São Paulo, domingo, 10 de abril de 2011

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Nos EUA, site ajuda atletas a sair do armário

MÍDIA Outsports escreve sobre esportes para público gay e abre fórum de discussão

MARIANA LAJOLO
DE SÃO PAULO

Emma Delsohn tem 17 anos, é jogadora de basquete em uma escola católica nos EUA, é feminina. E lésbica.
Contar sobre sua orientação sexual para família e amigos foi difícil. Mas Emma foi além. Quis enfrentar o preconceito, tornar sua história pública e tentar ajudar outras garotas como ela.
Seu depoimento é um dos mais de cem agrupados por dois norte-americanos que buscam dar visibilidade à causa gay no meio esportivo.
Eles lançaram um site (www.outsports.com) e acabaram criando um dos únicos espaços para atletas homossexuais trocarem experiências e informações.
"Somos referência. Somos o lugar onde pessoas querem contar as histórias", afirma Jim Buzinski, um dos fundadores do site, por telefone.
Hoje, o Outsports tem 400 mil visitantes por mês. Buzinski e Cyd Zeigler, os únicos funcionários, começaram a empreitada em 1999.
Fãs de futebol americano e gays, queriam falar sobre o esporte com enfoque para homossexuais. "De repente, a gente estava falando sobre algo que ninguém mais falava", declara Buzinski.
O site tem depoimentos, matérias, fóruns de discussão, blog, galerias de fotos.
Iniciativa sem paralelo no Brasil. Eles escreveram até sobre o caso do jogador de vôlei Michael, alvo de homofobia em ginásio de Minas.
"Isso não é comum nos EUA. Os torcedores geralmente não são "organizados", torcem em grupo ou usam algo da vida pessoal do atleta para atingi-lo", diz Buzinski.
Os dois colecionam histórias de atletas que saíram do armário, pedidos de ajuda e mensagens de agradecimento. "Uma pessoa disse que virou ativista da causa gay após ler o site", diz Buzinski.
O jornalista crê que hoje é mais fácil para atletas saírem do armário quando jovens.
"As escolas lidam melhor com isso. Há muitos gays na TV, na música, no cinema. Conviver com gay é mais comum do que dez anos atrás. Há atletas homossexuais de colegial que têm seus próprios blogs sobre o assunto."
E crê que as garotas também são mais aceitas nos EUA. "O esporte é construído em cima da masculinidade. Existe o estereótipo de que a lésbica pode ser mais forte que as demais", diz Buzinski.
Já os profissionais, diz ele, têm medo de perder patrocínios e vaga nos times. "Mas acho que, no futuro, teremos atletas que não terão essa dúvida porque todos sempre souberam que eram gays."


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