São Paulo, domingo, 10 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Muricy ontem

Dez anos após sair da Portuguesa Santista , técnico estreia no comando do Santos em realidade distinta da que viveu no primo pobre do litoral

LEONARDO LOURENÇO
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS

Hoje à noite, contra o Americana, no interior, Muricy Ramalho, 55, estreia como treinador do Santos. Esta, porém, não será sua primeira vez em um time de Santos.
Por um ano e meio, o técnico dirigiu a Portuguesa Santista. Chegou para o Paulista de 2000 e deixou o clube em abril do ano seguinte, após sofrer uma goleada de 5 a 0 para a Matonense.
Desde então, os caminhos de Muricy e da Portuguesa Santista se distanciaram. Houve só um reencontro, em 2006, como rivais. Goleada do São Paulo, dirigido pelo técnico, por 5 a 0, em Santos.
Muricy, ao sair da "Briosa", acertou com o Náutico, foi bicampeão pernambucano e deu início a uma das mais vitoriosas carreiras do futebol brasileiro.
Já a Santista ainda se manteve na elite paulista por alguns anos -chegou até às semifinais em 2003-, mas iniciou uma derrocada que a colocou, hoje, na quarta e última divisão do Estadual.
Em Ulrico Mursa, as mudanças nestes últimos dez anos são sentidas pelo único funcionário da época de Muricy que ainda dá expediente no acanhado e abandonado estádio do time do litoral. "Só sobrou eu", afirmou o roupeiro Elí Reinaldo da Silva.
"Ele foi um grande treinador, me respeitou muito", disse ele, na sala apertada e com cheiro de mofo que ocupa há duas décadas sob as arquibancadas do estádio.
"Muricy era um cara simples, bacana. Foi aqui que começou a correria dele", disse o roupeiro, orgulhoso.
Foi ali, também, lembra Silva, que Muricy iniciou a parceria que mantém até hoje com seu mais fiel escudeiro, o auxiliar-técnico Tata.
Como superintendente da empresa que arrendou o futebol da Santista em 2000, Tata convidou o técnico para dirigir o time no Paulista.
"Eu fazia todo o trabalho fora de campo, e ele, dentro", afirmou o auxiliar, hoje com Muricy no Santos.
"Era muito difícil trabalhar lá", disse. "O time não tinha estrutura. Às vezes, tínhamos que treinar no estacionamento", disse o companheiro, que esteve ao lado de Muricy nos quatro Brasileiros vencidos pelo técnico.
"A Federação Paulista de Futebol exigia demais dos gramados. Para preservá-lo, a gente ia treinar no Guarujá e até no salão de festas do clube. Ainda tinha que ter cuidado para não chutar a bola nas lâmpadas", declarou Arizinho, supervisor da Portuguesa à época.
Hoje ele treina o São Vicente, adversário na estreia da Santista na quarta divisão, no dia 1º de maio.
Apesar da deficiência na estrutura, a parceria que o clube mantinha com um empresário da cidade permitiu que Muricy tivesse sob seu comando jogadores de certo destaque, como o volante Capitão, ex-São Paulo, e o meia Jorginho, que o antecedeu, como interino, no banco do Palmeiras, em 2009.
"Ele teve o maior orçamento da história da Santista", disse Arizinho, que estima que o clube gastava R$ 700 mil mensais - ainda assim uma fração dos cerca de R$ 4 milhões que o Muricy de hoje tem à disposição no Santos.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.