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TOSTÃO
A dança dos craques
Messi é o maior destaque do Barcelona e do mundo, como foi Ronaldinho por dois anos e Kaká na última temporada
APÓS DUAS semanas de férias,
cheguei no domingo a tempo
de ver uma belíssima exibição
do Barcelona. Quando está bem, o time catalão é o único do mundo que
dá show e vence. Como sou torcedor
do bom futebol, prefiro também ver
o Barcelona perder e dar espetáculo
do que ganhar sem encantar.
Logo depois, assisti aos vibrantes,
emocionantes e apenas razoáveis jogos do Brasileirão. A boa novidade é
o aumento da média de público,
mesmo sem nítida melhora da qualidade das equipes, do conforto nos
estádios e da diminuição da violência. Qual será o motivo disso? É simplista dizer que é somente a repetição da fórmula por pontos corridos,
a melhor de todas.
Será apenas uma onda passageira
de volta aos campos? Os torcedores
cansaram do futebol virtual e do excesso de informações inúteis nas
transmissões na televisão?
Prefiro falar dos craques. Pelas características parecidas, Messi é hoje
no futebol mundial o que esperávamos de Robinho. Isso não significa
que Robinho fracassou. Ele mostrou
no Real Madrid que é um excelente
jogador, mas que não está no nível
dos maiores craques.
Isso ocorreu porque Robinho não
encontrou boas condições técnicas e
táticas, não gostou da comida espanhola ou porque ele não tem a técnica e o talento dos grandes craques?
Habilidade não é sinônimo de técnica, nem de talento. Falta a Robinho a
jogada decisiva que consagra, seja o
passe ou a finalização.
Nesse momento, Messi é, merecidamente, o maior destaque do Barcelona e do mundo, como foi Ronaldinho durante dois anos e como foi
Kaká na última temporada. Kaká
deve ser eleito, com justiça, o melhor jogador do ano. Mas ele e Messi
não chegaram ao nível do Ronaldinho, no período em que ele reinou
no futebol.
Mesmo sem o brilho de antes, Ronaldinho tem atuado muito bem.
Para elogiar Messi, não é preciso diminuir ou esquecer o talento de Ronaldinho. Esse é um raciocínio maniqueísta, cada vez mais freqüente
no mundo atual, em que as pessoas e
os fatos são exaltados, consumidos e
rapidamente substituídos.
Ronaldinho não tem brilhado como antes porque foi ofuscado por
Messi, desconcentrou-se pela conquista de muita fama e dinheiro, ou
porque está mais lento, com menos
mobilidade e velocidade?
Acho que tudo isso e por outras
coisas que não sabemos. Em qualquer situação, a completa verdade
nunca é conhecida.
Antes, além de ser um magistral
criador de jogadas, Ronaldinho era
um excepcional atacante, movimentando-se por todos os lados do campo, mais pela esquerda, driblando
em velocidade em direção à linha de
fundo ou ao meio.
Ronaldinho perdeu a agressividade de atacante e se tornou cada vez
mais um excepcional armador, como mostrou nos dois últimos amistosos da seleção brasileira.
Os maiores craques da história só
conseguiram jogar no máximo de
suas possibilidades por alguns anos.
Nos outros anos, brilharam sem a
mesma intensidade.
Mesmo assim, ainda é cedo para
Ronaldinho diminuir o seu esplendor técnico.
De qualquer forma, o espetáculo
continua com novos artistas.
tostao.folha@uol.com.br
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