENVIADO ESPECIAL A SANTOS

Alemão, Tiago Luís, Anderson Salles e Carleto são nomes que têm aparecido com freqüência nas fichas das escalações do Santos. Arlon, Aislan e Sérgio Motta ainda transitam entre os CTs da Barra Funda e de Cotia, sem passagens longas pelo gramado do Morumbi.
Por isso, as pratas da casa de São Paulo e Santos não se encontrarão hoje, às 16h, quando os times fazem o terceiro clássico do Campeonato Paulista.
Praticamente só haverá meninos da Vila em campo, fato que reflete a diferença de tratamento do clubes com as revelações de suas categorias de base.
Como em 2002, quando lançou a famosa dupla Robinho e Diego entre outras revelações, Emerson Leão usa mais uma vez a garotada para montar sua equipe. O motivo, o mesmo: falta de condições financeiras para grandes contratações.
Só no último mês, oito garotos oriundos das categorias de base e que se destacaram na Copa São Paulo de juniores foram promovidos para a equipe profissional. Desses, apenas dois (Patrik e Paulo Henrique) ainda não estrearam no time.
"O Santos tem mais jogadores formados na base. O São Paulo tem poucos porque contrata mais. Para um atleta é mais fácil corresponder com a equipe montada", analisou o técnico santista, Emerson Leão, que defendeu que sejam moderadas as cobranças sobre as revelações santistas.
Já no São Paulo, Muricy Ramalho não mostra muita pressa em lançar garotos de Cotia.
"Aqui, a gente trabalha com a razão e não com a emoção. Já vi muito garoto de talento ficar pelo meio do caminho porque foi mal lançado, irresponsavelmente", disse o são-paulino.
"Isso eu não faço. Se acontece alguma coisa, e o time perde, o jovem pode ficar traumatizado e nunca mais se recuperar", complementou Muricy, que teve como última estrela recente da base o zagueiro Breno, vendido ao Bayern de Munique (ALE) por US$18 milhões (cerca de R$ 32 milhões).
Outro exemplo de jovem da base é o volante Hernanes. Considerado um dos melhores do país em sua posição, o atleta passou a temporada de 2006 no Santo André para ganhar experiência. Depois, ainda excursionou com o time B antes de chegar ao profissional.
Ao lado de Rogério Ceni, dos anos 90, são os representantes da base no time de hoje. No Santos, Tiago Luís e Carleto devem ser titulares.
Com um elenco pequeno, Muricy precisou usar dois meninos da base para completar o time contra o São Caetano. Mas o zagueiro Aislan e o atacante Arlon só compuseram o banco de reservas. Hoje, nem isso.
Já o meia Sérgio Motta segue de férias com o elenco da Copa São Paulo. Ele só jogou poucas partidas, no final de 2007.
Outra diferença está em relação aos contratos dos jovens. No Santos, os processos de renovação de Tiago Luís e Alemão começaram quando estavam prestes a estrear no profissional. Houve polêmicas e uma acusação de contrato de gaveta.
O clube do litoral renovou oito contratos em janeiro. Há até o caso do meia Paulo Henrique, que assinou um acordo, rescindiu e deve assinar um novo- tudo em menos de dois meses.
No São Paulo, a praxe é que, antes do profissional, os jogadores já tenham contratos, na maioria das vezes longos. Há a preocupação de estendê-los até antes da Copa São Paulo.0 (JULYANA TRAVAGLIA E RODRIGO MATTOS)


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