DO ENVIADO A PEQUIM

Nos Jogos em casa, os chineses não escondem que a obsessão é acabar na liderança do quadro de medalhas. Contudo, a exemplo de outros países anfitriões da Olimpíada, eles devem ter atletas fazendo figuração em algumas provas -decorrência de os locais participarem de todos os eventos.
Algumas competições, como o torneio masculino de handebol e a prova hípica de saltos por equipes, têm pela primeira vez a participação da China.
Há quatro anos, o país chegou à vice-liderança em Atenas, com 32 ouros. Desse universo, 23 (ou 72% do total) saíram de apenas seis esportes: tênis de mesa, badminton, saltos ornamentais, levantamento de peso, judô e ginástica.
Em outros, os chineses amargam um atraso considerável no que tange ao nível técnico. Às vésperas da abertura dos Jogos, já houve inclusive quem externasse não haver a menor preocupação com a performance.
"Veja onde estávamos há cinco anos... Agora ao menos conseguimos jogar beisebol seriamente", disse Jim Lefebvre, treinador do time chinês. O ex-jogador da liga profissional dos EUA deixou claro que o objetivo da seleção é desfrutar do ambiente olímpico. E só.
Na vela, boxe, pólo aquático, canoagem slalom e triatlo, entre outros, o panorama não deve ser muito diferente.
As frustrações do público também devem acontecer no torneio masculino de futebol, esporte que é popular no país mais populoso do planeta.
E também no "filé mignon" da Olimpíada, atletismo e natação, modalidades que, combinadas, distribuem 243 medalhas olímpicas. Os chineses têm pouca expressão nos dois esportes, justamente os que merecem os mais impressionantes palcos construídos para os Jogos Olímpicos -o Estádio Nacional (apelidado de Ninho de Pássaro) e o Cubo d'Água.
Cui Dalin, secretário-geral do Comitê Olímpico da China e chefe de missão adjunto da delegação, reconheceu que o país enfrentará dificuldade nas duas modalidades. "Será muito difícil para a China atingir boas performances nesses esportes maiores", afirmou ele, durante entrevista coletiva sobre a delegação do país-sede.
Ao longo da história de suas participações nos Jogos, a China tem um total de 11 medalhas de ouro somando-se atletismo e natação. Só nos saltos ornamentais, modalidade com o maior número de títulos olímpicos chineses, foram 20 ouros.
Indagado acerca dos efeitos do projeto 119, plano traçado depois da Olimpíada de Sydney-2000 para promover um grande salto no atletismo e na natação chineses, Cui reconheceu que ainda há uma diferença entre os seus compatriotas e os maiores nomes internacionais. Mas apontou avanços.
"Claro que, para tais esportes, fizemos gastos expressivos. Mas com o propósito de melhoras as condições, o ambiente de treinamento. Buscamos equipamentos de qualidade para os treinos deles", afirmou Cui.0 (LUÍS FERRARI)


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