São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2005

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Após confessar manipulação de jogos, Edilson Pereira de Carvalho acusa, sem provas, ex-chefe da arbitragem de pressioná-lo para favorecer times

Armando Marques pedia fraude, diz juiz

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Pivô do escândalo de arbitragem-admitiu que fraudava jogos de futebol- ,o juiz Edilson Pereira de Carvalho acusou ontem o ex-presidente da comissão de Arbitragem da CBF Armando Marques de pedir-lhe para favorecer times em competições nacionais. Segundo ele, isso acontecia pelo menos desde 2001.
À Folha, Carvalho afirmou que não tem provas das interferências de Marques. Mas contou que tem registradas em seu computador as vezes em que o ex-homem-forte da arbitragem pediu que beneficiasse alguma equipe.
Procurado, Armando Marques não quis falar com a Folha.
Carvalho ainda confirmou que o vice da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, também o orientava a fraudar resultados. As interferências dos dois dirigentes, porém, não têm relação com o esquema de apostas em sites clandestinos, descoberto pela Polícia Federal.
"Só que não tenho provas. Tenho comigo historinhas", explicou Carvalho, em referência a Marques e a Carneiro Bastos. "Tudo [está] escrito aqui no meu computador. Vou guardando."
O árbitro, que desconhece pressão a outros juízes, disse que vai contar hoje quando Marques lhe pediu para favorecer times. Ontem, só citou um jogo, das oitavas-de-final da Copa do Brasil de 2001, entre Flamengo e Juventude. Segundo Carvalho, Marques lhe pediu para beneficiar a equipe carioca. O juiz expulsou dois jogadores do Flamengo, mas, como o time carioca se classificou, sua atuação foi aprovada.
Ele explicou que o ex-diretor da CBF ligava para sua casa ou para o seu celular para falar sobre a forma de apitar jogos.
"Provas tenho do jogo", disse o árbitro. "Tenho o que pode acontecer comigo depois do jogo. (...)Ficava fora de escala."
O juiz negou pedidos de favorecimento do vice-presidente da CBF, Nabi Abi Chedid, a quem citara ao depor à Justiça Desportiva.
A princípio, o presidente do STJD, Luiz Zveiter, descartou mudanças em competições já terminadas. Sobre Marques, que já é investigado no tribunal, Zveiter vai esperar a divulgação das acusações para tomar uma atitude.

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