São Paulo, domingo, 10 de fevereiro de 2008

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Ex-empacotador sonha bater mestre na água

Albert Carvalho é um dos novatos em seletiva no RJ

FABIO GRIJÓ
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Albert Carvalho, 18, nem sabe o que responder diante da possibilidade de se tornar uma zebra e tirar do favorito Ricardo Winicki, o Bimba, a vaga olímpica na classe RS:X nos Jogos Olímpicos de Pequim.
O novato esboça um sorriso e fala: "Tomara que dê certo".
Na seletiva da vela, que começaria ontem no Rio, o número de "aprendizes" é considerável, dando indício de que a delegação nacional poderá chegar bem renovada à Olimpíada.
Alguns nem tão inexperientes tentam aproveitar a chance de herdar o posto de outros donos antigos. É o caso de Bruno Fontes, o favorito na laser sem Robert Scheidt, bicampeão olímpico nessa classe.
Com o ex-rival, ser titular era quase impossível. No Pré-Pan, no ano passado, Fontes acabou atrás de Scheidt, que, naquela ocasião, já se dedicava à star.
Albert se diz ciente de que superar o favorito é pouco provável. Aluno da escolinha do agora adversário, em Búzios (RJ), ele conta com a ajuda do próprio Bimba, de quem recebeu quilha e duas velas para competir no evento no Rio.
"Ele [Bimba] me viu velejando e me chamou para treinar com ele. Não acreditei. Na segunda vez, levei a sério e fui", conta Albert, que divide os treinos com o trabalho.
Antes, ele chegou a ganhar dinheiro consertando bicicletas ou empacotando jornais. Hoje, virou instrutor de vela.
A baía de Guanabara serve também para treinos de quem já está classificado para Pequim e até para "espionagem" de competidores estrangeiros.
"Tem um mexicano e um espanhol aqui na água. Ainda virá um israelense e talvez um britânico", diz Bimba, citando velejadores de sua classe que optam pela prática no Rio.
Os ventos da baía são tidos como fracos, da mesma forma que os de Qingdao, que abrigará a disputa olímpica da vela.
Dos brasileiros, André Fonseca e Rodrigo Duarte aproveitam a movimentação da seletiva nacional para treinar. Os dois obtiveram a vaga na 49er no Mundial da categoria.
"Temos a vaga, mas há muito trabalho pela frente. Vou torcer pelos amigos e treinar ao mesmo tempo", diz Fonseca, sexto em Atenas-2004 com Duarte.
No Rio, serão disputadas, pelo menos, 11 regatas em cada classe até o dia 15. Se as condições climáticas impedirem a realização das provas, o evento será prolongado até que o número mínimo de disputas seja alcançado. No máximo, serão realizadas 14 regatas.
Além da 49er, o Brasil tem definidos os representantes na 470. Fábio Pillar e Samuel Albrecht também se garantiram em Pequim no Mundial da classe, disputado neste ano.
Tornado e laser radial (feminina) ainda terão a oportunidade de pôr iatistas brasileiros na Olimpíada. A definição será nos Mundiais, com Bruno Di Bernardi e Mário Tinoco, na tornado, e Adriana Kostiw, na laser radial. Os torneios serão realizados neste mês e em março.


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