São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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"Berezovski é pessoa boa", diz advogado

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o presidente afastado do Corinthians, Alberto Dualib, e para o vice Nesi Curi, também fora do clube, o magnata russo Boris Berezovski é uma "pessoa boa".
Essa é a definição de José Luiz Toloza Costa, advogado da dupla no processo da Justiça Federal em que ambos são réus por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. "Eles sempre acharam que o Boris Berezovski fosse uma pessoa boa, e ainda acham que é", falou Toloza, após ser questionado sobre o lobby feito por seus clientes junto ao governo federal para tentar trazer o russo ao país como exilado.
Ontem, a Folha e o "Terra Magazine" revelaram detalhes da operação Perestroika, da Polícia Federal, que fez interceptações telefônicas dos envolvidos na parceria Corinthians/MSI.
Relatório de 72 páginas da PF sobre os grampos revela que Berezovski foi o maior financiador do negócio, mostra Kia Joorabchian como "laranja" do russo e ainda negociações de atletas com a parceria para receber dinheiro fora do país; mostra também a tentativa de trazer Berezovski ao Brasil usando até a influência do presidente da República.
Em depoimento à Justiça, Dualib afirmou que Tevez, Mascherano e Carlos Alberto ganhavam parte do salário no exterior. O meia Ricardinho, flagrado nos grampos negociando US$ 1,1 milhão, disse que não recebeu nada fora do Brasil. E se colocou à disposição das autoridades para esclarecer o caso. Carlos Alberto também negou ter recebido provimentos fora do país durante a passagem pelo clube.
Agora os grampos serão objeto de discussão na Câmara: alguns dirigentes corintianos, eles entre Dualib, falarão à Comissão de Esporte da casa, na quinta-feira, quando temas como lavagem de dinheiro no futebol serão discutidos. Requerimento sobre o assunto foi feito pelo deputado Silvio Torres (PSDB-SP).
"Eu tenho a sensação de que essa questão de lavagem de dinheiro é mais ampla que o Corinthians", afirmou Torres, que acha "prematuro" falar em CPI.
Segundo o advogado Toloza Costa, "se porventura passasse pela cabeça deles [de Dualib e Curi] que o dinheiro [que abasteceu a parceria] fosse ilícito o acordo não teria sido feito". "Como uma pessoa dessa [Berezovski], que tem cidadania inglesa, já foi recebido pelo ex-primeiro-ministro [Tony Blair], vive perto do castelo da rainha, pode ser estelionatário?", disse Costa. "Aliás, nem sabemos se ele é", falou o advogado, ressaltando que a parceria apenas foi aprovada porque teve o consentimento do Conselho Deliberativo e do Cori (Conselho de Orientação).
Costa afirmou ainda que a acusação de formação de quadrilha é insustentável. "Eles [Dualib e Curi] não tinham identidade de propósitos, sempre discordavam do Kia [presidente da MSI]".
O hoje líder oposicionista do Corinthians, Andrés Sanches, que aparece nos grampos supostamente combinando ocultar a participação de Berezovski na parceria, disse ter falado a verdade.
"Não combinei nada. Apenas perguntei ao seu Alberto [Dualib] se ele queria que eu esclarecesse alguma coisa", disse Sanches ao "Globoesporte.com". Ele negou que soubesse que o russo era investidor do negócio.


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