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Marion apaga sonho de recorde
Americana, que admitiu usar doping, foi quem mais ameaçou marcas suspeitas dos 100 m e dos 200 m
COI e Iaaf agem rápido para expulsá-la de Olimpíada, cassar medalhas, banir
seus tempos e obrigá-la a devolver dinheiro de prêmios
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Florence Griffith-Joyner viu
seus recordes serem postos em
xeque por uma jovem velocista
dez anos após obtê-los.
Em Johannesburgo, em 11 de
setembro de 1998, Marion Jones cravou 21s62 nos 200 m.
No dia seguinte, venceu os 100
m em 10s65. Nunca antes os
tempos do principal nome da
Olimpíada de Seul-88 tinham
sido tão ameaçados. Nove dias
depois, Florence, 38, morreu,
gerando ainda mais suspeita
sobre suas performances.
Com musculatura avantajada e visual chamativo, ela cravou o recorde dos 200 m
(21,34) em Seul -já era dona da
marca dos 100 m (10s49).
Se o mistério sepultado com
a atleta ainda não foi desvendado, as marcas de Marion Jones,
31, estão perto de serem cassadas. O Comitê Olímpico Internacional e a Associação Internacional das Federações de
Atletismo se apressam em concluir o processo que irá tirar as
glórias do currículo da atleta.
Após a confissão, na quinta,
de que usou doping, a velocista
terá suas melhores marcas
anuladas. Na prática, quem
chegou mais perto dos suspeitos recordes de Florence terá o
nome apagado dos registros.
Marion Jones confessou o
uso de THG, esteróide anabólico criado só para burlar o antidoping. A droga era fornecida
pelo técnico Trevor Graham,
que dizia ser "óleo de linhaça".
Anteontem, Marion Jones
começou a sair pela porta dos
fundos da história olímpica ao
devolver as cinco medalhas obtidas em Sydney-2000. Mesmo
destino terão os pódios em
Mundiais. Para COI e Iaaf, porém, isso não basta. As entidades querem que a atleta devolva
as premiações. Não é pouca
quantia. Entre outras receitas,
ela dividiu prêmio de US$ 2 milhões (R$ 3,6 milhões) referente aos títulos das seis etapas da
Liga de Ouro em 2001 e 2002.
O comitê quer banir seu nome da Olimpíada, o que não seria problema, já que Marion Jones encerrou a carreira. Porém
ela não poderia participar dos
Jogos em nenhuma função.
Além das medalhas conquistadas por Marion Jones nas
provas individuais, os EUA podem perder os pódios olímpicos nos revezamentos. Mas há
controvérsia quanto a isso.
Em caso semelhante, Jerome
Young, que teve doping encoberto em 1999, viu ser cassado
seu ouro no 4 x 400 m em
Sydney. Mas a sentença conservou o título para os EUA.
Ontem, no entanto, o presidente do Comitê Olímpico dos
EUA, Peter Ueberroth, disse
que a simples presença de Marion Jones na equipe "manchou" aquelas conquistas. Segundo o COI, a decisão será feita de acordo com as regras da
Iaaf, que divulgou que elas prevêem a exclusão da equipe toda.
Afora Marion Jones, Chryste
Gaines e Torri Edwards, integrantes do time bronze no 4 x
100 m em 2000, também cumprem pena por doping.
O processo todo deve ser
concluído até o fim do ano.
Diante de tanta sujeira irradiada pela maior estrela de uma
Olimpíada até então avaliada
como bem-sucedida, o comitê
quer reescrever logo a história.
A melhor definição da saia
justa criada com a fraude de
Marion Jones foi de Dick
Pound, chefe da Agência Mundial Antidoping: "Quando alguma coisa parece muito boa para
ser verdade, provavelmente é".
Com agências internacionais
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