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AÇÃO
Empinando pipa
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Se perguntar a um praticante de kite sobre o esporte,
provavelmente a resposta virá,
cheia de empolgação: é o esporte
do futuro.
Se a pergunta for: A prática vai
crescer, se popularizar? A resposta
será, sem rodeios, não!
Estive na última semana em
Bariloche, Argentina, acompanhando a terceira prova da Nokia
Cup, o Sul-Americano de snowboarding. Como a neve não estava com as condições ideais, tirei
uma tarde para acompanhar
uma sessão de kitesurfe com o
Mariano Puricelli, 26, um argentino que já se destacou no tênis,
ganha a vida dando aulas de esqui na estação argentina e também em Couchervel, na França, e
se diverte praticando esqui extremo e kite.
O conheci há alguns meses aqui
em SP apresentando projeto que
consiste em explorar montanhas
e lagos da Patagônia praticando
kite. Voltei a encontrá-lo na semana passada, deslizando e
voando sobre a neve da montanha Catedral movido à vela.
Recebeu-me entusiasmado, dizendo que precisava mostrar o
que havia desenvolvido após dois
meses de treinos no Havaí, e que o
local ideal era o lago Nahuel
Huapi, e não lá na montanha.
Aceitei o convite e no dia seguinte, sob um frio de quase 0ºC,
ampliado pelo vento de cerca de
50 km/h, e a água do lago à 7ºC,
acompanhei pela primeira vez
uma autêntica sessão de kite.
Há mais de duas décadas praticando alguns e acompanhando
vários esportes de ação, poucas
vezes fiquei tão impressionado.
Afora as condições adversas, a
sessão incluía o experimento pioneiro de combinar uma prancha
de wakeboarding com a fixação e
as botas do snowboarding ao kite.
Vento rasgando, com a ajuda
de quatro pessoas, duas segurando a pipa (velame) e outras duas,
que somadas devem pesar 180 kg,
para mantê-la no chão, a experiência foi tomando forma.
Quando o velame foi liberado e
ganhou altura, como cena de Poltergeist, Mariano, apesar do lastro, foi arremessado a cerca de 10
metros de distância, pousando
arrastado no chão de pedras da
praia do lago. Só quando o velame ganhou o zenith, a pressão do
vento diminuiu e a situação voltou ao controle.
Caminhou dominando a pipa
até a prancha repousada próxima à água, fixou as botas à prancha, recolocou a pipa ao vento e
saiu em alta velocidade sobre a
congelante água do lago gigante.
Em poucos segundos, estava
muito longe e retornando contra
o vento. Quando chegou próximo
à praia, decolou em um vôo de 10
metros de altura e 30 metros de
distância. Repetiu a operação
uma segunda vez e saiu antes de
virar picolé. O experimento combinando equipamentos de três esportes havia funcionado.
O susto da largada foi recompensado e deixou claro os riscos
envolvidos. Enquanto voltávamos para sua casa, dizia que os
riscos maiores são para as pessoas
que, desavisadas, podem ficar na
direção dos cabos que mantém o
atleta e sua prancha a cerca de 30
metros do velame e que, tensos,
cortam o que pintar pela frente.
Sem dúvida, o esporte é do futuro. E pelos riscos e a baixa autonomia do praticante, para poucos.
Longboard
Neste fim-de-semana, acontece a primeira etapa do circuito Hot Water-Stanley
Classic de longboard, em Maresias (SP). A competição terá três etapas, com premiação total de R$ 10 mil.
WQS
O pódio do Rip Curl Newquay Pro, 16ª etapa do circuito, foi dominado por australianos. A final em Newquay
(Inglaterra) foi marcada por
um duelo entre Daniel Wills,
o campeão, e Trent Munro.
Hoje começa a 17ª etapa, em
Anglet (França).
Brasileiro
Ondas de 2 m proporcionaram uma grande disputa na
quarta etapa do Super Surf,
no último fim-de-semana.
Peterson Rosa e Tita Tavares
foram os campeões, e Tadeu
Pereira e Andréa Lopes passaram a liderar os rankings.
E-mail
carlosarli@revistatrip.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata
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