DA REPORTAGEM LOCAL

Argentina x Peru decisivo. Lembranças apontam para eliminatórias de duas Copas e para o mais polêmico dos jogos do Mundial-1978. Mas o presente é o que mais aflige o futebol peruano, quebrado e já fora de qualquer disputa.
"Contra o Uruguai, já comentaram que poderíamos receber alguma quantia, mas nada foi dito para nós sobre isso. Se houver algo agora, que avisem, por favor", disse o meia Palacios, "Maestro" para Maradona, na preparação peruana para o jogo.
Equatorianos, uruguaios, colombianos e venezuelanos têm interesse num triunfo do Peru hoje, porém os visitantes chegaram até a ameaçar greve (e possível W.O.) por falta de pagamento.
"Sim, eu aceitaria [dinheiro extra de outros times para vencer a Argentina]. Isso não pioraria meu rendimento em campo. Na hora de jogar, não se pensa no dinheiro", falou o goleiro Butrón, que é titular hoje, à imprensa peruana.
No famoso 6 a 0 da Argentina no Peru em 1978, o goleiro peruano era argentino: Quiroga. Os donos da casa precisavam de goleada para ir à final e conseguiram, eliminando o Brasil. Desde então há rumores sobre possível suborno de atletas.
A federação peruana descartou no meio de semana prêmios extras de terceiros a seus atletas, mas a situação financeira do futebol peruano não é nada animadora.
Os jogadores cobram o pagamento de US$ 6.000 (para cada atleta) referentes aos dois últimos jogos do time nas eliminatórias e os dois próximos. O Universitario, tradicional clube peruano, vem lutando atualmente contra a falência. O Alianza Atlético quase não jogou contra o Fluminense na Copa Sul-Americana por causa de dívidas também.
O diário peruano "El Bocón" fez uma comparação dos valores das duas seleções. A Argentina toda vale US$ 311,5 milhões (US$ 150 milhões correspondendo só a Messi), e o Peru somente US$ 23,1 milhões (US$ 12 milhões só a Vargas).
Mesmo nesse estado de penúria e sem contar com alguns de seus melhores jogadores, o Peru conseguiu surpreender o Uruguai -o lanterninha do qualificatório sul-americano fez 1 a 0.
Os argentinos, incluindo Maradona, têm mostrado respeito aos peruanos em declarações, mas temem a tal "mala branca" e a história.
Nas eliminatórias para a Copa de 1970 (a última sem a Argentina), os peruanos eliminaram os argentinos em Buenos Aires com um empate em 2 a 2. No qualificatório para 1986, não perderam da Argentina de Maradona -1 a 0 em casa e 2 a 2 fora. (RBU)


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