São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2008

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SONINHA

Pintou um time bom

Com razões para pessimismo no começo da partida, o palmeirense terminou o domingo otimista, com razão

DEVE TER havido algum palmeirense que desligou a TV pouco depois das 16h e foi ao cinema, ao parque, à casa da sogra. Depois de um bom começo, com várias chances criadas apesar do gramado ruim e da marcação forte, o Palmeiras perdia por 2 a 0, e Marcos ia para o chuveiro.
Os jogadores que continuavam em campo, irritadíssimos, dificilmente conseguiriam apresentar um bom futebol. Quando parecia que o alviverde estava tomando jeito na temporada, especialmente depois da vitória sobre o Corinthians, um desastre se anunciava na tarde de domingo. Era melhor nem olhar.
Para ver como é arriscado fazer prognósticos... Se com o jogo em andamento pode haver tantas surpresas, imagine a margem de erro ao se prever o desempenho de uma equipe na antevéspera da partida, ou antes do início do campeonato!
O Palmeiras foi salvo, ainda no primeiro tempo, pela competência de dois jogadores que, além de Valdivia, têm feito a diferença: o recém-chegado Kléber e Diego Souza. O primeiro foi o autor de belíssimo toque para o segundo fazer o gol que deu novo alento ao time. Na seqüência, Pierre, protetor dos sonhos de toda zaga, arriscou um chute de longe, sob desconfiança da torcida ("você não, Pierre!", reclamaram aflitos os palmeirenses ao meu lado), mas na rebatida do goleiro o xodó camisa 10 fez o segundo.
Quem diria... Com o placar igualado e novamente superior em número, o Palmeiras vinha para o segundo tempo com boas condições de voltar para casa feliz, e assim foi. Houve bons momentos de vários jogadores, além dos destacados acima: Leandro, Denílson, Lenny... Atentos, inspirados e eficazes, os seis tramaram boas jogadas, enxergando ou criando oportunidades, ajudando os companheiros, aproveitando as chances que tiveram.
E houve transpiração também: a corrida de Valdivia para alcançar o lançamento de Diego, já na segunda metade do segundo tempo, foi tão bacana quanto o passe tranqüilo e consciente para o gol de Denílson.
Na defesa, ao contrário do que aconteceu no Morumbi, o alviverde foi mal. O primeiro gol do Bragantino, do ponto de vista do Palmeiras, foi patético. Paulinho entrou pelo meio da área como quis.
Os marcadores fizeram faltas bobas e tomaram cartões desnecessários. Com um a menos e abatido, o anfitrião chegou a ameaçar! E se o time em movimento tem sido interessante, a bola parada é de exasperar: desperdiçam-se escanteios com cobranças curtas e infrutíferas, e a saída de Caio deixou uma vaga para um cobrador de faltas que seja verdadeiramente temível para o adversário.
Mas o balanço final, evidentemente, é bom. As principais aquisições têm se mostrado acertadas e quem já estava no clube tem jogado melhor que no ano passado.
O talento individual vem encontrando espaço e o jogo coletivo vai fluindo bem. Parece que Luxemburgo não perdeu a mão, afinal... Mas tenho certeza que não são os discursos de incentivo dentro do ônibus que fazem a real diferença, e sim o velho olho clínico e os treinamentos.
"Pintou o campeão", diria um palmeirense otimista e gozador. Ainda não é o caso. Mas pintou um time bom, e isso não é pouco.


soninha.folha@uol.com.br

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