São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 2006

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FUTEBOL

E a história se repete!

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

O que é do homem o bicho não come.
E a história se repete. Mas como festa. Belas e justas festas.
Festas alvinegras na Vila Belmiro e no Maracanã.
Bem que, na Vila, a Lusa tentou dificultar o 16º título paulista do Santos ao explorar o nervosismo inicial de quem estava há 21 anos na fila, um ano a menos, apenas, do célebre jejum do arqui-rival Corinthians. Não está mais.
Porque, a exemplo do que acontecia nos anos 60, o Santos não deu bola, convencido de que agora quem dá bola é o Santos.
E partiu para cima da Lusa para liquidar a partida no primeiro tempo, com dois gols.
Aqui, permissão para uma lembrança bem antiga.
Dos gols marcados contra na história do futebol, um dos mais espetaculares foi feito pelo lateral-direito santista, Ismael, na decisão do Campeonato Paulista de 1964, na mesma Vila, diante da mesma Portuguesa. O Santos ganhava por 2 a 1 e Ismael empatou, contra, de peixinho, sensacional.
Desta vez, outro lateral, mas o esquerdo da Lusa, Leonardo, marcou o segundo gol santista.
Nos anos 60, o Santos foi nada menos que oito vezes campeão estadual. Eram tempos de Pelé.
E em 1961-62-67 e 68, Santos e Botafogo comemoram juntos em São Paulo e no Rio.
Como agora, neste começo de 2006. Não, não se fará aqui nenhuma comparação. Deixemos Pelés e Manés um pouco de lado para festejar quem merece ser aclamado nesta feliz repetição da história, que nada tem de farsa.
Quem sabe valha lembrar que, em 1962, quando tanto o Santos quanto o Botafogo foram bicampeões, também a seleção brasileira foi bi, no Chile, como pode ser bi (e hexa) na Alemanha.
Fato é que ninguém apostava nem no Santos nem no Botafogo quando os estaduais começaram. São Paulo, Corinthians e Fluminense eram os favoritos.
E se o Botafogo deixou a desejar na Taça Rio, o Santos quase nunca decepcionou. E também não é hora de lembrar aqui das quatro derrotas, quando há 14 vitórias para serem relembradas.
Com um detalhe adicional, a favor do Santos: se o Botafogo precisará se reforçar muito para fazer campanha aceitável no Brasileiro, o time de Vanderlei Luxemburgo necessitará de bem menos para ser candidato ao tri.
E, como bem lembrou ontem o nosso Tostão, a simples evocação desses dois nomes, Santos e Botafogo, remete os amantes do futebol ao que já houve de melhor neste esporte tão apaixonante que, às vezes, não dá espaço para zebras como seriam Lusa e Madureira, que não tinham mesmo que estragar duas festas justas.
Embora o instrumento esteja meio desmoralizado, se Parreira insistir em convocar para a lateral-esquerda o jogador que tem convocado -apesar do que têm jogado-, Serginho, que já declarou que desta vez topa voltar à seleção, e Júnior, do São Paulo, não será o caso de convocar, também, uma "CPI do Gustavo Nery"?

Promiscuidade
O petista Mauro Marques, vice-presidente da Federação Paulista de Futebol, é um dos articuladores das boas relações da CBF com o governo Lula, como mais uma vez ficou demonstrado em reportagem desta Folha publicada na última sexta-feira. Marques é também diretor da Companhia Docas do Estado de São Paulo e no último dia 9 de março foi considerado persona non grata pela Câmara dos Vereadores de Santos, tantas são as denúncias de irregularidades por ele praticadas à frente da companhia. Mais: Marques tem como um de seus assessores na Codesp, estatal que administra o porto de Santos, o senhor Marco Polo del Nero Filho, cujo pai, como se sabe, preside a FPF. Como se vê, tudo boa gente. E são sempre os mesmos.

E-mail: blogdojuca@uol.com.br


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