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"São Marcos" salva, falha, fica desesperado e irrita
Goleiro se transforma em atacante a 15 minutos do final da derrota para o Grêmio
Subidas do capitão do time à área adversária incomodam Vanderlei Luxemburgo, que, aos berros, gesticula com arqueiro na beira do campo
Palmeiras 0
Grêmio 1
DA REPORTAGEM LOCAL
Marcos defendeu enquanto
sua equipe empatava com o
Grêmio. Falhou no gol do meia
Tcheco, que deu aos gaúchos
novo ânimo para caçar o líder
São Paulo. Desesperou-se na
tentativa de evitar a derrota.
Foi, em 15 dias, protagonista da
segunda polêmica no clube.
No revés por 1 a 0, que deixou
o Palmeiras a quatro pontos do
topo, o goleiro deixou sua meta
aos 30min da etapa final e correu para a área gremista na tentativa de desviar cruzamento.
A atitude, normalmente tomada pelos arqueiros nos
acréscimos da partida, ontem
virou rotina do capitão a partir
dali. Era só ter algum cruzamento na área, e lá estava o goleiro entre os zagueiros rivais.
Desesperado, Marcos radicalizou e, mesmo sob os gritos de
protesto do treinador Vanderlei Luxemburgo, inconformado
na beira do campo com a atitude do maior ídolo atual do clube, subiu ao ataque com a bola
em movimento como se fosse
um atleta de linha.
Gesto aplaudido pela torcida,
mas ponderado pelo treinador.
"Mais uma vez ele sai como
"são Marcos". Mas não sei se teria de ser dessa forma. Isso vai
ser conversado com calma",
afirmou Luxemburgo.
"Precisamos do Marcos equilibrado. Não foi o ideal, mas
mostra a gana de querer vencer", disse o gerente de futebol
palmeirense, Toninho Cecílio.
Conhecido por sua espontaneidade dentro e fora de campo, Marcos teve de ser repreendido pelo técnico palmeirense
após a derrota (3 a 0) para o
Fluminense, no último dia 25.
Na ocasião, a crítica feita pelo
arqueiro à atitude do time durante a partida no Maracanã
gerou mal-estar no elenco.
O meia Diego Souza falou
que seria mais ético se o goleiro
tivesse conversado internamente com o grupo. Acabou
vaiado pela torcida na partida
seguinte, contra o Goiás, quando percebeu que tinha batido
de frente com o ídolo.
Após permanecer uma hora
reunido com o time antes de
um treino, Luxemburgo veio a
público afirmar que não tinha
gostado das declarações de seu
capitão, chamando-as de "inoportunas", já que haviam exposto todo o time. "O capitão
da equipe precisa ter equilíbrio", afirmara o técnico.
Ontem, Marcos fazia uma
boa apresentação. Na primeira
etapa, salvara o Palmeiras em
um arremate de Reinaldo. Na
saída para o intervalo, deu nova
cutucada no grupo ao dizer que
o time tinha de se arriscar mais,
pois o 0 a 0, àquela altura, era
péssimo para ambos os lados.
Aos 28min, o arqueiro falhou. Inerte, viu a bola cruzar a
área, passar na sua frente e entrar no canto esquerdo em cruzamento feito por Tcheco.
Ciente de que o revés seria
péssimo para as pretensões de
seu time na luta pelo título, iniciou o vai-e-vem ao ataque.
"O Marcos é um profissional
que quer ganhar. Precipitado
ou não, ele foi para o ataque
tentar o gol. É difícil escutar o
técnico falando com o barulho
dentro do campo. Mas eu vejo
como uma atitude vencedora",
afirmou o atacante Denílson.
"O Marcos quer vencer como
todos nós e viu uma possibilidade de fazer gol nas bolas paradas. Tentou, mas não conseguiu. Estávamos jogando em
casa, com 30 mil [pouco mais
de 25 mil pagantes] pessoas
apoiando. Então é normal parecer nos minutos finais que
estávamos atacando de maneira desorganizada", minimizou
o centroavante Alex Mineiro.
Há poucos dias, Marcos, que
deixou o campo às pressas, sem
dar declarações, perdeu o pai,
Ladislau Silveira Reis, 73.
(RENAN CACIOLI E RODRIGO BUENO)
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