São Paulo, sábado, 10 de julho de 2010

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Copa atenua tensão social na Holanda

Seleção reduz rancor com imigrantes marroquinos, representados no time

MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO

O sucesso da Holanda na Copa da África do Sul serve como antídoto para um dos mais graves problemas sociais do rico país europeu.
Ao obter a vaga na final, a seleção de Bert van Marwijk consegue por pelo menos alguns momentos reduzir a tensão entre os holandeses e os imigrantes marroquinos, que, somando também seus descendentes, são cerca de 400 mil pessoas -quase 3% da população holandesa.
Isso porque o time que enfrenta a Espanha amanhã, no Soccer City, tem sangue do país árabe e também gente muito próxima aos marroquinos, por opção.
O lateral direito Khalid Boulahrouz e o meia Ibrahim Afellay são filhos de marroquinos e têm dupla nacionalidade. O primeiro virou ídolo dos seguidores do time laranja por ter disputado uma partida da Eurocopa de 2008 mesmo após saber que a filha prematura havia morrido.
O segundo, do PSV, é tido como uma das maiores revelações do futebol holandês nos últimos anos.
Ambos mantêm a fé muçulmana da família.

ANTIMUÇULMANOS
Há, no entanto, uma expressiva parcela racista da população branca holandesa. Pesquisa recente mostrou que mais de 30% dos habitantes do país têm percepção negativa sobre os muçulmanos -além dos marroquinos, a outra grande comunidade na Holanda que segue essa religião é a turca.
O caso do atacante Robin van Persie é exemplar para a integração com a colônia marroquina. O atleta do Arsenal cresceu em um bairro com numerosos imigrantes marroquinos. Nunca teve problemas de integração.
Tanto que acabou se casando com a primeira namorada do colégio, uma descendente do país árabe que é muçulmana. Van Persie teria se convertido, mas nunca disse isso publicamente.
Líderes da comunidade marroquina dizem que o exemplo do futebol é benéfico para diminuir as tensões raciais na Holanda.
"O sucesso dos marroquinos no futebol facilita a integração", disse ao jornal inglês "The Guardian" Farid Azarkan, diretor da União da Cooperação para os marroquinos na Holanda.
"Mostra para nossos jovens que é possível fazer coisas boas e balancear a percepção de que nós [os marroquinos] só causamos problemas. Mostra que nós podemos estar presentes no futebol e que somos mais do que os criminosos, como eles [os holandeses] geralmente nos veem", disse Azarkan.
Com Boulahrouz, Afellay e Van Persie na equipe, a Holanda virou a favorita dos países muçulmanos no Mundial sul-africano. Apoio esse que é possível ser visto em sites de relacionamentos espalhados pela internet.


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