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promessa olímpica
Rio-2016 custará menos que Pequim, diz Nuzman
Para dirigente, Pan, com estouro de 800%, avalizou cidade para a Olimpíada
Presidente do COB afirma que projeto carioca ainda não está pronto e insiste que Copa-2014 poderá ajudar a candidatura para os Jogos
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Depois do orçamento do Pan
estourar quase 800%, o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur
Nuzman, disse ontem que os
Jogos de 2016 custarão "muito
menos" no Brasil em relação à
Olimpíada de Pequim-2008.
O evento na China sairá por
cerca de US$ 31 bilhões (cerca
de R$ 62 bilhões). O Rio disputa com Chicago, Doha, Tóquio e
Madri o direito de receber os
Jogos. Para o Pan-Americano,
os governos (municipal, estadual e federal) gastaram cerca
de R$ 3,7 bilhões. A previsão
inicial era de R$ 414 milhões.
Leia a seguir a entrevista exclusiva concedida ontem pelo
dirigente à Folha.
FOLHA - Qual é a sua avaliação do
Pan-Americano?
CARLOS ARTHUR NUZMAN - Não
sou de dar nota, mas a avaliação
que faço é a de que os Jogos foram ótimos. Isso foi enaltecido
até pelo presidente do COI [Comitê Olímpico Internacional, o
belga Jacques Rogge]. Os Jogos
saíram em nível olímpico, como era nossa proposta.
FOLHA - Depois do Pan, qual é o futuro da candidatura do Rio para receber os Jogos Olímpicos de 2016?
NUZMAN - Há um sentimento
no mundo olímpico de que os
Jogos devem ir para continentes que nunca os receberam.
Temos que aproveitar isso, mas
o desejo só não basta. Com o
Pan, o Rio comprovou que pode realizar os Jogos Olímpicos.
Esse vestibular era algo notório
que teríamos que fazer, e o Rio
passou com louvor. Por isso,
somos seríssimos candidatos.
FOLHA - A estrutura de uma Olimpíada é gigantesca se comparada
com a de um Pan. A Olimpíada de
Pequim vai custar US$ 31 bilhões.
Quanto custaria aqui um evento
desse tamanho?
NUZMAN - Ainda não está pronto [o projeto do Rio]. Precisamos, primeiro, fazer a candidatura. Um dos pontos muito importantes é que já temos as instalações prontas. Hoje, para se
organizar uma Olimpíada, não
se pode começar do zero. Além
disso, temos que mostrar as caras delas. Esta é uma vantagem.
FOLHA - Na última tentativa, o Rio
recebeu notas muito baixas em quesitos como segurança, hotelaria,
meio ambiente...
NUZMAN - Se o presidente do
COI já disse que o Rio é um candidato sério, muitos desses
pontos foram superados. Vamos aguardar e ver as notas.
FOLHA - A China alega que vai gastar US$ 31 bilhões. É muito ou pouco
para o Brasil?
NUZMAN - Não se pode comparar os gastos entre os países,
mas acho que a China bate os
recordes. Londres [em 2012]
será mais barato. Os chineses
estão gastando muito com metrô, meio ambiente. Podemos
gastar muito menos.
FOLHA - Vale a pena gastar tanto
dinheiro assim para receber uma
Olimpíada?
NUZMAN - Vou lhe responder
fazendo uma pergunta. Quem
vai responder por mim serão os
outros países que receberão os
Jogos. Basta ver no que a Coréia do Sul se transformou após
os Jogos de Seul [em 1988]. O
que aconteceu com a Espanha
após Barcelona [em 1992], com
a Austrália depois de Sydney
[em 2000] e com a Grécia após
Atenas [em 2004]. Veja o que a
China está fazendo. Você verá o
que será o país após os Jogos de
Pequim-2008. Todos esses países utilizaram de uma maneira
bem feita o poder que têm os
Jogos Olímpicos de transformação da cidade e do país. Essa
é a resposta. Os gastos nessa
competição são investimentos
para a população e para o povo.
O país vai ter um benefício
enorme [com a Olimpíada disputada em seu território].
FOLHA - O Brasil é candidato único
para receber a Copa do Mundo de
2014. A Copa do Mundo atrapalha o
sonho olímpico?
NUZMAN - Beneficia. Quem diz
isso é o presidente do COI e os
experts do comitê. Isso aconteceu com México, Alemanha e
EUA. Muitos dos investimentos de infra-estrutura estarão
sendo atendidos para a Copa do
Mundo, que vão beneficiar os
Jogos Olímpicos.
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