São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007

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Governo admite abrir cofre para Copa

Orlando Silva Jr., ministro do Esporte, diz que União bancará obras de infra-estrutura e serviços públicos no Mundial

Presidente da CBF afirma que Estado não tem de investir em estádios, mas itens sob responsabilidade do governo são mais caros


SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de o governo federal bancar mais da metade da conta do Pan do Rio, o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., admitiu ontem abrir os cofres de novo para viabilizar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
Logo após participar do seminário promovido pelo comitê de candidatura, criado pela CBF, Silva Jr. informou que o dinheiro público vai financiar uma série de obras na "área de infra-estrutura e de serviços públicos" para o Mundial.
""Competirá ao governo federal, junto com Estados e municípios, sobretudo, investimentos nestas áreas. Estou falando de transporte, portos, aeroportos, comunicação e segurança pública. Tarefas estas típicas do Estado", afirmou o ministro, representante do maior pagador do Pan, que é em julho.
Inicialmente, o governo federal bancaria apenas 33,8% do orçamento dos Jogos, que era cinco vezes menor no início da candidatura. Hoje, já é responsável por mais da metade da conta, que subiu mais de 400% -saltou de R$ 523,8 milhões para cerca de R$ 3 bilhões.
Segundo estimativa da secretaria federal do Pan, R$ 1,43 bilhão deixarão os cofres da União para cobrir os custos do evento. A Prefeitura do Rio e o governo do Estado gastarão o restante. O ministro não informou uma estimativa de orçamento para obras governamentais caso a Fifa escolha o Brasil, em novembro, para sediar o Mundial. Na Alemanha, só o gasto com estradas foi de 4 bilhões (mais de R$ 11 bilhões), o dobro do preço dos estádios.
Segundo Silva Jr., além das obras, o governo federal também cuidará de questões referentes a ""medidas administrativas, como autorização para o trabalho de estrangeiros, direito autoral da Fifa e de ordem tributária". A entidade exige alterações nas leis brasileiras.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, confirmou ontem que precisa de apoio financeiro público para a Copa no Brasil.
""Todos os governantes estão dispensados de contribuir com a candidatura. Numa Copa, cada seleção paga sua estadia. Já os campos terão de receber investimentos privados. O único trabalho do governo será oferecer transporte público de qualidade, saúde e outras coisas", declarou ele, que também fez uma estimativa de gastos.
Sobre a participação da iniciativa privada, Teixeira disse que as empresas bancariam ""todos os grandes projetos", referindo-se à construção de novos estádios no Brasil.
No Pan, todas as arenas estão sendo construídas com dinheiro público. Erguido pela Prefeitura do Rio, o Estádio Olímpico João Havelange custará cerca de R$ 400 milhões. O preço inicial era de R$ 60 milhões.
Único candidato à Copa de 2014, o Brasil tem que entregar o caderno de encargos aos dirigentes da Fifa até 31 de julho. Na reunião de ontem, o presidente da CBF informou que aguarda até o dia 31 de maio informações de todos os governos para enviar as candidatas a sedes. No seminário de ontem, 19 Estados enviaram representantes. Mas só entre 10 e 12 receberão jogos do Mundial.
De acordo com contratos que integram o caderno de encargos, o governo brasileiro e o comitê organizador arcarão com quase todas as despesas e entregarão o controle da organização e das finanças à Fifa.
Teixeira repetiu que hoje nenhum estádio brasileiro pode receber a Copa. E não confirmou se o Morumbi e o Maracanã serão apresentados pelo país como palcos do Mundial. ""Vejo com dificuldade [os dois estádios]. Os administradores dizem que vão me apresentar projetos. Vou aguardar."


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