São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JUDÔ

Nos tatames de Pequim, Guilheiro é conselheiro

Bronze em Atenas transmite calma aos novatos agora

DO ENVIADO A PEQUIM

Único medalhista de Atenas a integrar a atual seleção brasileira de judô, apontada como a mais promissora da modalidade no país, Leandro Guilheiro chegou zen à sua segunda Olimpíada. E, mesmo sem buscar tal condição, virou referência dentro da equipe.
O judoca santista comparou o desembarque na China ao que viveu há quatro anos, na Grécia, de onde saiu com a medalha de bronze no peito.
"Desta vez chego muito mais tranqüilo, sereno e com uma paz interior muito grande. Estou bem tranqüilo, diferentemente de quatro anos atrás, quando estava mais ansioso", disse ele, para quem a nova realidade é um trunfo, pois lhe permite competir mais seguro.
Essa atitude faz o atleta, que completou 25 anos na véspera da cerimônia de abertura, servir de exemplo aos mais novos.
Eduardo Santos, representante do peso médio, por exemplo, afirmou que já recorreu mais de uma vez a Guilheiro como conselheiro.
"Ele e o Tiago [Camilo] falaram de comportamento. Disseram que não tem nada de diferente na Olimpíada, que é preciso se concentrar e esquecer o resto do mundo. Deram boas orientações", falou o atleta dos 90 kg, que revelou ter sentido uma boa dose de ansiedade ao entrar na Vila Olímpica.
Justamente para tratar de acalmar tal ansiedade, ele contou ter recorrido a Guilheiro.
"Perguntei pro Leandro como é estar ali na ponta do tatame, na boca para entrar na luta. Se aperta muito. Falou que é melhor manter a tranqüilidade, pois não tem nenhum bicho-de-sete-cabeças do outro lado. Disse que todos são iguais."
Guilheiro desconversou ao ser indagado sobre a condição de exemplo, preferindo repartir com os colegas a incumbência de tranqüilizar os novatos.
"Apesar de a Olimpíada ser um pouco diferente, pelo clima e tal, a equipe já é meio que vacinada com esse tipo de evento grande. A gente vai se ajudando mutuamente dentro do time. Falo uma coisa um dia, outro cara fala outra...", declarou o atleta do clube Pinheiros.
No Pan carioca, há um ano, foi dele a iniciativa de pegar o microfone e pedir ao público que arremessava objetos à área de lutas que se acalmasse. Na ocasião, ainda que abatido pela perda do título (foi prata), ele insistiu que os cubanos, alvo da ira dos torcedores, não deviam ser tratados como inimigos.
Sua conduta foi elogiada também há quatro anos, quando, calouro na Olimpíada, evitou as distrações da Vila Olímpica bem melhor que alguns judocas que tinham chegado a Atenas mais tarimbados.
Mais experiente, menos nervoso e numa temporada em que não teve que lutar contra lesões, crê ter plenas condições de voltar ao pódio, talvez em lugar mais alto. (LUÍS FERRARI)

7min40s

foi o tempo que o judoca sul-coreano Choi Min-ho, ouro no peso ligeiro (até 60 kg), permaneceu no tatame em suas cinco lutas, todas ganhas por ippon. A vitória mais rápida, em 24 segundos, foi conquistada sobre o holandês Ruben Houkes, que ficaria, depois, com uma medalha de bronze. No ligeiro feminino (até 48 kg), a medalhista de ouro foi a romena Alina Dumitru.


Texto Anterior: Natação: Phelps pulveriza recorde e inicia contagem regressiva
Próximo Texto: Brasileiros saem logo da disputa no 1º dia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.