São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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Amadoras dão o tom no Mundial de futebol

Até nos EUA, bicampeões do torneio, liga profissional viável ainda é sonho

Com times garimpados em estruturas modestas diante de pouco público em seus países, Copa das mulheres começa hoje na China

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao mesmo tempo em que organiza seu quinto Mundial, a partir de hoje, o futebol feminino ainda depende do amadorismo para sobreviver. Até potências como os EUA, seleção número um no ranking da Fifa e bicampeã mundial, amargam a falência de sua liga profissional.
A fórmula para manter vivo o futebol feminino é basicamente a mesma: torneios amadores, atletas que se dividem entre os treinos e um trabalho, influxo de atletas vindas de escolas e faculdades e público modesto. Ao contrário do que se vê em outros esportes, a distância entre os gêneros ainda é significativa.
Uma liga profissional que ande com as próprias pernas é um objeto de desejo. No Brasil, por exemplo, as campeãs do Pan embarcaram para a China com a promessa de ter no país uma liga subsidiada por estatal.
Apesar de ser conhecido pelas cifras milionárias obtidas com seu marketing esportivo, os EUA assistiram à WUSA fazer água. A liga profissional permitia que as atletas se dedicassem totalmente aos treinos.
""O segredo é começar pequeno. A WUSA queria públicos de 10 mil pessoas. Foi difícil manter financeiramente", disse à Folha Jim Moorhouse, da US Soccer, que gerencia as seleções dos EUA. ""É um desafio fazer uma liga feminina: atrair público, vender ingressos etc."
""Ainda temos um torneio nacional", finaliza Moorhouse, que estima que nos EUA existam 16 milhões de praticantes de futebol, metade mulheres.
A competição da qual Moorhouse fala conta com verba do governo, tem orçamento modesto, não paga salários e propicia ajuda com o transporte.
Nos EUA, a origem da popularidade do futebol é traçada por uma política pública voltada ao esporte -um plano que o governo Lula prometeu para breve. Lá, em 1972, foi aprovada uma lei que obrigou as faculdades que ofereciam atividades esportivas aos homens a estender o benefício às mulheres.
Nesse ambiente, levou uma geração para as americanas ganharem sua 1ª Copa, em 91.
Hoje, nos EUA, o futebol feminino não depende de lei. E a US Soccer mantém ambiente profissional ao redor da seleção, que não será na China a mesma batida pelas brasileiras no Pan -uma seleção sub 20.
As atletas da seleção recebem salários que em certos casos superam US$ 70 mil. Durante meio ano, moram e treinam na mesma cidade e disputam entre 20 e 25 partidas por ano.
Na Suécia vice mundial, onde joga a brasileira Marta, melhor jogadora do mundo, é parecido. ""Não temos futebol feminino profissional. Poucas jogadoras, 15 ou 20, são profissionais. As demais estudam ou trabalham", disse à Folha Jonas Nystedt, da Confederação Sueca de Futebol, que estima haver 250 mil jogadoras no país.
O campeonato local, que recebe ajuda marginal do governo -cerca de 5% de seu orçamento-, reúne público médio de 950 pessoas por jogo. A exceção é o time de Marta, o Umea, que reúne até 2.000.


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