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RODRIGO BUENO
Arsenal
Time dos Grondona está bem perto de uma façanha que nenhum clube brasileiro até o momento conseguiu realizar
"NUNCA sentimos que o
Arsenal fosse o time dos
Grondona. Muitas pessoas em Sarandí trabalharam arduamente para que o clube fosse o que é
hoje. E todos têm méritos nisso."
A frase é de Héctor Grondona, irmão de Julio Grondona e maior artilheiro da história do Arsenal, clube-sensação da Copa Sul-Americana
(empate com gols com um cambaleante River Plate o leva a uma final
que ainda não teve time brasileiro).
O Julio é aquele mesmo senhor
que comanda a federação argentina
desde 1979, presidiu o Independiente e ocupa a vice-presidência da Fifa.
Em 1957, ele fundou o Arsenal, que
leva nome do gigante inglês e usa as
cores dos vizinhos Independiente e
Racing. ""É uma equipe humilde com
alguns jogadores experientes e outros garotos aqui da região. O Arsenal não é uma equipe como o Santos.
Se tivesse a oportunidade de ter um
Pelé, seria, mas não é. Ganhar no
México do Chivas [3 a 1] não é normal. São situações de jogo. Às vezes
se ganha. Não dá para saber até onde
vai chegar o clube. Vamos ver, se ganhar [Sul-Americana], te pago uma
champanhe", falou Julio à coluna.
Héctor, que também foi dirigente
do time, fez 168 gols em 319 jogos pelo Arsenal. O filho de Héctor, Gustavo, atuou no clube como meia nos
anos 90. ""Gustavo jogou muito tempo no Universitario e, por três anos,
foi o melhor estrangeiro no Peru",
falou o poderoso Julio, que dá nome
ao estádio do Arsenal e lamenta algo
na família. ""Parece que não haverá
mais Grondonas jogando no Arsenal. Tenho sete netos, um que gosta
muito de cavalos e os outros são mulheres", diz Julio. Seu filho Julio Ricardo, porém, é o cartola maior hoje.
"Ele é melhor que eu como presidente. Se propôs e conseguiu levar
uma associação humilde à primeira
divisão do futebol argentino, que é
importante no mundo", falou o Julio pai, que tem outros filhos ligados
ao clube. ""Liliana forma parte da comissão diretiva, e Humberto atua na
parte técnica", conta o chefe do clã.
Mas será que tanta força política
rende vantagens para o Arsenal?
"Os do Viaduto", como são chamadas as pessoas ligadas ao time de Sarandí, podem ganhar um título que
nem o Libertad de Nicolás Leoz, o
presidente paraguaio da Conmebol,
obteve. Julio Grondona garante que,
se o clube passar à final, por exemplo, não mandará o jogo em casa.
"Nosso estádio foi reformado, mas
tem capacidade para 20 mil pessoas.
Quando temos que mandar jogos
em outro campo, usamos o estádio
do Racing", disse Julio, cuja decisão
deveria desagradar ao papai dele. "O
Independiente é o time do meu pai.
Meu time de coração é o Arsenal."
Mas Julio não esquece do tempo
em que dirigia o primeiro "Rei de
Copas". "Em 1964, à frente do departamento de futebol do Independiente, ganhamos de 3 a 2 do Santos
pela Libertadores no Maracanã."
O Santos, aliás, ainda luta para ir à
Libertadores de 2008. O Arsenal,
com a família Grondona, já está lá.
rbueno@folhasp.com.br
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