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FUTEBOL
E a história se repete!
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
O que é do homem o bicho
não come.
E a história se repete. Mas como
festa. Belas e justas festas.
Festas alvinegras na Vila Belmiro e no Maracanã.
Bem que, na Vila, a Lusa tentou
dificultar o 16º título paulista do
Santos ao explorar o nervosismo
inicial de quem estava há 21 anos
na fila, um ano a menos, apenas,
do célebre jejum do arqui-rival
Corinthians. Não está mais.
Porque, a exemplo do que acontecia nos anos 60, o Santos não
deu bola, convencido de que agora quem dá bola é o Santos.
E partiu para cima da Lusa para liquidar a partida no primeiro
tempo, com dois gols.
Aqui, permissão para uma lembrança bem antiga.
Dos gols marcados contra na
história do futebol, um dos mais
espetaculares foi feito pelo lateral-direito santista, Ismael, na decisão do Campeonato Paulista de
1964, na mesma Vila, diante da
mesma Portuguesa. O Santos ganhava por 2 a 1 e Ismael empatou,
contra, de peixinho, sensacional.
Desta vez, outro lateral, mas o
esquerdo da Lusa, Leonardo,
marcou o segundo gol santista.
Nos anos 60, o Santos foi nada
menos que oito vezes campeão estadual. Eram tempos de Pelé.
E em 1961-62-67 e 68, Santos e
Botafogo comemoram juntos em
São Paulo e no Rio.
Como agora, neste começo de
2006. Não, não se fará aqui nenhuma comparação. Deixemos
Pelés e Manés um pouco de lado
para festejar quem merece ser
aclamado nesta feliz repetição da
história, que nada tem de farsa.
Quem sabe valha lembrar que,
em 1962, quando tanto o Santos
quanto o Botafogo foram bicampeões, também a seleção brasileira foi bi, no Chile, como pode ser
bi (e hexa) na Alemanha.
Fato é que ninguém apostava
nem no Santos nem no Botafogo
quando os estaduais começaram.
São Paulo, Corinthians e Fluminense eram os favoritos.
E se o Botafogo deixou a desejar
na Taça Rio, o Santos quase nunca decepcionou. E também não é
hora de lembrar aqui das quatro
derrotas, quando há 14 vitórias
para serem relembradas.
Com um detalhe adicional, a
favor do Santos: se o Botafogo
precisará se reforçar muito para
fazer campanha aceitável no Brasileiro, o time de Vanderlei Luxemburgo necessitará de bem
menos para ser candidato ao tri.
E, como bem lembrou ontem o
nosso Tostão, a simples evocação
desses dois nomes, Santos e Botafogo, remete os amantes do futebol ao que já houve de melhor
neste esporte tão apaixonante
que, às vezes, não dá espaço para
zebras como seriam Lusa e Madureira, que não tinham mesmo
que estragar duas festas justas.
Embora o instrumento esteja
meio desmoralizado, se Parreira
insistir em convocar para a lateral-esquerda o jogador que tem
convocado -apesar do que têm
jogado-, Serginho, que já declarou que desta vez topa voltar à seleção, e Júnior, do São Paulo, não
será o caso de convocar, também,
uma "CPI do Gustavo Nery"?
Promiscuidade
O petista Mauro Marques, vice-presidente da Federação Paulista de Futebol, é um dos articuladores das boas relações da
CBF com o governo Lula, como
mais uma vez ficou demonstrado em reportagem desta Folha
publicada na última sexta-feira.
Marques é também diretor da
Companhia Docas do Estado
de São Paulo e no último dia 9
de março foi considerado persona non grata pela Câmara
dos Vereadores de Santos, tantas são as denúncias de irregularidades por ele praticadas à
frente da companhia. Mais:
Marques tem como um de seus
assessores na Codesp, estatal
que administra o porto de Santos, o senhor Marco Polo del
Nero Filho, cujo pai, como se
sabe, preside a FPF. Como se
vê, tudo boa gente. E são sempre os mesmos.
E-mail: blogdojuca@uol.com.br
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