São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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Cavalieri assume sua camisa 12

Goleiro do Palmeiras nega saída e diz que, se depender de sua vontade, fica, no mínimo, até 2009

Arqueiro afirma que não veria problemas em voltar à reserva de Marcos, espera chance na seleção e fala em fazer toda carreira no clube

RENAN CACIOLI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O camisa 1 do Palmeiras ainda é Marcos. Mera burocracia da numeração fixa adotada pelo clube no início do ano. Titular absoluto, Diego Cavalieri, que usa a 12, não tem o mesmo carisma de seu antecessor.
É tímido, costuma priorizar o coletivo mesmo quando a pergunta é pessoal, e confessa não ter mensurado a dimensão de defender a tradicional escola de arqueiros do Parque Antarctica. "Nunca parei para pensar no que era e no que sou hoje".
As belas atuações no Brasileiro levantaram especulações sobre a possível saída para a Europa, reforçadas pelo passaporte que ele tirou a pedido da diretoria. À Folha, Cavalieri, 24, não só negou o adeus como sinalizou com a chance de fazer toda a carreira no Palmeiras. "É a minha primeira pele".

 

FOLHA - Este é o ano mais importante da sua carreira?
DIEGO CAVALIERI -
Todo momento é importante. Mas destaco o ano passado porque foi quando pude aparecer um pouco mais para o público. Esse ano está sendo importante para dar continuidade ao meu trabalho.

FOLHA - Você já tem a consciência de que não é mais uma promessa?
CAVALIERI -
Minha cabeça é muito bem resolvida em relação a isso. Quando você entra, é claro que tem uma desconfiança. O tempo vai passando, você mostra sua qualidade e as coisas vão melhorando. Mas eu continuo a mesma pessoa. Nunca parei para pensar no que era e no que sou hoje. Minha cabeça funciona assim: tenho que treinar, treinar, para poder sempre melhorar.

FOLHA - Você já começou aqui sendo comparado ao Marcos. Em algum momento isso te chateou?
CAVALIERI -
De maneira nenhuma. Tenho um prazer enorme em ter o Marcos como companheiro. É uma pessoa que sempre me ajudou aqui, sempre me incentivou. Eu sabia que a cobrança iria existir, principalmente por o Marcos ser um ídolo da torcida. Isso tem um peso enorme. Mas sempre trabalhei sabendo que iria ser cobrado como ele é. Não fico chateado e não vejo problema algum nessa comparação.

FOLHA - Você joga com a camisa 12. Tem esse tipo de vaidade, de ser o dono da camisa 1 do Palmeiras?
CAVALIERI -
Não. Quero jogar. O número da camisa não importa. A vaidade que eu tenho aqui dentro é de estar sempre preparado para ajudar o time.

FOLHA - Aceitaria ficar na reserva do Marcos de novo?
CAVALIERI -
Se o Marcos que é o Marcos não falou nada, quem sou eu pra falar? A gente não têm essa vaidade. Torço muito por ele, espero que volte, tenha uma temporada regular, sem contusões. E se tiver que ficar no banco, não vejo problema algum. O importante é estar aqui.

FOLHA - Você cogitaria atuar em outro clube do Brasil?
CAVALIERI -
Estou bem aqui. Tenho contrato até 2009. Espero chegar lá e renovar por mais tempo. Não dá pra saber do futuro. Difícil fazer essa projeção.

FOLHA - Jogaria no Corinthians?
CAVALIERI -
Difícil. A gente sabe da cobrança que é sair do clube, principalmente para o rival.

FOLHA - O Rogério, no São Paulo, e o Marcos, aqui, fizeram a carreira no mesmo clube. Você pretende ter essa linhagem "pura"?
CAVALIERI -
Seria muito bom poder jogar e encerrar a carreira num clube só. Faço o que eu gosto e amo esse clube.

FOLHA - O Palmeiras é como uma segunda pele para você?
CAVALIERI -
Rapaz, acho que está para disputar com a primeira. Sempre freqüentei estádio, tinha álbum de figurinhas, camisa. É um clube que eu amo, torço, minha família toda é palmeirense. Pode botar aí como a minha primeira pele.

FOLHA - Tem alguma proposta de fora concreta que chegou até você? Por que fazer o passaporte?
CAVALIERI -
O negócio do passaporte a diretoria pediu, mas não foi agora, já faz tempo. Agora, de negociação não tem nada, não chegou nada até mim.

FOLHA - A torcida vai continuar gritando seu nome em 2008, então?
CAVALIERI -
Pelo menos até 2009 (risadas), que é quando acaba o contrato.

FOLHA - O Dunga tem feito várias experiências, inclusive no gol. Já se vê credenciado para a convocação?
CAVALIERI -
A seleção está muito bem servida com o Júlio César, o Doni, que são excelentes goleiros. Estão tendo oportunidade, e correspondendo. Nada mais justo que permaneçam. É um sonho que tenho, espero um dia estar lá, mas respeito os que estão. Uma hora a oportunidade chega.

FOLHA - O que te deixaria mais frustrado? Sair do Palmeiras sem conquistar um título, ou chegar na seleção mas não se firmar por lá?
CAVALIERI -
São coisas diferentes. Sonho em conquistar títulos aqui no Palmeiras, isso deve ser muito gostoso. É um objetivo que eu tenho traçado na minha vida. E seleção também. Mas ir uma vez para não ir mais também deve ser horrível.


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