São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

Os pais dos Menudos


Juvenal Juvêncio era diretor de futebol na época em que o São Paulo mais usou os atletas da base


CARLOS MIGUEL AIDAR era o presidente do São Paulo no tempo em que o clube mais conseguia usar suas divisões de base. Em 1985, anunciou que não contrataria craques e que montaria sua equipe à base dos juniores. "A ideia surgiu na campanha para a presidência. Para dar certo, escolhemos o técnico certo", lembra Aidar.
O técnico preferido era Telê Santana, caro demais. A opção por Cilinho, de ótimas passagens por times pequenos e péssimas por times grandes, explicava-se: "Ele tinha tradição de lançar jovens jogadores", lembra Aidar.
Juvenal Juvêncio era o diretor de futebol naquela época e nunca esqueceu a experiência. Nem a torcida do São Paulo, que até hoje repete os nomes de Silas, Muller, Sidnei e Nelsinho, campeões paulistas no final daquele ano.
Paulo César Carpegiani ouviu como primeira recomendação do presidente, ao ser contratado, que lance os meninos. Se Baresi não teve sucesso em sua primeira investida como treinador, isso não significa que o CT de Cotia não possa funcionar.
O segundo conselho ouvido por Carpegiani veio de Sérgio Baresi: "O Diogo está merecendo jogar", disse. Richarlyson estava suspenso, e Carpegiani escalou o garoto, assim como Rogério, Jean, Casemiro, Lucas e Lucas Gaúcho, também pratas da casa. Pela primeira vez desde 2003, seis formados no Morumbi entraram em campo.
Há algumas teorias para o tricolor não ver brilhar os jogadores de Cotia. Que os garotos já chegam aos profissionais mimados por presentes de seus empresários e sem a fome necessária a um craque. Ou que a política de contratações de jovens entre 14 e 17 anos de outros clubes leva ao São Paulo jogadores sem compromisso. Quem trabalhou tanto em Cotia como na Barra Funda tem a mais certa das teses. O desperdício se dá porque os garotos não têm chance. "O Denílson não subia no ônibus dos profissionais", constatou o presidente Juvenal Juvêncio, ao tratar dos motivos que provocaram a venda do volante, hoje no Arsenal. Muricy era o treinador.
"Não sei se Carpegiani terá o perfil para lançar garotos. Muricy era o cara!", diz Aidar, no papel de torcedor. Como dirigente, lembra-se de ter um ótimo aliado para aplicar com sucesso a filosofia dos Menudos, 25 anos atrás: Juvenal Juvêncio. O mesmo amigo sobre o qual faz hoje uma constatação: "Ele está muito isolado". Isolado porque centraliza decisões. E também porque seus pares não sonham tão intensamente com o time de meninos.

pvc@uol.com.br


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