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SONINHA
Pintou um time bom
Com razões para pessimismo no começo da partida, o palmeirense terminou o domingo otimista, com razão
DEVE TER havido algum palmeirense que desligou a TV
pouco depois das 16h e foi ao
cinema, ao parque, à casa da sogra.
Depois de um bom começo, com várias chances criadas apesar do gramado ruim e da marcação forte, o
Palmeiras perdia por 2 a 0, e Marcos
ia para o chuveiro.
Os jogadores que continuavam
em campo, irritadíssimos, dificilmente conseguiriam apresentar um
bom futebol. Quando parecia que o
alviverde estava tomando jeito na
temporada, especialmente depois
da vitória sobre o Corinthians, um
desastre se anunciava na tarde de
domingo. Era melhor nem olhar.
Para ver como é arriscado fazer
prognósticos... Se com o jogo em andamento pode haver tantas surpresas, imagine a margem de erro ao se
prever o desempenho de uma equipe na antevéspera da partida, ou antes do início do campeonato!
O Palmeiras foi salvo, ainda no
primeiro tempo, pela competência
de dois jogadores que, além de Valdivia, têm feito a diferença: o recém-chegado Kléber e Diego Souza.
O primeiro foi o autor de belíssimo toque para o segundo fazer o gol
que deu novo alento ao time. Na seqüência, Pierre, protetor dos sonhos
de toda zaga, arriscou um chute de
longe, sob desconfiança da torcida
("você não, Pierre!", reclamaram
aflitos os palmeirenses ao meu lado), mas na rebatida do goleiro o xodó camisa 10 fez o segundo.
Quem diria... Com o placar igualado e novamente superior em número, o Palmeiras vinha para o segundo
tempo com boas condições de voltar
para casa feliz, e assim foi. Houve
bons momentos de vários jogadores,
além dos destacados acima: Leandro, Denílson, Lenny... Atentos, inspirados e eficazes, os seis tramaram
boas jogadas, enxergando ou criando oportunidades, ajudando os
companheiros, aproveitando as
chances que tiveram.
E houve transpiração também: a
corrida de Valdivia para alcançar o
lançamento de Diego, já na segunda
metade do segundo tempo, foi tão
bacana quanto o passe tranqüilo e
consciente para o gol de Denílson.
Na defesa, ao contrário do que
aconteceu no Morumbi, o alviverde
foi mal. O primeiro gol do Bragantino, do ponto de vista do Palmeiras,
foi patético. Paulinho entrou pelo
meio da área como quis.
Os marcadores fizeram faltas bobas e tomaram cartões desnecessários. Com um a menos e abatido, o
anfitrião chegou a ameaçar! E se o time em movimento tem sido interessante, a bola parada é de exasperar:
desperdiçam-se escanteios com cobranças curtas e infrutíferas, e a saída de Caio deixou uma vaga para um
cobrador de faltas que seja verdadeiramente temível para o adversário.
Mas o balanço final, evidentemente, é bom. As principais aquisições
têm se mostrado acertadas e quem
já estava no clube tem jogado melhor que no ano passado.
O talento individual vem encontrando espaço e o jogo coletivo vai
fluindo bem. Parece que Luxemburgo não perdeu a mão, afinal... Mas tenho certeza que não são os discursos
de incentivo dentro do ônibus que
fazem a real diferença, e sim o velho
olho clínico e os treinamentos.
"Pintou o campeão", diria um palmeirense otimista e gozador. Ainda
não é o caso. Mas pintou um time
bom, e isso não é pouco.
soninha.folha@uol.com.br
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