São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Mais experiente, Brasil abole líderes bons de gritaria

Atletas da seleção criticam estilo histérico de antecessores e dizem que se entendem melhor em campo batendo papo

Com o aval de Parreira, Emerson, Cafu e Roberto Carlos usam a conversa e a voz baixa para contornar os problemas do time


DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN

No Brasil de Parreira, Cafu, Emerson e Roberto Carlos, a liderança não é conseguida no grito. A começar pelo técnico.
Sem a presença de um Dunga, marcado por sua liderança nas Copas de 1994 e 1998 e que não poupava a histeria na hora de chamar a atenção dos companheiros, a atual seleção é polida para resolver problemas.
Se Parreira não usa palavrões para reclamar de seus atletas, como fazia Luiz Felipe Scolari em 2002, Cafu, o atual capitão, não tem agora um colega que solta a voz, como Roque Júnior fazia no Mundial passado.
O perfil dos líderes do time de 2006 ajuda a seleção a conviver em paz e contornar, com mais facilidade, os atritos. "Aconteceu no campo, acabou. Dentro do vestiário, tudo terminou", diz o volante Emerson, que chegou a ser capitão com Scolari, mas foi cortado.
Ao deixar o time, Cafu ganhou a faixa, mas Roque Júnior era o líder que berrava em campo. O zagueiro ficou fora da lista de Parreira.
"Acho que isso [gritos] depende do caráter. Eu tenho um modo diferente. Conversando, as pessoas vão entender melhor", explica Emerson, que elogia a conduta dos outros líderes do time. "Cafu chama, conversa, o Roberto Carlos também. Eu acho que funciona assim. Você não pode colocar um erro em evidência", avalia.
Cafu, que completou 36 anos nesta semana e disputará sua quarta Copa do Mundo, é um dos mais queridos do grupo. "Tem gente que fala demais e fala besteira", diz.
Roberto Carlos tem sido o maior porta-voz do time na preparação para a Copa -é o que mais tem participado das entrevistas. E defendeu a diminuição da exposição dos atletas na mídia. "Nós, os mais experientes, temos de ajudar a tirar a responsabilidade dos mais jovens", diz o lateral de 33 anos.
O pouco barulho da seleção pode ser visto até no gol, posição em que os atletas geralmente soltam a voz. O titular, Dida, é homem de poucas palavras, dentro e fora de campo. "Acredito que a experiência conta sempre, você pode conversar", afirma o goleiro.
Parreira relaciona o comportamento de seus atletas à experiência do grupo, que tem média de idade de quase 30 anos. "Quando assumi a seleção, não sabia o que poderia esperar desses jogadores, que já são muito experientes e conquistaram quase tudo. Mas nunca vi um grupo tão concentrado e determinado a vencer", diz. (EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)

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