São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COB terceiriza gastos e enriquece com o Pan-07

Comitê herda R$ 9,6 mi em material esportivo importado com recurso público

Entidade afirma que irá emprestar equipamentos, bancados pelo governo federal, para a formação de centros de treinamento


RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao final do Pan-2007, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) ganhou bastante e minimizou seus gastos. Herdará material esportivo que foi importado com recursos públicos. E terceirizou custos da preparação da equipe brasileira.
O comitê e seus filiados já são favorecidos por recursos federais da Lei Piva: R$ 57 milhões no ano passado.
Levantamento da Folha nas contas do governo mostra que, em convênios desde 2004, o COB recebeu cerca de R$ 11,7 milhões em equipamentos esportivos para os Jogos. Desse total, apenas a pista do velódromo, no valor de R$ 2,1 milhões, não deve ficar com o comitê -a Prefeitura do Rio a incorporou à sua instalação.
"Devemos cedê-los em comodato para a formação de CTs", contou o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, à Folha durante o Pan.
Na página do Ministério do Esporte, estão listados equipamentos de boxe, hóquei sobre grama, tiro ao prato e cronômetros, entre outros.
Dos cerca de R$ 10 milhões gastos, o COB entrou com R$ 382 mil como contrapartida. Além de desembolsos do Pan, o governo forneceu R$ 1 milhão para material de informática para o COB, no final de 2004.
Menor ainda foi o gasto da entidade na preparação técnica final dos atletas para o evento. Em 2007, o comitê fez um pedido de ajuda ao governo federal: queria R$ 7,5 milhões para finalizar a preparação do Pan. Recebeu R$ 2,7 milhões e deu R$ 93 mil de seus cofres.
O dinheiro foi usado para 18 modalidades, entre elas atletismo, boxe, canoagem e judô.
Exames antidoping e a viagem da delegação brasileira também correram por conta da União, que desembolsou quase R$ 1,5 milhão. Sobrou para o COB o custo de R$ 33 mil.
Foi em 2006 e em 2007 que o comitê fez seu maior investimento na preparação de atletas brasileiros. Criou um Fundo do Pan, que aumentou as verbas para as confederações, especialmente no ano passado.
Em 2006, as entidades contaram com R$ 36,3 milhões para seus projetos, R$ 5,5 milhões a mais do que no ano anterior. E, em 2005, já havia sido registrado um acréscimo, também por conta do Fundo do Pan.
Mas, na verdade, a maior parte dessa verba extra foi feita com adiantamentos do COB às confederações. Na prática, isso significa que o comitê poderá descontar os valores de repasses futuros da Lei Piva.
No total, o valor de adiantamento do COB às suas filiadas chegou a R$ 18,4 milhões, crescendo em R$ 6 milhões em 2006. Ou seja, é praticamente quase todo o dinheiro extra fornecido para o Pan carioca.
Assim, o fundo de reserva do COB registra um saldo negativo de R$ 7,8 milhões, pelo balanço da entidade para os recursos da Lei Piva. Para reverter isso, terá de haver descontos.
Questionado se iria recuperar o dinheiro, o comitê disse que "irá gerenciar os recursos financeiros da melhor forma possível". E disse que esses resultados podem ajudar as confederações a obterem patrocínios para que continuem "crescendo e se desenvolvendo".
Entre confederações, alguns cartolas sabiam dos adiantamentos -e os aprovaram. Mas outros desconheciam que podem perder recursos no futuro.


Texto Anterior: Basquete: FPB anuncia antidoping no Estadual de SP
Próximo Texto: Recursos são insuficientes, frisa comitê
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.