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Brasil tenta aproveitar ocaso dos cubanos
Equipes disputam pré-olímpico de boxe; caribenhos tornam-se incógnitas
País de Fidel compete sem nenhum campeão olímpico
ou mundial; brasileiros somam vitórias recentes
sobre os antigos poderosos
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais do que distribuir vagas
em Pequim, o segundo pré-olímpico das Américas de boxe
amador, que tem início hoje,
em Trinidad e Tobago, servirá
como parâmetro para medir o
poderio da desfigurada Cuba,
que sofreu derrotas recentes
nas mãos de brasileiros.
Para o Brasil, é a chance de
aproveitar a incerteza que cerca um adversário que perdeu
suas principais peças com deserções -ou tentativas de
abandonar a ilha.
Brasileiros retornaram da
República Dominicana, na Copa Independência, no mês passado, com vitórias sobre representantes de Cuba, feito, se não
impossível, incomum.
Na categoria pena (até 57 kg),
Robson Conceição derrotou na
decisão do ouro Ivan Oñate por
8 a 6. Logo em seu primeiro
combate, o mosca-ligeiro (até
48 kg) Paulo Carvalho venceu
por 15 a 11 o cubano Yampier
Hernandez, que agora dará lugar a Iran Perez.
""Não é só entre os moscas
que os cubanos quebram a cabeça para definir a equipe. O
mesmo ocorre em outras categorias de peso", disse o presidente da confederação brasileira, Luiz Claudio Boselli.
Melhor para os outros países,
incluído aí o Brasil. ""Entre os
galos [até 54 kg], por exemplo,
as chances são muito maiores
porque o Rigondeaux não está
competindo. Com ele no torneio seria muito mais difícil",
diz Luís Carlos Dórea, um dos
técnicos da seleção brasileira,
citando Guillermo Rigondeaux,
que tentou desertar durante o
Pan do Rio, no ano passado.
James Dean Pereira, o representante brasileiro na categoria, concorda. ""Devo pegar o
Yanquiel Leon, que é muito
bom. Mas não é um fenômeno
como Rigondeaux", aponta.
""De toda forma, em cada categoria, Cuba tem 10, 15 lutadores que participaram de campeonatos juvenis, que rodaram
o mundo. É como o futebol no
Brasil. Você perde um ídolo que
vai jogar no exterior e daí a pouco surgem outros", diz Boselli.
Este será a primeiro torneio
de relevância que a seleção cubana disputa após a tentativa
de deserção no Pan de Rigondeaux e Erislandy Lara.
Três outros cubanos campeões olímpicos já haviam
abandonado a delegação durante treino na Venezuela no final de 2006 para se converter
em pugilistas profissionais:
Yan Barthelemy, Yuriorkis
Gamboa e Odlanier Solis.
Pedro Roque, treinador da
outrora imbatível esquadra cubana, procura disfarçar com
piadinhas a nova realidade.
""Trouxe só um "velho" para
cá", brincou com técnicos de
outros países durante a Copa
Independência. ""Peter" Roque
se referia ao único veterano de
seu time, o peso-mosca (até 51
kg) Andy Lafitta, de 29 anos.
Apostas quase certas para
medalhas olímpicas são parcas.
João Carlos Barros, treinador
da seleção olímpica brasileira,
aponta apenas um cubano,
Emilio Correa (até 75 kg).
""Esse classificatório olímpico será o fiel da balança para
descobrir como está Cuba", explica Boselli.
Sem campeões olímpicos ou
mundiais, o destaque cubano
para Trinidad e Tobago fica por
conta do ex-campeão mundial
dos 60 kg Yordenis Ugas.
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