São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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TOSTÃO

A dança dos craques

Messi é o maior destaque do Barcelona e do mundo, como foi Ronaldinho por dois anos e Kaká na última temporada

APÓS DUAS semanas de férias, cheguei no domingo a tempo de ver uma belíssima exibição do Barcelona. Quando está bem, o time catalão é o único do mundo que dá show e vence. Como sou torcedor do bom futebol, prefiro também ver o Barcelona perder e dar espetáculo do que ganhar sem encantar.
Logo depois, assisti aos vibrantes, emocionantes e apenas razoáveis jogos do Brasileirão. A boa novidade é o aumento da média de público, mesmo sem nítida melhora da qualidade das equipes, do conforto nos estádios e da diminuição da violência. Qual será o motivo disso? É simplista dizer que é somente a repetição da fórmula por pontos corridos, a melhor de todas.
Será apenas uma onda passageira de volta aos campos? Os torcedores cansaram do futebol virtual e do excesso de informações inúteis nas transmissões na televisão?
Prefiro falar dos craques. Pelas características parecidas, Messi é hoje no futebol mundial o que esperávamos de Robinho. Isso não significa que Robinho fracassou. Ele mostrou no Real Madrid que é um excelente jogador, mas que não está no nível dos maiores craques.
Isso ocorreu porque Robinho não encontrou boas condições técnicas e táticas, não gostou da comida espanhola ou porque ele não tem a técnica e o talento dos grandes craques? Habilidade não é sinônimo de técnica, nem de talento. Falta a Robinho a jogada decisiva que consagra, seja o passe ou a finalização.
Nesse momento, Messi é, merecidamente, o maior destaque do Barcelona e do mundo, como foi Ronaldinho durante dois anos e como foi Kaká na última temporada. Kaká deve ser eleito, com justiça, o melhor jogador do ano. Mas ele e Messi não chegaram ao nível do Ronaldinho, no período em que ele reinou no futebol.
Mesmo sem o brilho de antes, Ronaldinho tem atuado muito bem. Para elogiar Messi, não é preciso diminuir ou esquecer o talento de Ronaldinho. Esse é um raciocínio maniqueísta, cada vez mais freqüente no mundo atual, em que as pessoas e os fatos são exaltados, consumidos e rapidamente substituídos.
Ronaldinho não tem brilhado como antes porque foi ofuscado por Messi, desconcentrou-se pela conquista de muita fama e dinheiro, ou porque está mais lento, com menos mobilidade e velocidade?
Acho que tudo isso e por outras coisas que não sabemos. Em qualquer situação, a completa verdade nunca é conhecida.
Antes, além de ser um magistral criador de jogadas, Ronaldinho era um excepcional atacante, movimentando-se por todos os lados do campo, mais pela esquerda, driblando em velocidade em direção à linha de fundo ou ao meio.
Ronaldinho perdeu a agressividade de atacante e se tornou cada vez mais um excepcional armador, como mostrou nos dois últimos amistosos da seleção brasileira. Os maiores craques da história só conseguiram jogar no máximo de suas possibilidades por alguns anos.
Nos outros anos, brilharam sem a mesma intensidade.
Mesmo assim, ainda é cedo para Ronaldinho diminuir o seu esplendor técnico. De qualquer forma, o espetáculo continua com novos artistas.


tostao.folha@uol.com.br

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