São Paulo, sábado, 10 de setembro de 2011

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RITA SIZA

Faça chuva ou sol


Neste Aberto dos EUA, a maior rivalidade não é entre atletas, mas de jogadores com organizadores


Os jornais americanos, às vésperas do Aberto dos EUA, escreveram animadamente sobre "as grandes rivalidades do ténis" e abriram fóruns para que os leitores decidissem quem foi o maior campeão americano de sempre, John McEnroe ou Pete Sampras.
São fascinantes as rivalidades do ténis. Como dizia o "New York Times", são diferentes de todos os outros esportes: são "persistentes, tácticas, psicológicas, pessoalizadas, de alto risco". Não têm o carácter perene da rivalidade entre clubes ou nações, como no futebol, nem o lado excepcional dos duelos pessoais em modalidades colectivas -como a disputa de Magic Johnson e Larry Bird pelo título de maior da NBA nos anos 80.
No ténis, os rivais são todos, mas especialmente aqueles que vão dividindo entre si, ao longo dos anos, os lugares cimeiros do ranking. Chris Evert e Martina Navratilova foram rivais durante 16 anos, 80 jogos, 14 finais. Os fãs não esquecem a rivalidade de McEnroe com o sueco Björn Borg, de Jimmy Connors com o tcheco Ivan Lendl, ou o duelo americano entre Sampras e Andre Agassi.
Actualmente, o espanhol Rafael Nadal é o rival natural de Roger Federer (que, nesta fase da carreira, rivaliza com a história). Mas também há Novak Djokovic ou Andy Murray, rivais entre si e dos outros dois. "Isso não é sempre entre os mesmos dois...", justifica Nadal.
Mas, curiosamente, nesta edição do Aberto dos EUA, as principais rivalidades não são entre jogadores, mas sim de atletas com organizadores, que, por sua vez, estão envolvidos em discussões com patrocinadores, televisões e público.
É tudo por causa da chuva. Como nas últimas quatro edições, o tempo forçou a paragem de vários encontros e obrigou à suspensão de um dia inteiro de competição. É um inconveniente que implica um enorme esforço de logística, de reorganização da programação televisiva e do calendário de treinos e descansos dos atletas.
Sendo o problema recorrente, muito se tem falado na instalação de um tecto amovível, como acontece em Wimbledon. O investimento, que é tecnologicamente complexo e exige uma dotação financeira significativa, não se justifica, diz a Associação Americana de Ténis -e tendo a concordar que é bem mais virtuoso aplicar o dinheiro no desenvolvimento da modalidade (formação de jogadores, organização de mais torneios).
Só que, depois, a Associação Americana de Ténis não pode querer forçar os jogadores do Open a actuar em condições menos próprias, para a sua segurança e para o espectáculo, por causa dos seus contratos televisivos. Esse, sim, é um preço demasiado alto a pagar.


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