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Cavalieri assume sua camisa 12
Goleiro do Palmeiras nega saída e diz que, se depender de sua vontade, fica, no mínimo, até 2009
Arqueiro afirma que não veria problemas em voltar à reserva de Marcos, espera chance na seleção e fala em fazer toda carreira no clube
RENAN CACIOLI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O camisa 1 do Palmeiras ainda é Marcos. Mera burocracia
da numeração fixa adotada pelo clube no início do ano. Titular absoluto, Diego Cavalieri,
que usa a 12, não tem o mesmo
carisma de seu antecessor.
É tímido, costuma priorizar o
coletivo mesmo quando a pergunta é pessoal, e confessa não
ter mensurado a dimensão de
defender a tradicional escola de
arqueiros do Parque Antarctica. "Nunca parei para pensar
no que era e no que sou hoje".
As belas atuações no Brasileiro levantaram especulações sobre a possível saída para a Europa, reforçadas pelo passaporte que ele tirou a pedido da diretoria. À Folha, Cavalieri, 24,
não só negou o adeus como sinalizou com a chance de fazer
toda a carreira no Palmeiras.
"É a minha primeira pele".
FOLHA - Este é o ano mais importante da sua carreira?
DIEGO CAVALIERI - Todo momento é importante. Mas destaco o
ano passado porque foi quando
pude aparecer um pouco mais
para o público. Esse ano está
sendo importante para dar
continuidade ao meu trabalho.
FOLHA - Você já tem a consciência
de que não é mais uma promessa?
CAVALIERI - Minha cabeça é
muito bem resolvida em relação a isso. Quando você entra, é
claro que tem uma desconfiança. O tempo vai passando, você
mostra sua qualidade e as coisas vão melhorando. Mas eu
continuo a mesma pessoa.
Nunca parei para pensar no
que era e no que sou hoje. Minha cabeça funciona assim: tenho que treinar, treinar, para
poder sempre melhorar.
FOLHA - Você já começou aqui sendo comparado ao Marcos. Em algum
momento isso te chateou?
CAVALIERI - De maneira nenhuma. Tenho um prazer enorme
em ter o Marcos como companheiro. É uma pessoa que sempre me ajudou aqui, sempre me
incentivou. Eu sabia que a cobrança iria existir, principalmente por o Marcos ser um
ídolo da torcida. Isso tem um
peso enorme. Mas sempre trabalhei sabendo que iria ser cobrado como ele é. Não fico chateado e não vejo problema algum nessa comparação.
FOLHA - Você joga com a camisa
12. Tem esse tipo de vaidade, de ser
o dono da camisa 1 do Palmeiras?
CAVALIERI - Não. Quero jogar. O
número da camisa não importa. A vaidade que eu tenho aqui
dentro é de estar sempre preparado para ajudar o time.
FOLHA - Aceitaria ficar na reserva
do Marcos de novo?
CAVALIERI - Se o Marcos que é o
Marcos não falou nada, quem
sou eu pra falar? A gente não
têm essa vaidade. Torço muito
por ele, espero que volte, tenha
uma temporada regular, sem
contusões. E se tiver que ficar
no banco, não vejo problema algum. O importante é estar aqui.
FOLHA - Você cogitaria atuar em
outro clube do Brasil?
CAVALIERI - Estou bem aqui. Tenho contrato até 2009. Espero
chegar lá e renovar por mais
tempo. Não dá pra saber do futuro. Difícil fazer essa projeção.
FOLHA - Jogaria no Corinthians?
CAVALIERI - Difícil. A gente sabe
da cobrança que é sair do clube,
principalmente para o rival.
FOLHA - O Rogério, no São Paulo, e
o Marcos, aqui, fizeram a carreira no
mesmo clube. Você pretende ter essa linhagem "pura"?
CAVALIERI - Seria muito bom
poder jogar e encerrar a carreira num clube só. Faço o que eu
gosto e amo esse clube.
FOLHA - O Palmeiras é como uma
segunda pele para você?
CAVALIERI - Rapaz, acho que está para disputar com a primeira. Sempre freqüentei estádio,
tinha álbum de figurinhas, camisa. É um clube que eu amo,
torço, minha família toda é palmeirense. Pode botar aí como a
minha primeira pele.
FOLHA - Tem alguma proposta de
fora concreta que chegou até você?
Por que fazer o passaporte?
CAVALIERI - O negócio do passaporte a diretoria pediu, mas
não foi agora, já faz tempo. Agora, de negociação não tem nada,
não chegou nada até mim.
FOLHA - A torcida vai continuar gritando seu nome em 2008, então?
CAVALIERI - Pelo menos até
2009 (risadas), que é quando
acaba o contrato.
FOLHA - O Dunga tem feito várias
experiências, inclusive no gol. Já se
vê credenciado para a convocação?
CAVALIERI - A seleção está muito bem servida com o Júlio César, o Doni, que são excelentes
goleiros. Estão tendo oportunidade, e correspondendo. Nada
mais justo que permaneçam. É
um sonho que tenho, espero
um dia estar lá, mas respeito os
que estão. Uma hora a oportunidade chega.
FOLHA - O que te deixaria mais
frustrado? Sair do Palmeiras sem
conquistar um título, ou chegar na
seleção mas não se firmar por lá?
CAVALIERI - São coisas diferentes. Sonho em conquistar títulos aqui no Palmeiras, isso deve
ser muito gostoso. É um objetivo que eu tenho traçado na minha vida. E seleção também.
Mas ir uma vez para não ir mais
também deve ser horrível.
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