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Copa atenua tensão social na Holanda
Seleção reduz rancor com imigrantes marroquinos, representados no time
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO
O sucesso da Holanda na
Copa da África do Sul serve
como antídoto para um dos
mais graves problemas sociais do rico país europeu.
Ao obter a vaga na final, a
seleção de Bert van Marwijk
consegue por pelo menos alguns momentos reduzir a
tensão entre os holandeses e
os imigrantes marroquinos,
que, somando também seus
descendentes, são cerca de
400 mil pessoas -quase 3%
da população holandesa.
Isso porque o time que enfrenta a Espanha amanhã,
no Soccer City, tem sangue
do país árabe e também gente muito próxima aos marroquinos, por opção.
O lateral direito Khalid
Boulahrouz e o meia Ibrahim
Afellay são filhos de marroquinos e têm dupla nacionalidade. O primeiro virou ídolo
dos seguidores do time laranja por ter disputado uma partida da Eurocopa de 2008
mesmo após saber que a filha
prematura havia morrido.
O segundo, do PSV, é tido
como uma das maiores revelações do futebol holandês
nos últimos anos.
Ambos mantêm a fé muçulmana da família.
ANTIMUÇULMANOS
Há, no entanto, uma expressiva parcela racista da
população branca holandesa. Pesquisa recente mostrou
que mais de 30% dos habitantes do país têm percepção
negativa sobre os muçulmanos -além dos marroquinos,
a outra grande comunidade
na Holanda que segue essa
religião é a turca.
O caso do atacante Robin
van Persie é exemplar para a
integração com a colônia
marroquina. O atleta do Arsenal cresceu em um bairro
com numerosos imigrantes
marroquinos. Nunca teve
problemas de integração.
Tanto que acabou se casando com a primeira namorada do colégio, uma descendente do país árabe que é
muçulmana. Van Persie teria
se convertido, mas nunca
disse isso publicamente.
Líderes da comunidade
marroquina dizem que o
exemplo do futebol é benéfico para diminuir as tensões
raciais na Holanda.
"O sucesso dos marroquinos no futebol facilita a integração", disse ao jornal inglês "The Guardian" Farid
Azarkan, diretor da União da
Cooperação para os marroquinos na Holanda.
"Mostra para nossos jovens que é possível fazer coisas boas e balancear a percepção de que nós [os marroquinos] só causamos problemas. Mostra que nós podemos estar presentes no futebol e que somos mais do que
os criminosos, como eles [os
holandeses] geralmente nos
veem", disse Azarkan.
Com Boulahrouz, Afellay e
Van Persie na equipe, a Holanda virou a favorita dos
países muçulmanos no Mundial sul-africano. Apoio esse
que é possível ser visto em sites de relacionamentos espalhados pela internet.
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