São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

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promessa olímpica

Rio-2016 custará menos que Pequim, diz Nuzman

Para dirigente, Pan, com estouro de 800%, avalizou cidade para a Olimpíada

Presidente do COB afirma que projeto carioca ainda não está pronto e insiste que Copa-2014 poderá ajudar a candidatura para os Jogos


SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Depois do orçamento do Pan estourar quase 800%, o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, disse ontem que os Jogos de 2016 custarão "muito menos" no Brasil em relação à Olimpíada de Pequim-2008. O evento na China sairá por cerca de US$ 31 bilhões (cerca de R$ 62 bilhões). O Rio disputa com Chicago, Doha, Tóquio e Madri o direito de receber os Jogos. Para o Pan-Americano, os governos (municipal, estadual e federal) gastaram cerca de R$ 3,7 bilhões. A previsão inicial era de R$ 414 milhões. Leia a seguir a entrevista exclusiva concedida ontem pelo dirigente à Folha.

 

FOLHA - Qual é a sua avaliação do Pan-Americano?
CARLOS ARTHUR NUZMAN -
Não sou de dar nota, mas a avaliação que faço é a de que os Jogos foram ótimos. Isso foi enaltecido até pelo presidente do COI [Comitê Olímpico Internacional, o belga Jacques Rogge]. Os Jogos saíram em nível olímpico, como era nossa proposta.

FOLHA - Depois do Pan, qual é o futuro da candidatura do Rio para receber os Jogos Olímpicos de 2016?
NUZMAN -
Há um sentimento no mundo olímpico de que os Jogos devem ir para continentes que nunca os receberam. Temos que aproveitar isso, mas o desejo só não basta. Com o Pan, o Rio comprovou que pode realizar os Jogos Olímpicos. Esse vestibular era algo notório que teríamos que fazer, e o Rio passou com louvor. Por isso, somos seríssimos candidatos.

FOLHA - A estrutura de uma Olimpíada é gigantesca se comparada com a de um Pan. A Olimpíada de Pequim vai custar US$ 31 bilhões. Quanto custaria aqui um evento desse tamanho?
NUZMAN -
Ainda não está pronto [o projeto do Rio]. Precisamos, primeiro, fazer a candidatura. Um dos pontos muito importantes é que já temos as instalações prontas. Hoje, para se organizar uma Olimpíada, não se pode começar do zero. Além disso, temos que mostrar as caras delas. Esta é uma vantagem.

FOLHA - Na última tentativa, o Rio recebeu notas muito baixas em quesitos como segurança, hotelaria, meio ambiente...
NUZMAN -
Se o presidente do COI já disse que o Rio é um candidato sério, muitos desses pontos foram superados. Vamos aguardar e ver as notas.

FOLHA - A China alega que vai gastar US$ 31 bilhões. É muito ou pouco para o Brasil?
NUZMAN -
Não se pode comparar os gastos entre os países, mas acho que a China bate os recordes. Londres [em 2012] será mais barato. Os chineses estão gastando muito com metrô, meio ambiente. Podemos gastar muito menos.

FOLHA - Vale a pena gastar tanto dinheiro assim para receber uma Olimpíada?
NUZMAN -
Vou lhe responder fazendo uma pergunta. Quem vai responder por mim serão os outros países que receberão os Jogos. Basta ver no que a Coréia do Sul se transformou após os Jogos de Seul [em 1988]. O que aconteceu com a Espanha após Barcelona [em 1992], com a Austrália depois de Sydney [em 2000] e com a Grécia após Atenas [em 2004]. Veja o que a China está fazendo. Você verá o que será o país após os Jogos de Pequim-2008. Todos esses países utilizaram de uma maneira bem feita o poder que têm os Jogos Olímpicos de transformação da cidade e do país. Essa é a resposta. Os gastos nessa competição são investimentos para a população e para o povo. O país vai ter um benefício enorme [com a Olimpíada disputada em seu território].

FOLHA - O Brasil é candidato único para receber a Copa do Mundo de 2014. A Copa do Mundo atrapalha o sonho olímpico?
NUZMAN -
Beneficia. Quem diz isso é o presidente do COI e os experts do comitê. Isso aconteceu com México, Alemanha e EUA. Muitos dos investimentos de infra-estrutura estarão sendo atendidos para a Copa do Mundo, que vão beneficiar os Jogos Olímpicos.


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