São Paulo, sábado, 10 de outubro de 2009

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Argentina de Maradona é 1/6 de Messi e mais dez

Craque é único a atuar todo o tempo e rende bem abaixo do que faz na Europa

Nas eliminatórias, técnico confia apenas no jogador do Barcelona para sair da crise, mas ele fez só um gol em 540 minutos na competição

Eduardo Dí Baia/Associated Press
Messi, principal astro da Argentina,
em treino em Buenos Aires


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Maradona jogador foi um gênio. O técnico Maradona é uma porcaria. A maioria dos argentinos pensa assim hoje. O Messi do Barcelona é um gênio. Já o Messi da seleção argentina é uma porcaria. Possivelmente nenhum argentino pensa isso.
Porém os números de Messi são horríveis sob o comando de Maradona, que tenta hoje contra o Peru, em Buenos Aires, aliviar a crise da Argentina, ameaçada de não ir à Copa.
Comparando o número de gols marcados por Messi neste início de temporada na Europa (na última, ganhou tudo o que podia e deu mais show ainda) com os gols feitos no qualificatório sul-americano, dá para dizer que ele joga só 1/6 do que faz no clube espanhol.
Entre Copa dos Campeões e Campeonato Espanhol, Messi fez nesta temporada seis gols em 546 minutos. Nas eliminatórias, sem contar acréscimos, anotou só uma vez em 540 minutos. E foi em um 4 a 0 em casa na Venezuela -não foi decisivo, portanto, para o placar.
Além de Messi, só os experientes Zanetti e Heinze atuaram nos seis jogos da Argentina de Maradona nas eliminatórias, mas o primeiro foi reserva contra a Colômbia e o segundo foi substituído diante do Equador. Já foram 30 atletas usados nas partidas da Argentina em apenas seis duelos, e só Messi não foi tocado por Maradona.
"A ideia é rodear o Lio [Messi] de jogadores de bom toque, porque ele é um desafio para esta comissão técnica, ele é o ás de espadas", falou Maradona sobre o herdeiro da camisa 10.
A maior prova de que Maradona está perdido à frente da Argentina é o número grande de jogadores que ele convocou em pouco tempo de trabalho. Contando amistosos, foram 11 duelos e 78 atletas diferentes. Grosso modo, daria para montar sete seleções argentinas -Dunga, por exemplo, chamou em três anos e meio de atuação, usando times alternativos certas vezes, 81 jogadores.
Para acompanhar Messi hoje, a ""bola da vez" é Aimar, jogador cujo futebol foi definido como "uma delícia" por Maradona. Detalhe: ele não havia dado oportunidade ainda para um jogador que agora tanto elogia.
""Quando o vi jogar em Portugal [no Benfica], disse a Pablito [Aimar]: "Mantenha-se bem". Ficou bem e está agora aqui, sem sugestão de ninguém", falou Maradona, que ontem comandou um treinamento fechado para a imprensa.
Outro que pinta como candidato a salvador da pátria na última hora é Higuaín, atacante do Real Madrid que pode fazer sua estreia pela equipe -ele teve convites para defender a França, país em que nasceu, mas optou pelo time argentino.
Maradona, que negou anteontem que pode renunciar ao cargo, enfrenta críticas até dos que tanto o adoravam. Uma pesquisa realizada pelo diário esportivo "Olé" apontava ontem que, mesmo com a Argentina indo para a Copa do Mundo, 63,5% dos torcedores do país o querem fora da equipe.
É com Maradona e Messi sob intensa pressão que a Argentina, que não deixa de ir ao Mundial desde 1970, tenta ir à Copa.


NA TV - Argentina x Peru
ESPN Brasil e Sportv 2, às 19h




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