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Governo admite abrir cofre para Copa
Orlando Silva Jr., ministro do Esporte, diz que União bancará obras de infra-estrutura e serviços públicos no Mundial
Presidente da CBF afirma que Estado não tem de investir em estádios, mas itens sob responsabilidade do governo são mais caros
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de o governo federal
bancar mais da metade da conta do Pan do Rio, o ministro do
Esporte, Orlando Silva Jr., admitiu ontem abrir os cofres de
novo para viabilizar a Copa do
Mundo de 2014 no Brasil.
Logo após participar do seminário promovido pelo comitê de candidatura, criado pela
CBF, Silva Jr. informou que o
dinheiro público vai financiar
uma série de obras na "área de
infra-estrutura e de serviços
públicos" para o Mundial.
""Competirá ao governo federal, junto com Estados e municípios, sobretudo, investimentos nestas áreas. Estou falando
de transporte, portos, aeroportos, comunicação e segurança
pública. Tarefas estas típicas do
Estado", afirmou o ministro,
representante do maior pagador do Pan, que é em julho.
Inicialmente, o governo federal bancaria apenas 33,8% do
orçamento dos Jogos, que era
cinco vezes menor no início da
candidatura. Hoje, já é responsável por mais da metade da
conta, que subiu mais de 400%
-saltou de R$ 523,8 milhões
para cerca de R$ 3 bilhões.
Segundo estimativa da secretaria federal do Pan, R$ 1,43 bilhão deixarão os cofres da
União para cobrir os custos do
evento. A Prefeitura do Rio e o
governo do Estado gastarão o
restante. O ministro não informou uma estimativa de orçamento para obras governamentais caso a Fifa escolha o Brasil,
em novembro, para sediar o
Mundial. Na Alemanha, só o
gasto com estradas foi de 4
bilhões (mais de R$ 11 bilhões),
o dobro do preço dos estádios.
Segundo Silva Jr., além das
obras, o governo federal também cuidará de questões referentes a ""medidas administrativas, como autorização para o
trabalho de estrangeiros, direito autoral da Fifa e de ordem
tributária". A entidade exige alterações nas leis brasileiras.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, confirmou ontem
que precisa de apoio financeiro
público para a Copa no Brasil.
""Todos os governantes estão
dispensados de contribuir com
a candidatura. Numa Copa, cada seleção paga sua estadia. Já
os campos terão de receber investimentos privados. O único
trabalho do governo será oferecer transporte público de qualidade, saúde e outras coisas",
declarou ele, que também fez
uma estimativa de gastos.
Sobre a participação da iniciativa privada, Teixeira disse
que as empresas bancariam
""todos os grandes projetos",
referindo-se à construção de
novos estádios no Brasil.
No Pan, todas as arenas estão
sendo construídas com dinheiro público. Erguido pela Prefeitura do Rio, o Estádio Olímpico
João Havelange custará cerca
de R$ 400 milhões. O preço inicial era de R$ 60 milhões.
Único candidato à Copa de
2014, o Brasil tem que entregar
o caderno de encargos aos dirigentes da Fifa até 31 de julho.
Na reunião de ontem, o presidente da CBF informou que
aguarda até o dia 31 de maio informações de todos os governos para enviar as candidatas a
sedes. No seminário de ontem,
19 Estados enviaram representantes. Mas só entre 10 e 12 receberão jogos do Mundial.
De acordo com contratos que
integram o caderno de encargos, o governo brasileiro e o comitê organizador arcarão com
quase todas as despesas e entregarão o controle da organização e das finanças à Fifa.
Teixeira repetiu que hoje nenhum estádio brasileiro pode
receber a Copa. E não confirmou se o Morumbi e o Maracanã serão apresentados pelo
país como palcos do Mundial.
""Vejo com dificuldade [os dois
estádios]. Os administradores
dizem que vão me apresentar
projetos. Vou aguardar."
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