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Mais experiente, Brasil abole líderes bons de gritaria
Atletas da seleção criticam estilo histérico de antecessores e dizem que se entendem melhor em campo batendo papo
Com o aval de Parreira, Emerson, Cafu e Roberto Carlos usam a conversa e a voz baixa para contornar
os problemas do time
DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN
No Brasil de Parreira, Cafu,
Emerson e Roberto Carlos, a liderança não é conseguida no
grito. A começar pelo técnico.
Sem a presença de um Dunga, marcado por sua liderança
nas Copas de 1994 e 1998 e que
não poupava a histeria na hora
de chamar a atenção dos companheiros, a atual seleção é polida para resolver problemas.
Se Parreira não usa palavrões
para reclamar de seus atletas,
como fazia Luiz Felipe Scolari
em 2002, Cafu, o atual capitão,
não tem agora um colega que
solta a voz, como Roque Júnior
fazia no Mundial passado.
O perfil dos líderes do time
de 2006 ajuda a seleção a conviver em paz e contornar, com
mais facilidade, os atritos.
"Aconteceu no campo, acabou.
Dentro do vestiário, tudo terminou", diz o volante Emerson,
que chegou a ser capitão com
Scolari, mas foi cortado.
Ao deixar o time, Cafu ganhou a faixa, mas Roque Júnior
era o líder que berrava em campo. O zagueiro ficou fora da lista de Parreira.
"Acho que isso [gritos] depende do caráter. Eu tenho um
modo diferente. Conversando,
as pessoas vão entender melhor", explica Emerson, que
elogia a conduta dos outros líderes do time. "Cafu chama,
conversa, o Roberto Carlos
também. Eu acho que funciona
assim. Você não pode colocar
um erro em evidência", avalia.
Cafu, que completou 36 anos
nesta semana e disputará sua
quarta Copa do Mundo, é um
dos mais queridos do grupo.
"Tem gente que fala demais e
fala besteira", diz.
Roberto Carlos tem sido o
maior porta-voz do time na
preparação para a Copa -é o
que mais tem participado das
entrevistas. E defendeu a diminuição da exposição dos atletas
na mídia. "Nós, os mais experientes, temos de ajudar a tirar
a responsabilidade dos mais jovens", diz o lateral de 33 anos.
O pouco barulho da seleção
pode ser visto até no gol, posição em que os atletas geralmente soltam a voz. O titular,
Dida, é homem de poucas palavras, dentro e fora de campo.
"Acredito que a experiência
conta sempre, você pode conversar", afirma o goleiro.
Parreira relaciona o comportamento de seus atletas à experiência do grupo, que tem média de idade de quase 30 anos.
"Quando assumi a seleção, não
sabia o que poderia esperar
desses jogadores, que já são
muito experientes e conquistaram quase tudo. Mas nunca vi
um grupo tão concentrado e
determinado a vencer", diz.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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