|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cuba vislumbra queda pós-Fidel
Dirigente diz que país se contentará em Pequim com posição inferior ao 11º lugar de Atenas-2004
Segundo presidente do comitê olímpico, sistema esportivo sofre reforma, mas pensamento de líder comunista ainda é influente
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Três semanas após a renúncia de Fidel Castro, Cuba já
convive com expectativa de
queda no quadro de medalhas
na Olimpíada de Pequim.
Segundo José Ramón Fernández, presidente do Comitê
Olímpico Cubano, o país irá se
contentar com posição abaixo
da obtida em Atenas-2004.
"Cuba aspira manter-se no
mesmo nível dos Jogos, ou seja,
entre os 12 primeiros lugares
no quadro de medalhas", afirmou à Folha o dirigente.
Há quatro anos, na Grécia, a
delegação caribenha ficou em
11º lugar, duas posições abaixo
da obtida em Sydney-2000.
Parece muito para uma ilha
de espaço exíguo -caberiam
quase 77 Cubas no território
brasileiro-, mas pouco para
um país que se acostumou a
freqüentar o pódio olímpico.
O país já foi o quarto colocado na classificação dos Jogos
de Moscou-1980, posição facilitada pelo boicote de várias
potências, incluindo os EUA.
No entanto, em Barcelona-1992, com todas as delegações,
os cubanos terminaram em
uma honrosa quinta posição.
Fernández avalia como muito boa a situação do esporte local herdada da era Fidel -o líder cubano ascendeu ao poder
há quase 50 anos. No entanto,
tal estrutura passa por um processo de revisão e recuperação.
E agora, a ilha não tem mais Fidel como principal governante.
"Existe um desenvolvimento
importante, de maneira integral, com a reestruturação de
todo o sistema de esporte de alto rendimento, que foi remodelado ou está em processo de remodelação, tanto de suas entidades básicas como dos locais
de treinamento", disse o presidente do comitê olímpico local.
É o caso do boxe, esporte
olímpico cubano por excelência. Em Atenas, os pugilistas da
ilha foram responsáveis por
cinco dos nove ouros do país.
Em Pequim, por várias razões,
que vão de deserções a aposentadorias, passando por suspensões, nenhum dos campeões
olímpicos estará no ringue.
Agora, com delegação renovada e sem vaga assegurada na
China, os atletas disputarão os
Pré-Olímpicos continentais,
neste mês e no próximo.
Mas o boxe não é aposta única de Cuba. Com recursos limitados -o valor do orçamento
do comitê não é divulgado-, o
país mantém estratégia de valorizar esportes individuais
que geram mais medalhas.
"Como dado adicional, posso
afirmar que entre cinco esportes são repartidos 48,6% dos títulos postos em disputa na
Olimpíada", disse Fernández.
O país espera medalha só em
beisebol e vôlei feminino, nos
esportes coletivos. Nos individuais, há possibilidades, além
do boxe, em atletismo, canoagem, ciclismo, saltos ornamentais, judô, levantamento de peso, lutas e taekwondo.
E, apesar da ausência de Fidel, o ex-presidente ainda é figura de destaque no comitê.
"Sempre estará presente o
pensamento de Fidel, seus ensinamentos e seu exemplo, que
sem dúvida têm sido o principal artífice do desenvolvimento do esporte em nosso país",
afirmou o comandante do comitê olímpico do país.
Texto Anterior: Entrevista: Artilheiro vê "tranqüilidade" para finalizar Próximo Texto: Ilha aposta na massificação via escolas Índice
|