São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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RODRIGO BUENO

Arsenal

Time dos Grondona está bem perto de uma façanha que nenhum clube brasileiro até o momento conseguiu realizar

"NUNCA sentimos que o Arsenal fosse o time dos Grondona. Muitas pessoas em Sarandí trabalharam arduamente para que o clube fosse o que é hoje. E todos têm méritos nisso."
A frase é de Héctor Grondona, irmão de Julio Grondona e maior artilheiro da história do Arsenal, clube-sensação da Copa Sul-Americana (empate com gols com um cambaleante River Plate o leva a uma final que ainda não teve time brasileiro).
O Julio é aquele mesmo senhor que comanda a federação argentina desde 1979, presidiu o Independiente e ocupa a vice-presidência da Fifa.
Em 1957, ele fundou o Arsenal, que leva nome do gigante inglês e usa as cores dos vizinhos Independiente e Racing. ""É uma equipe humilde com alguns jogadores experientes e outros garotos aqui da região. O Arsenal não é uma equipe como o Santos.
Se tivesse a oportunidade de ter um Pelé, seria, mas não é. Ganhar no México do Chivas [3 a 1] não é normal. São situações de jogo. Às vezes se ganha. Não dá para saber até onde vai chegar o clube. Vamos ver, se ganhar [Sul-Americana], te pago uma champanhe", falou Julio à coluna.
Héctor, que também foi dirigente do time, fez 168 gols em 319 jogos pelo Arsenal. O filho de Héctor, Gustavo, atuou no clube como meia nos anos 90. ""Gustavo jogou muito tempo no Universitario e, por três anos, foi o melhor estrangeiro no Peru", falou o poderoso Julio, que dá nome ao estádio do Arsenal e lamenta algo na família. ""Parece que não haverá mais Grondonas jogando no Arsenal. Tenho sete netos, um que gosta muito de cavalos e os outros são mulheres", diz Julio. Seu filho Julio Ricardo, porém, é o cartola maior hoje.
"Ele é melhor que eu como presidente. Se propôs e conseguiu levar uma associação humilde à primeira divisão do futebol argentino, que é importante no mundo", falou o Julio pai, que tem outros filhos ligados ao clube. ""Liliana forma parte da comissão diretiva, e Humberto atua na parte técnica", conta o chefe do clã.
Mas será que tanta força política rende vantagens para o Arsenal?
"Os do Viaduto", como são chamadas as pessoas ligadas ao time de Sarandí, podem ganhar um título que nem o Libertad de Nicolás Leoz, o presidente paraguaio da Conmebol, obteve. Julio Grondona garante que, se o clube passar à final, por exemplo, não mandará o jogo em casa.
"Nosso estádio foi reformado, mas tem capacidade para 20 mil pessoas. Quando temos que mandar jogos em outro campo, usamos o estádio do Racing", disse Julio, cuja decisão deveria desagradar ao papai dele. "O Independiente é o time do meu pai. Meu time de coração é o Arsenal."
Mas Julio não esquece do tempo em que dirigia o primeiro "Rei de Copas". "Em 1964, à frente do departamento de futebol do Independiente, ganhamos de 3 a 2 do Santos pela Libertadores no Maracanã."
O Santos, aliás, ainda luta para ir à Libertadores de 2008. O Arsenal, com a família Grondona, já está lá.


rbueno@folhasp.com.br

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