São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2004

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FUTEBOL

Corinthians, São Paulo e grandes do RJ têm projeto que ressuscita os regionais e implementa "temporada européia"

Clubes pedem à CBF que calendário mude pela 3ª vez em 3 anos

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Seis dos maiores clubes do país entregaram à CBF projeto para alterar o calendário nacional pela terceira vez em três anos.
Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo, Corinthians e São Paulo fecharam questão sobre a adaptação da temporada brasileira à européia, a volta dos regionais a partir de 2006 e a diminuição do Brasileiro para 18 clubes em 2007.
A reivindicação, que teve como porta-voz o flamenguista Marcio Braga, amplia o racha dentro do Clube dos 13. A associação fundada em 1987 não foi nem sequer informada da proposta.
"O C13, que foi fundado na minha sala, deixou de ser um instrumento de defesa dos interesses das grandes equipes para virar um mero distribuidor de recursos da TV. Não deve ser mais um instrumento político. Por isso resolvemos conversar diretamente com a CBF", argumentou Braga.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, confirma a negociação com o flamenguista, mas diz que uma decisão agora é precipitada.
"Recebi as reivindicações e fiquei de estudar. Ouvi os argumentos, mas, como a mudança é só para 2006, ainda há tempo para um debate maior", disse o cartola.
Em 2003, Teixeira defendeu um calendário de agosto a maio como solução para diminuir o êxodo de atletas no meio do Nacional. Mas até hoje não levou a idéia a cabo.
Pela proposta dos clubes, os Estaduais seriam disputados no início da temporada, no segundo semestre. Em seguida, seria ressuscitado o Rio-SP, apenas com os oito grandes (os autores do projeto mais Santos e Palmeiras). O Nacional fecharia o calendário, com 38 datas na edição de 2006/ 2007 e 34 na de 2007/2008.
"Está todo mundo quebrado. Do jeito que está, não tem como ficar, não dá para pagar as contas. Com esse novo calendário universalizado, não perderíamos meio time no meio do campeonato. Só haveria jogo nobre. Não estamos acostumados a um torneio de nove meses", declarou Braga.
Em tese, a proposta tem o apoio das maiores federações do país, a de SP e a do RJ. O ponto da discórdia é sobre quem gerenciaria o regional. "Está provado que liga não dá certo. As federações já têm um entendimento de que o Rio-SP é rentável, mas queremos organizá-lo", disse Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista.
Por trás do calendário está a chance de aumentar a arrecadação dos times na verba da Globo. Como o grupo não consegue aumentar sua participação em relação aos demais no Nacional, a saída seria criar um torneio para ratear os R$ 350 milhões que a TV injeta por temporada no futebol.
Informado pela Folha da proposta feita por seis de seus maiores filiados à CBF, o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, mostrou irritação. "Acho engraçado. Quem aprovou esse calendário, com Brasileiro de pontos corridos, são os mesmos que querem mudá-lo seis meses depois." Para ele, os colegas não têm criatividade para resolver os problemas financeiros. "A proposta não foi discutida no fórum adequado [o C13] e só trás turbulência. Agora que o mercado internacional começa a se interessar por nossos torneios, querem mudar tudo."


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