São Paulo, sábado, 10 de outubro de 1998

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FUTEBOL
Time de Scolari, com 35 gols no torneio, busca 9ª vitória consecutiva
Palmeiras tenta manter eficiência contra o Inter

César Rodrigues/Folha Imagem
O atacante Paulo Nunes, do Palmeiras, durante treino da equipe para a partida contra o Internacional



FERNANDO MELLO
da Reportagem Local

Sob o comando de um técnico com fama de retranqueiro, o Palmeiras, de Luiz Felipe Scolari, entra hoje em campo contra o Internacional como o time de melhor ataque no Brasileiro, com 35 gols.
O time, líder do campeonato ao lado do Santos, com 35 pontos, quer hoje, às 17h, no Parque Antarctica, conquistar a nona vitória consecutiva -foram seis no Brasileiro e duas na Copa Mercosul.
Com fama de durão e disciplinador, o técnico Luiz Felipe Scolari sempre teve como marca a força defensiva dos times que dirigiu. Foi assim com o Grêmio, quando conquistou a Taça Libertadores-95, o Brasileiro-96 e a Copa do Brasil de 94, e com o Criciúma, quando venceu a Copa do Brasil-91.
Mas, no atual torneio, o time de Scolari vem jogando um futebol ofensivo, com objetividade e eficiência na hora de marcar os gols.
Nas últimas oito vitórias, a equipe palmeirense vem fazendo pelo menos três gols por partida. Na média do Brasileiro, o índice do Palmeiras é de 2,25 gols por jogo.
"Não estou mais ofensivo. Não mudei minha característica de montar minhas equipes. O time está marcando gols porque está entrosado, porque estamos juntos há 15 meses", afirmou o treinador.
Quando dirigia o Grêmio, o time de Scolari teve média de 1,79 gols por partida na conquista do Campeonato Nacional de 96.
² Inversão de papéis
Ao contrário do que muitos pensam, os times de Wanderley Luxemburgo, que tem fama de ser um treinador ousado, que busca sempre o gol, são menos eficientes na hora de marcar do que o Palmeiras de Scolari.
Quando Wanderley Luxemburgo conquistou seu primeiro título nacional no Palmeiras, o time teve uma média de 1,82 gols por jogo. Contando com estrelas como Roberto Carlos, Zinho, Edílson, Edmundo e Evair, a equipe palmeirense fez 40 gols em 22 partidas.
No ano seguinte, o Palmeiras bicampeão brasileiro, com Rivaldo no lugar de Edílson, aumentou um pouco seu índice, chegando à média de 1,87.
Luxemburgo montou um "super-ataque" em 96, no Paulista. O Palmeiras fez 102 gols com a dupla Muller e Luizão na frente e foi campeão. Mas o time enfrentou adversários de menor nível técnico, como Novorizontino, União São João, XV de Jaú e Ferroviária.
No Campeonato Nacional do mesmo ano, a equipe de Luxemburgo teve uma média de 1,76.
A performance de Luiz Felipe Scolari no Brasileiro-98 é de 2,25 (quase 21% mais eficiente que a melhor marca do rival em Brasileiros, na conquista de 94).
"Essa marca mostra que o Felipão não é retranqueiro. Isso foi uma coisa que as pessoas criaram. Os times dele têm sempre muita disciplina tática e treinamento. É por isso que o Palmeiras está na fase que está", afirmou Zinho.
Scolari também refuta a fama de privilegiar o lado defensivo. "Não sou nem nunca fui retranqueiro. O meu time joga esquematizado, com pegada no meio-campo. Mas também falo para os atletas que é importante atacar."
O técnico palmeirense espera hoje um Internacional fechado, buscando explorar os contra-ataques. "Eles têm um time com uma marcação muito forte."
Scolari disse que o jogo não terá um gosto especial, por ele ser gremista. "Isso não existe. Não há rivalidade entre Palmeiras e Inter."
Segundo ele, o time precisa de apenas mais um ponto para se classificar para a próxima fase do torneio. "Mas não é por isso que vamos jogar para empatar. Queremos sempre a vitória."
Os jogadores palmeirenses prometem coreografias em caso de gols. "Vamos continuar comemorando, mas sem atingir os adversários", disse Paulo Nunes.
Scolari disse que não vai proibir as coreografias. A comemoração do zagueiro Júnior Baiano no clássico contra a Lusa gerou polêmica. O zagueiro fez gestos obscenos para a torcida adversária. "Foi uma maneira de mostrar alegria", disse Scolari. O treinador negou que vá participar de futuras comemorações. "Não dá para dançar com o Paulo Nunes porque ele é muito feio", afirmou.
O zagueiro deu ontem a primeira entrevista depois da polêmica. "Os torcedores não entenderam. Foi uma forma de extravasar."



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