São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2008

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Brasil tenta aproveitar ocaso dos cubanos

Equipes disputam pré-olímpico de boxe; caribenhos tornam-se incógnitas

País de Fidel compete sem nenhum campeão olímpico ou mundial; brasileiros somam vitórias recentes sobre os antigos poderosos

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais do que distribuir vagas em Pequim, o segundo pré-olímpico das Américas de boxe amador, que tem início hoje, em Trinidad e Tobago, servirá como parâmetro para medir o poderio da desfigurada Cuba, que sofreu derrotas recentes nas mãos de brasileiros.
Para o Brasil, é a chance de aproveitar a incerteza que cerca um adversário que perdeu suas principais peças com deserções -ou tentativas de abandonar a ilha.
Brasileiros retornaram da República Dominicana, na Copa Independência, no mês passado, com vitórias sobre representantes de Cuba, feito, se não impossível, incomum.
Na categoria pena (até 57 kg), Robson Conceição derrotou na decisão do ouro Ivan Oñate por 8 a 6. Logo em seu primeiro combate, o mosca-ligeiro (até 48 kg) Paulo Carvalho venceu por 15 a 11 o cubano Yampier Hernandez, que agora dará lugar a Iran Perez.
""Não é só entre os moscas que os cubanos quebram a cabeça para definir a equipe. O mesmo ocorre em outras categorias de peso", disse o presidente da confederação brasileira, Luiz Claudio Boselli.
Melhor para os outros países, incluído aí o Brasil. ""Entre os galos [até 54 kg], por exemplo, as chances são muito maiores porque o Rigondeaux não está competindo. Com ele no torneio seria muito mais difícil", diz Luís Carlos Dórea, um dos técnicos da seleção brasileira, citando Guillermo Rigondeaux, que tentou desertar durante o Pan do Rio, no ano passado.
James Dean Pereira, o representante brasileiro na categoria, concorda. ""Devo pegar o Yanquiel Leon, que é muito bom. Mas não é um fenômeno como Rigondeaux", aponta.
""De toda forma, em cada categoria, Cuba tem 10, 15 lutadores que participaram de campeonatos juvenis, que rodaram o mundo. É como o futebol no Brasil. Você perde um ídolo que vai jogar no exterior e daí a pouco surgem outros", diz Boselli.
Este será a primeiro torneio de relevância que a seleção cubana disputa após a tentativa de deserção no Pan de Rigondeaux e Erislandy Lara.
Três outros cubanos campeões olímpicos já haviam abandonado a delegação durante treino na Venezuela no final de 2006 para se converter em pugilistas profissionais: Yan Barthelemy, Yuriorkis Gamboa e Odlanier Solis.
Pedro Roque, treinador da outrora imbatível esquadra cubana, procura disfarçar com piadinhas a nova realidade.
""Trouxe só um "velho" para cá", brincou com técnicos de outros países durante a Copa Independência. ""Peter" Roque se referia ao único veterano de seu time, o peso-mosca (até 51 kg) Andy Lafitta, de 29 anos.
Apostas quase certas para medalhas olímpicas são parcas. João Carlos Barros, treinador da seleção olímpica brasileira, aponta apenas um cubano, Emilio Correa (até 75 kg).
""Esse classificatório olímpico será o fiel da balança para descobrir como está Cuba", explica Boselli.
Sem campeões olímpicos ou mundiais, o destaque cubano para Trinidad e Tobago fica por conta do ex-campeão mundial dos 60 kg Yordenis Ugas.


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