São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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TOSTÃO

Ansiedade da estréia

Cada um cria uma superstição ou um hábito para lidar com a ansiedade

ANTES de uma grande competição, de uma decisão, muitos jogadores costumam dizer que estão tranqüilos.
Morrem de medo de que pensem que estão nervosos. "Amarelar" é a principal ofensa a um atleta. Na verdade, quase todos os atletas dormem mal antes de um jogo importante, ficam tensos e preocupados com um possível fracasso. Era o que eu sentia.
A ansiedade é um fator positivo a atletas e a qualquer profissional. Ela estimula a produção de substâncias que aumentam o entusiasmo, a concentração e a força muscular. A pessoa fica mais alerta. É o doping natural.
Porém, quando a ansiedade ultrapassa certo limite, variável a cada atleta, o jogador perde a lucidez, começa a tropeçar na bola e a perder gols feitos.
Antes da partida, cada jogador cria um hábito ou uma superstição para lidar com a ansiedade. Uns tocam e cantam. Outros rezam e beijam a medalhinha. Há os que não saem do banheiro na tentativa de jogar o medo para fora.
Quando Pelé chegava ao vestiário, ia para um canto, esticava as pernas e fechava o olho. Ninguém podia incomodar a fera. Será que ele dormia e sonhava com os gols que faria? Ou só pensava nos encontros que teria após a partida?
No dia do jogo final da Copa de 1970, tomamos um café reforçado, já que a partida seria ao meio-dia. Havia um grande silêncio.
Todos estavam tensos. Aí o folclórico Dario disse que sonhara ter feito três gols e queria ser escalado. Só podia ser no meu lugar.
Todos deram grandes risadas e o ambiente ficou menos tenso.

Vitória alemã
Contra a Costa Rica, a Alemanha mostrou méritos no ataque e repetiu suas principais deficiências, a pouca qualidade dos zagueiros, além de a defesa marcar em linha e à frente, para diminuir os espaços entre o meio-campo e os zagueiros. Mas aumentam os espaços nas costas dos defensores para os lançamentos, como nos dois gols da Costa Rica. Jogar com os zagueiros adiantados é um hábito na Europa, inclusive dos brasileiros (Lúcio e Juan). No Brasil, os zagueiros marcam mais atrás.


@ - tostao.folha@uol.com.br

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