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"Nova" Rebeca surpreende adversária
Prata no Pan, venezuelana destaca crescimento da brasileira, diz que não desconfiou de doping e pede esporte limpo
Arlene Semeco competiu pela primeira vez com a
campeã dos Jogos do Rio em 2003 e poderá herdar
dois ouros da concorrente
FABIO GRIJÓ
DA REPORTAGEM LOCAL
Arlene Semeco terminou logo atrás de Rebeca Gusmão nas
finais dos 50 m e dos 100 m livre no Pan do Rio. Antes de cair
na piscina do Parque Aquático
Maria Lenk, em julho, a venezuelana lembra ter ficado surpresa com a adversária.
"Ela é muito forte, mudou
muito desde quando a conheci.
Quando a vi no Pan, até me surpreendi, mas jamais pensei em
algo relacionado a doping",
contou Semeco à Folha, por telefone, de Coral Springs, nos
EUA, onde mora.
"Sempre pensei o melhor dela. Conheço muitas mulheres
grandes, bem fortes, que não
usaram nada, não têm problema com doping", prosseguiu.
A nadadora da Venezuela irá
herdar os dois ouros no Pan se
a brasileira tiver suas medalhas
cassadas por doping.
Rebeca está suspensa preventivamente pela Fina (Federação Internacional de Natação), desde o último dia 2, por
resultado positivo no Pan. Foi
detectada testosterona na urina. Ela ainda responde a outra
suspeita de doping, que teria
ocorrido em maio de 2006. O
caso está em análise na Corte
de Arbitragem do Esporte.
Anteontem, a situação da
brasileira piorou com a divulgação, pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos
Aquáticos), de que duas das
quatro amostras de urina coletadas de Rebeca durante o Pan
continham DNAs de pessoas
diferentes. Ou seja: os conteúdos foram manipulados.
Semeco ainda tenta recuperar o recorde sul-americano
dos 50 m livre, estabelecido por
ela na semifinal (25s14) e batido por Rebeca na final (25s05).
Se condenada, a brasileira também irá perder a marca.
"Estou apenas esperando.
Não quero dizer nada ainda
porque é algo muito delicado.
Acho que não vou ficar nem feliz nem triste. Já fiquei satisfeita com meu desempenho no
Pan. Agora, só resta esperar a
decisão da Fina", disse Semeco.
A atleta recordou a primeira
vez que enfrentou a brasileira.
"Conheci Rebeca em 2003, em
Belém, no Sul-Americano.
Amigas minhas que são mais
próximas dela falam muito
bem dela. Eu era mais próxima
da Flávia [Delarolli, principal
oponente de Rebeca nas provas
de velocidade no Brasil]."
A nadadora evitou criticar a
oponente brasileira, mas defendeu o "esporte limpo".
"Não estou contente por ela
[Rebeca], uma pessoa boa. Lamento muito o que esteja acontecendo com ela, mas, antes de
mais nada, é preciso saber que
o esporte tem de ser limpo",
declarou Semeco.
Ela pode se tornar a primeira
mulher da Venezuela a faturar
um ouro na natação do Pan. E
ainda deixar Rebeca -que tinha conquistado os primeiros
topos do pódio para a equipe
feminina do Brasil na história
da competição- sem nada.
"Há um mês, me chamaram
no Comitê Olímpico da Venezuela. Desde então, estou na
expectativa", disse Semeco,
que já está classificada para a
Olimpíada de Pequim-2008
nos 50 m e nos 100 m livre.
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