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Por patrocínio, clubes agora defendem cerveja
Para Padre Marcelo, problema "está nos destilados"
CAROLINA ARAÚJO
MARTÍN FERNANDEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O G4, grupo dos quatro grandes clubes paulistas -Corinthians, Palmeiras, Santos e São
Paulo-, defendeu ontem a liberação do consumo de bebidas alcoolicas em estádios.
Durante evento em que o G4
formalizou parceria com o Grupo Femsa, braço da Coca-Cola e
da cerveja Kaiser no Brasil, o
presidente do Corinthians, Andres Sanchez, declarou que
"bebidas leves" deveriam ser
vendidas durante as partidas.
"Acho um absurdo o cara ficar do lado de fora do estádio
bebendo em uma barraquinha.
Ele só faz isso porque sabe que
vai ficar duas horas sem beber
no estádio", disse o cartola.
"Cerveja e champanhe, que
são bebidas leves, deveriam ser
liberadas nos jogos. As autoridades têm de pensar que, na
nossa casa, quem manda somos
nós", emendou. E foi apoiado
por executivos da Femsa.
Espécie de "garoto-propaganda" do G4, o padre Marcelo
Rossi também defendeu a volta
da cerveja aos estádios.
"As bebidas fermentadas são
toleradas pela igreja. O problema está nos destilados", declarou Rossi, que pediu a ajuda da
imprensa para "promover a
volta das famílias ao futebol".
Em São Paulo, uma lei estadual de 1996 impede a venda de
bebidas nos estádios do Estado.
Em abril do ano passado, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, assinou um documento
proibindo bebidas alcoólicas
nas arenas de todo o país.
A Polícia Militar de São Paulo
se mostrou contrária à posição
do G4. O tenente-coronel Almir Ribeiro, responsável pela
segurança nos estádios paulistas, disse que a proibição da
venda de bebidas em estádios
reduziu os casos de violência.
Paulo Castilho, promotor do
Ministério Público de São Paulo que atua no combate à violência entre torcidas, mostrou-se extremamente irritado com
a posição dos clubes e com o
apoio do padre Marcelo Rossi.
"Desde quando um padre
agora entende de violência em
estádio?", criticou Castilho.
"Ele não sabe que o cara bebe
cerveja no estádio e depois briga, volta dirigindo alcoolizado
para casa e bate na mulher, nos
filhos? Ele não sabe?"
Castilho também sustenta
que os índices de violência caíram depois da proibição.
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