São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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"São Marcos" salva, falha, fica desesperado e irrita

Goleiro se transforma em atacante a 15 minutos do final da derrota para o Grêmio

Subidas do capitão do time à área adversária incomodam Vanderlei Luxemburgo, que, aos berros, gesticula com arqueiro na beira do campo

Palmeiras 0
Grêmio 1


DA REPORTAGEM LOCAL

Marcos defendeu enquanto sua equipe empatava com o Grêmio. Falhou no gol do meia Tcheco, que deu aos gaúchos novo ânimo para caçar o líder São Paulo. Desesperou-se na tentativa de evitar a derrota. Foi, em 15 dias, protagonista da segunda polêmica no clube.
No revés por 1 a 0, que deixou o Palmeiras a quatro pontos do topo, o goleiro deixou sua meta aos 30min da etapa final e correu para a área gremista na tentativa de desviar cruzamento.
A atitude, normalmente tomada pelos arqueiros nos acréscimos da partida, ontem virou rotina do capitão a partir dali. Era só ter algum cruzamento na área, e lá estava o goleiro entre os zagueiros rivais.
Desesperado, Marcos radicalizou e, mesmo sob os gritos de protesto do treinador Vanderlei Luxemburgo, inconformado na beira do campo com a atitude do maior ídolo atual do clube, subiu ao ataque com a bola em movimento como se fosse um atleta de linha.
Gesto aplaudido pela torcida, mas ponderado pelo treinador.
"Mais uma vez ele sai como "são Marcos". Mas não sei se teria de ser dessa forma. Isso vai ser conversado com calma", afirmou Luxemburgo.
"Precisamos do Marcos equilibrado. Não foi o ideal, mas mostra a gana de querer vencer", disse o gerente de futebol palmeirense, Toninho Cecílio.
Conhecido por sua espontaneidade dentro e fora de campo, Marcos teve de ser repreendido pelo técnico palmeirense após a derrota (3 a 0) para o Fluminense, no último dia 25. Na ocasião, a crítica feita pelo arqueiro à atitude do time durante a partida no Maracanã gerou mal-estar no elenco.
O meia Diego Souza falou que seria mais ético se o goleiro tivesse conversado internamente com o grupo. Acabou vaiado pela torcida na partida seguinte, contra o Goiás, quando percebeu que tinha batido de frente com o ídolo.
Após permanecer uma hora reunido com o time antes de um treino, Luxemburgo veio a público afirmar que não tinha gostado das declarações de seu capitão, chamando-as de "inoportunas", já que haviam exposto todo o time. "O capitão da equipe precisa ter equilíbrio", afirmara o técnico.
Ontem, Marcos fazia uma boa apresentação. Na primeira etapa, salvara o Palmeiras em um arremate de Reinaldo. Na saída para o intervalo, deu nova cutucada no grupo ao dizer que o time tinha de se arriscar mais, pois o 0 a 0, àquela altura, era péssimo para ambos os lados.
Aos 28min, o arqueiro falhou. Inerte, viu a bola cruzar a área, passar na sua frente e entrar no canto esquerdo em cruzamento feito por Tcheco.
Ciente de que o revés seria péssimo para as pretensões de seu time na luta pelo título, iniciou o vai-e-vem ao ataque.
"O Marcos é um profissional que quer ganhar. Precipitado ou não, ele foi para o ataque tentar o gol. É difícil escutar o técnico falando com o barulho dentro do campo. Mas eu vejo como uma atitude vencedora", afirmou o atacante Denílson.
"O Marcos quer vencer como todos nós e viu uma possibilidade de fazer gol nas bolas paradas. Tentou, mas não conseguiu. Estávamos jogando em casa, com 30 mil [pouco mais de 25 mil pagantes] pessoas apoiando. Então é normal parecer nos minutos finais que estávamos atacando de maneira desorganizada", minimizou o centroavante Alex Mineiro.
Há poucos dias, Marcos, que deixou o campo às pressas, sem dar declarações, perdeu o pai, Ladislau Silveira Reis, 73. (RENAN CACIOLI E RODRIGO BUENO)


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