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COB terceiriza gastos e enriquece com o Pan-07
Comitê herda R$ 9,6 mi em material esportivo importado com recurso público
Entidade afirma que irá
emprestar equipamentos,
bancados pelo governo
federal, para a formação
de centros de treinamento
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao final do Pan-2007, o Comitê Olímpico Brasileiro
(COB) ganhou bastante e minimizou seus gastos. Herdará
material esportivo que foi importado com recursos públicos.
E terceirizou custos da preparação da equipe brasileira.
O comitê e seus filiados já são
favorecidos por recursos federais da Lei Piva: R$ 57 milhões
no ano passado.
Levantamento da Folha nas
contas do governo mostra que,
em convênios desde 2004, o
COB recebeu cerca de R$ 11,7
milhões em equipamentos esportivos para os Jogos. Desse
total, apenas a pista do velódromo, no valor de R$ 2,1 milhões, não deve ficar com o comitê -a Prefeitura do Rio a incorporou à sua instalação.
"Devemos cedê-los em comodato para a formação de
CTs", contou o presidente do
COB, Carlos Arthur Nuzman, à
Folha durante o Pan.
Na página do Ministério do
Esporte, estão listados equipamentos de boxe, hóquei sobre
grama, tiro ao prato e cronômetros, entre outros.
Dos cerca de R$ 10 milhões
gastos, o COB entrou com R$
382 mil como contrapartida.
Além de desembolsos do Pan, o
governo forneceu R$ 1 milhão
para material de informática
para o COB, no final de 2004.
Menor ainda foi o gasto da
entidade na preparação técnica
final dos atletas para o evento.
Em 2007, o comitê fez um pedido de ajuda ao governo federal:
queria R$ 7,5 milhões para finalizar a preparação do Pan.
Recebeu R$ 2,7 milhões e deu
R$ 93 mil de seus cofres.
O dinheiro foi usado para 18
modalidades, entre elas atletismo, boxe, canoagem e judô.
Exames antidoping e a viagem da delegação brasileira
também correram por conta da
União, que desembolsou quase
R$ 1,5 milhão. Sobrou para o
COB o custo de R$ 33 mil.
Foi em 2006 e em 2007 que o
comitê fez seu maior investimento na preparação de atletas
brasileiros. Criou um Fundo do
Pan, que aumentou as verbas
para as confederações, especialmente no ano passado.
Em 2006, as entidades contaram com R$ 36,3 milhões para seus projetos, R$ 5,5 milhões
a mais do que no ano anterior.
E, em 2005, já havia sido registrado um acréscimo, também
por conta do Fundo do Pan.
Mas, na verdade, a maior parte dessa verba extra foi feita
com adiantamentos do COB às
confederações. Na prática, isso
significa que o comitê poderá
descontar os valores de repasses futuros da Lei Piva.
No total, o valor de adiantamento do COB às suas filiadas
chegou a R$ 18,4 milhões, crescendo em R$ 6 milhões em
2006. Ou seja, é praticamente
quase todo o dinheiro extra fornecido para o Pan carioca.
Assim, o fundo de reserva do
COB registra um saldo negativo
de R$ 7,8 milhões, pelo balanço
da entidade para os recursos da
Lei Piva. Para reverter isso, terá
de haver descontos.
Questionado se iria recuperar o dinheiro, o comitê disse
que "irá gerenciar os recursos
financeiros da melhor forma
possível". E disse que esses resultados podem ajudar as confederações a obterem patrocínios para que continuem "crescendo e se desenvolvendo".
Entre confederações, alguns
cartolas sabiam dos adiantamentos -e os aprovaram. Mas
outros desconheciam que podem perder recursos no futuro.
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