UOL


São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BRASIL X EQUADOR

Pela primeira vez, seleção entra em campo "Brazilian"


Contra o Equador, Parreira põe 11 "estrangeiros" na equipe titular, fato inédito nas eliminatórias e em fases finais de Copa do Mundo


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS

Quando entrar em campo hoje em Manaus, às 22h (de Brasília), a seleção brasileira viverá uma situação inédita em partidas válidas por fases classificatórias ou finais de Copa do Mundo. Os 11 jogadores escalados para pegar o Equador pela segunda rodada das eliminatórias atuam no exterior.
Nunca antes, em quase 150 jogos e 73 anos de trajetória no Mundial, o Brasil iniciou uma partida com uma formação 100% "estrangeira". Se havia alguma dúvida sobre a escalação, ela foi dirimida ontem à noite, no último treino. Ronaldinho entrará mesmo na vaga do cruzeirense Alex.
Mesmo nas últimas duas décadas, quando se intensificou a debandada de atletas para o exterior, a seleção brasileira mantinha um núcleo local no time principal.
Na conquista do penta, em 2002, três titulares atuavam no país: o goleiro Marcos e os volantes Gilberto Silva e Kleberson. O primeiro virou reserva. O titular Gilberto Silva foi contratado pelo Arsenal, da Inglaterra. Kleberson, hoje no inglês Manchester United, está machucado. Emerson, da Roma, vem atuando em seu lugar.
O time 100% "estrangeiro" é concebido na mesma temporada em que o Brasileiro experimenta um êxodo para o exterior. Até alguns reservas estão cotados para seguir o caminho. Diego, por exemplo, já recebeu proposta do Tottenham, que teria oferecido US$ 12 milhões pelo meia.
Em Manaus, a imprensa espanhola especula que outro santista, o volante Renato, estaria na lista de reforços das equipes do país para o final deste ano, quando o mercado local será reaberto.
O fenômeno mostra também que o jogador brasileiro virou sinônimo de excelência em todas as posições, do goleiro ao atacante. Titular do Milan, Dida diz que "o pensamento na Europa hoje é diferente em relação ao goleiro brasileiro". O ex-corintiano ainda ensaia uma explicação. "A conquista do penta nos valorizou muito."
Os quatro zagueiros convocados também estão na Europa. Lúcio, o mais famoso deles, foi assediado por vários times, mas o Bayer Leverkusen preferiu retê-lo.
A seleção, aliás, enfrenta o Equador com jogadores que atuam não apenas em clubes europeus, mas na nata do esporte no continente. Sete dos titulares defendem equipes que já ganharam a Copa dos Campeões, o mais rico e prestigiado campeonato de clubes do mundo. E todos os 11 atuam nas ligas de Espanha, Itália, Alemanha e Inglaterra, países que organizam os torneios de maior visibilidade no planeta.
Para Parreira, que passou mais da metade de sua carreira como treinador fora do Brasil, o jogador que atua na Europa não tem necessariamente mais disciplina tática do que os atletas locais.
"Em qualquer compêndio sobre futebol, de qualquer parte do mundo, o importante é saber o equilíbrio entre defender e atacar. Isso não importa onde", afirma o técnico, que, com o cenário atual, terá poucas oportunidades para treinar e entrosar sua equipe.
Há um acordo que impede a liberação de brasileiros que atuem na Europa para amistosos fora daquele continente durante as eliminatórias. Assim, o técnico só deverá ter os atletas do exterior nos jogos do qualificatório, já que o grande mercado para a CBF faturar com amistosos está longe dos campos europeus.

"Nacionais"
Enquanto os "estrangeiros" reinam, os atletas que jogam no Brasil, apesar de monopolizarem as atenções em seus clubes, fazem papel de coadjuvante na seleção.
"Sei que o titular é o Ronaldinho", diz Alex, que pegou a Colômbia no domingo substituindo o astro do Barcelona, que cumpriu suspensão por ter sido expulso na Copa das Confederações.
Quem vem de fora, porém, diz não ter prioridade. "Todos que estão aqui podem atuar. Qualquer um tem que estar pronto para a reserva", afirma Emerson.
Com ou sem "nacionais", a seleção busca hoje manter o aproveitamento de 100% nas eliminatórias sul-americanas. O Brasil não consegue triunfar nas duas primeiras partidas do torneio desde o qualificatório para o Mundial do México-1986.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Titulares fazem sucesso até na TV da Europa
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.