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"Berezovski é pessoa boa", diz advogado
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o presidente afastado
do Corinthians, Alberto
Dualib, e para o vice Nesi Curi, também fora do clube, o
magnata russo Boris Berezovski é uma "pessoa boa".
Essa é a definição de José
Luiz Toloza Costa, advogado
da dupla no processo da Justiça Federal em que ambos
são réus por formação de
quadrilha e lavagem de dinheiro. "Eles sempre acharam que o Boris Berezovski
fosse uma pessoa boa, e ainda acham que é", falou Toloza, após ser questionado sobre o lobby feito por seus
clientes junto ao governo federal para tentar trazer o
russo ao país como exilado.
Ontem, a Folha e o "Terra
Magazine" revelaram detalhes da operação Perestroika, da Polícia Federal, que
fez interceptações telefônicas dos envolvidos na parceria Corinthians/MSI.
Relatório de 72 páginas da
PF sobre os grampos revela
que Berezovski foi o maior
financiador do negócio, mostra Kia Joorabchian como
"laranja" do russo e ainda
negociações de atletas com a
parceria para receber dinheiro fora do país; mostra
também a tentativa de trazer
Berezovski ao Brasil usando
até a influência do presidente da República.
Em depoimento à Justiça,
Dualib afirmou que Tevez,
Mascherano e Carlos Alberto ganhavam parte do salário
no exterior. O meia Ricardinho, flagrado nos grampos
negociando US$ 1,1 milhão,
disse que não recebeu nada
fora do Brasil. E se colocou à
disposição das autoridades
para esclarecer o caso. Carlos Alberto também negou
ter recebido provimentos fora do país durante a passagem pelo clube.
Agora os grampos serão
objeto de discussão na Câmara: alguns dirigentes corintianos, eles entre Dualib,
falarão à Comissão de Esporte da casa, na quinta-feira,
quando temas como lavagem
de dinheiro no futebol serão
discutidos. Requerimento
sobre o assunto foi feito pelo
deputado Silvio Torres
(PSDB-SP).
"Eu tenho a sensação de
que essa questão de lavagem
de dinheiro é mais ampla
que o Corinthians", afirmou
Torres, que acha "prematuro" falar em CPI.
Segundo o advogado Toloza Costa, "se porventura passasse pela cabeça deles [de
Dualib e Curi] que o dinheiro
[que abasteceu a parceria]
fosse ilícito o acordo não teria sido feito". "Como uma
pessoa dessa [Berezovski],
que tem cidadania inglesa, já
foi recebido pelo ex-primeiro-ministro [Tony Blair], vive perto do castelo da rainha,
pode ser estelionatário?",
disse Costa. "Aliás, nem sabemos se ele é", falou o advogado, ressaltando que a parceria apenas foi aprovada
porque teve o consentimento do Conselho Deliberativo
e do Cori (Conselho de
Orientação).
Costa afirmou ainda que a
acusação de formação de
quadrilha é insustentável.
"Eles [Dualib e Curi] não tinham identidade de propósitos, sempre discordavam do
Kia [presidente da MSI]".
O hoje líder oposicionista
do Corinthians, Andrés Sanches, que aparece nos grampos supostamente combinando ocultar a participação
de Berezovski na parceria,
disse ter falado a verdade.
"Não combinei nada. Apenas perguntei ao seu Alberto
[Dualib] se ele queria que eu
esclarecesse alguma coisa",
disse Sanches ao "Globoesporte.com". Ele negou que
soubesse que o russo era investidor do negócio.
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