São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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"Nova" Rebeca surpreende adversária

Prata no Pan, venezuelana destaca crescimento da brasileira, diz que não desconfiou de doping e pede esporte limpo

Arlene Semeco competiu pela primeira vez com a campeã dos Jogos do Rio em 2003 e poderá herdar dois ouros da concorrente

FABIO GRIJÓ
DA REPORTAGEM LOCAL

Arlene Semeco terminou logo atrás de Rebeca Gusmão nas finais dos 50 m e dos 100 m livre no Pan do Rio. Antes de cair na piscina do Parque Aquático Maria Lenk, em julho, a venezuelana lembra ter ficado surpresa com a adversária.
"Ela é muito forte, mudou muito desde quando a conheci. Quando a vi no Pan, até me surpreendi, mas jamais pensei em algo relacionado a doping", contou Semeco à Folha, por telefone, de Coral Springs, nos EUA, onde mora.
"Sempre pensei o melhor dela. Conheço muitas mulheres grandes, bem fortes, que não usaram nada, não têm problema com doping", prosseguiu.
A nadadora da Venezuela irá herdar os dois ouros no Pan se a brasileira tiver suas medalhas cassadas por doping.
Rebeca está suspensa preventivamente pela Fina (Federação Internacional de Natação), desde o último dia 2, por resultado positivo no Pan. Foi detectada testosterona na urina. Ela ainda responde a outra suspeita de doping, que teria ocorrido em maio de 2006. O caso está em análise na Corte de Arbitragem do Esporte.
Anteontem, a situação da brasileira piorou com a divulgação, pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), de que duas das quatro amostras de urina coletadas de Rebeca durante o Pan continham DNAs de pessoas diferentes. Ou seja: os conteúdos foram manipulados.
Semeco ainda tenta recuperar o recorde sul-americano dos 50 m livre, estabelecido por ela na semifinal (25s14) e batido por Rebeca na final (25s05). Se condenada, a brasileira também irá perder a marca.
"Estou apenas esperando. Não quero dizer nada ainda porque é algo muito delicado. Acho que não vou ficar nem feliz nem triste. Já fiquei satisfeita com meu desempenho no Pan. Agora, só resta esperar a decisão da Fina", disse Semeco.
A atleta recordou a primeira vez que enfrentou a brasileira. "Conheci Rebeca em 2003, em Belém, no Sul-Americano. Amigas minhas que são mais próximas dela falam muito bem dela. Eu era mais próxima da Flávia [Delarolli, principal oponente de Rebeca nas provas de velocidade no Brasil]."
A nadadora evitou criticar a oponente brasileira, mas defendeu o "esporte limpo".
"Não estou contente por ela [Rebeca], uma pessoa boa. Lamento muito o que esteja acontecendo com ela, mas, antes de mais nada, é preciso saber que o esporte tem de ser limpo", declarou Semeco.
Ela pode se tornar a primeira mulher da Venezuela a faturar um ouro na natação do Pan. E ainda deixar Rebeca -que tinha conquistado os primeiros topos do pódio para a equipe feminina do Brasil na história da competição- sem nada.
"Há um mês, me chamaram no Comitê Olímpico da Venezuela. Desde então, estou na expectativa", disse Semeco, que já está classificada para a Olimpíada de Pequim-2008 nos 50 m e nos 100 m livre.


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