São Paulo, sábado, 10 de setembro de 2011

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JOSÉ ROBERTO TORERO

Rogério é um chato!


Ceni não obteve o amor de todos os brasileiros. Para o bem e para o mal, ele é do São Paulo


Sim, cortês leitor e cortesã leitora, o título deste texto é um xingamento. Mas há xingamentos que, em vez de ofenderem, elogiam. Chegue até o fim dos 2.455 toques deste texto e vai entender.
Começo lembrando o inesquecível: Rogério chegou aos mil jogos pelo São Paulo. Mil! Só o norte-irlandês Noel Bailie (1.014 jogos), Roberto Dinamite (1.065) e Pelé (1.116) estão à sua frente.
Mas se o goleiro continuar no futebol até o final do ano que vem, como é o seu plano, passará o ex--jogador do Linfield e o presidente do Vasco. E, se retardar sua aposentadoria, ficando até o fim de 2013, ultrapassará o Rei. Ou seja, com mais dois anos e pouco, pode se tornar o atleta que mais jogou por um clube. Não é à toa que ele é amado pelos tricolores, não é à toa que ele diz que o São Paulo é sua vida.
Curiosamente, Ceni não conseguiu ganhar o amor de todos os brasileiros. Tanto que não se tornou um garoto-propaganda. Marcos, do Palmeiras, pode ser visto até cantando em comerciais, e Neymar quase aparece mais nos intervalos que nos dos jogos. Mas Rogério, apesar de sua carreira gloriosa, não é tão convocado pela publicidade. Talvez isso ocorra porque ele não transcendeu o clube. Rogério Ceni, para o bem e para o mal, é do São Paulo.
Creio que isso acontece porque Rogério não chegou a disputar uma Copa como titular da seleção. Seu azar foi que, mesmo estando em grande fase em 2002 e 2006, pegou Marcos e Dida em melhores fases ainda.
Além disso, num fatídico empate da seleção com o Barcelona, falhou nos dois gols e não assumiu os erros, dizendo, pelo contrário, que tinha sido uma das maiores apresentações de um goleiro pela seleção brasileira. Tamanha falta de humildade pegou tão mal que ele perdeu a posição de titular. E não mais a recuperou.
Mas, assim como Telê, ele deu a volta por cima no São Paulo, conquistando glórias que nenhum outro jogador conseguiu pelo clube.
Para começar, é claro, há os mil jogos por um clube. Mas há também os cem gols, o tri brasileiro, a Libertadores e o Mundial contra o Liverpool, quando ele fez uma partida perfeita, com defesas que fizeram o torcedor rival engolir de volta o grito de gol que já estava saindo de sua garganta.
Daqui a 50 anos, os torcedores dos outros times dirão que ele era muito bom, mas um chato. E os do São Paulo responderão que a verdade é que ele não tinha falsa modéstia, pois sabia que era o melhor de todos.
Ou seja, Rogério Ceni é um chato. Principalmente porque não é do nosso time.


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