São Paulo, domingo, 10 de abril de 2011

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TOSTÃO

O silêncio incomoda


Na transmissão de jogos na TV, fala-se e grita-se demais. Não há um instante de silêncio


COMO TRABALHO em casa e assisto a um grande número de jogos e programas esportivos, alguns porque gosto e outros para me manter atualizado, vejo ainda muitos noticiários gerais, filmes, programas culturais e também, por curiosidade, muitas porcarias. Estou viciado em televisão, péssimo vício.
Não suporto mais ver tantas tragédias, crimes, violências, falcatruas e tantas politicagens para a realização da Copa de 2014.
Estou sem paciência para assistir a tantas partidas tumultuadas no Brasil, consequência do estilo de jogar, da tolerância com a violência e do ambiente bélico em que se transformou o futebol, dentro e fora de campo.
Na transmissão das partidas, fala-se e grita-se demais. Não há um único instante de silêncio, nenhuma pausa. O barulho é cada dia maior no futebol, nas ruas, nos bares, nos restaurantes e em quase todos os ambientes. O silêncio incomoda as pessoas.
É óbvio que informações e estatísticas são importantíssimas. Mas exageram. Fala-se muito, mesmo com a bola rolando. Impressiona-me como se formam conceitos, dão opiniões, baseados em estatísticas que têm pouca ou nenhuma importância.
Na partida entre Escócia e Brasil, um repórter da TV Globo deu a "grande notícia", que Neymar foi o primeiro jogador brasileiro a marcar dois gols contra a Escócia em uma mesma partida.
Parece haver uma disputa para saber quem dá mais informações e estatísticas, e outra, entre os narradores, para saber quem grita gol mais alto e prolongado. Se dizem que a imagem vale mais que mil palavras, porque se fala e se grita tanto?
Outra discussão chata, durante e após as partidas, é se um jogador teve a intenção de colocar a mão na bola e de fazer pênalti, e se outro teve a intenção de atingir o adversário. Com raríssimas exceções, ninguém é louco para querer fazer pênalti nem tão canalha para querer quebrar o outro jogador.
O que ocorre, com frequência, é o jogador, no impulso, sem pensar, soltar o braço na cara do outro. O impulso está à frente da consciência. Não sou também tão ingênuo para achar que todas as faltas violentas são involuntárias.
Não dá para o árbitro saber se a falta foi intencional ou não. Ele precisa julgar o fato, e não a intenção. Eles precisam ter também bom senso, o que é raro no ser humano, para separar a gravidade das faltas. Muitas parecem iguais, mas não são. Ter critério não é unificar as diferenças.


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