Brasileiro afirma ver norte-americano como rival e não mais como um ídolo

Nadadores se enfrentaram neste ano, e paraibano chegou a superar fenômeno nas eliminatórias dos 100 m borboleta no GP de Ohio

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Kaio Márcio passou dois meses "no exílio". Para tentar evitar os problemas que enfrentou nos Jogos de Atenas-2004, elegeu os EUA como base de treinamentos e competições contra os melhores do mundo.
O resultado pode ser visto dentro e fora da água. Kaio melhorou suas marcas e está mais confiante. Tão seguro que diz não tremer mais nem diante do maior nadador da atualidade.
"Antes, eu via o Michael Phelps como um ídolo. Não tinha marcas próximas das dele. Agora, não tenho mais o mesmo respeito de antes, o vejo como um rival", afirmou ele ontem, no Troféu Maria Lenk.
No ano passado, Kaio fez sua melhor marca nos 200 m borboleta, com 1min55s45, sétima mais veloz do temporada. Em 2008, seu melhor desempenho foi 1min56s57, no Missouri.
No GP de Ohio, o brasileiro cravou 54s11 nas eliminatórias dos 100 m borboleta. Phelps anotou 54s12, mas acabou conquistando o ouro na final.
"Os tempos me dão mais confiança. Estou melhor e mais experiente do que nos Jogos de 2004 e não carrego o mesmo nervosismo", analisou Kaio.
No Troféu Maria Lenk, o nadador mostrou boa fase. Nos 100 m borboleta, levou a medalha de ouro com 52s48, tempo melhor que os 52s86 do índice A para a Olimpíada. O nadador tem vaga nos 100 m e nos 200 m borboleta em Pequim.
"O tempo não é o meu melhor, mas gostei bastante para a época. Mostra que o caminho de treinamento está correto", declarou o paraibano.
Sua treinadora, Rosane Carneiro, também enxerga a evolução do pupilo. Antes dos Jogos da Grécia, o brasileiro não fez nenhuma competição de alto nível internacional. Na Olimpíada, a falta de "rodagem" pesou -caiu nas eliminatórias.
"Conseguimos criar esse planejamento de embate contra os melhores do mundo. Desde o Pan, em que ele conquistou bons resultados, voltou a ficar confiante", afirmou ela.
A técnica faz questão de minimizar a "vitória" de Kaio sobre Phelps. "Foi uma coincidência, não vale nada. O Phelps não forçou o ritmo, eles nadaram em séries diferentes. Foi apenas um centésimo. Na hora que valia, ele foi lá e ganhou."
Kaio integra uma "tropa de elite" criada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos para ajudar na preparação dos atletas que têm maiores chances de bons resultados.
Além dele, que nada provas de borboleta, estão na lista os velocistas César Cielo e Nicholas dos Santos, Thiago Pereira, especialista em medley, e Poliana Okimoto, classificada para a maratona aquática.
Eles discutiram programação específica com a CBDA, que incluía viagens e competições à parte do calendário da entidade. Poliana passou a integrar o grupo mais tarde e não teve o mesmo acompanhamento.