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FUTEBOL
Boca aberta
RODRIGO BUENO
COLUNISTA DA FOLHA
Em 2003, um cálculo apontou
lucro de quase US$ 30 milhões para esse clube não-europeu. Uma sequência de títulos na
temporada passada impulsionou
audaciosa campanha de marketing planetária. Os títulos da Libertadores e do Mundial interclubes renderam prêmios de US$ 3
milhões e US$ 1,5 milhão, aproximadamente. Mas e os outros quase US$ 25 milhões?
A Nike paga ao Boca Juniors
anualmente US$ 1 milhão para
fornecer seu material esportivo.
Mais que isso, recompensa o time
da Bombonera pelo títulos obtidos (o Apertura também foi ganho pelo popular clube).
A venda de camisas é recorde
na América Latina e quase se
aproxima dos números conquistados pelos mais expostos clubes
europeus. Foram mais de 300 mil
camisetas oficiais vendidas.
O uniforme já gera mais de US$
1 milhão pelo patrocínio anual da
Pepsi. E a publicidade estática na
Bombonera, ponto turístico de
Buenos Aires, bate nos US$ 500
mil, valor pago pela Quilmes.
A "Boca TV" já toma conta da
América Latina e namora com a
Espanha e a parte mais latina dos
EUA. O canal não perde muito
para os que Real Madrid, Barcelona, Juventus e Manchester United haviam lançado anteriormente na Europa.
"A Boca TV nasce com metade
mais um dos telespectadores, o
que gera uma enorme audiência
para nós", diz Juan Fabbri, vice-presidente da Compañía Deportiva S.A., empresa que gerencia o
canal do clube, parafraseando
um slogan boquense.
A companhia aérea TAM Mercosul é parceira do clube, o que
mais se envolveu em disputas internacionais de peso neste século.
"Só" no Mundial interclubes, o time superou recentemente Real
Madrid e Milan. "Perdemos o jogo mais fácil, contra o Bayern, um
acidente", diz Carlos Bianchi, o
treinador mais vitorioso da história do continente.
Em 2004, o clube tem compromisso nos EUA pela Recopa Sul-Americana e é o protagonista da
maior Libertadores da história
-venceu três dos últimos quatro
títulos, só dando chance aos rivais
no ano que Bianchi resolveu tirar
um "período sabático".
Contratações também são jogadas de marketing bem exploradas
pelo Boca. Depois da experiência
com o japonês Takahara, agora é
a vez do chinês Li Yao. O mercado
mais cobiçado do planeta, tão explorado pelas grandes potências
européias, vê a entrada forte do
campeão argentino na luta.
Até mesmo o nordestino Iarley,
jogador que comprovou sua qualidade no país vizinho, não deixa
de ser uma jogada de marketing.
O Boca Juniors é cada vez mais
simpático aos brasileiros, apesar
da grande rivalidade entre os países. E o Brasil é o maior mercado
sul-americano.
Os jogadores revelados pelo River sempre tiveram mais nome
que os do Boca. Porém o fenômeno Tévez começa a equilibrar as
coisas. O atacante é de fato um
grande jogador, mas está sendo
"vendido" por mais do que vale.
Apesar da feiúra e de pouco falar,
virou rápido "Rei da América",
sucessor de Maradona etc.
Olhos abertos com o Boca.
Boca grande
Coisa rara, o Boca tem a maioria dos atletas da seleção argentina. Dos
20 que estão no Pré-Olímpico, 7 jogam no time da Bombonera, e 5 no
River Plate. Além de Tévez, tem craques como Burdisso e Cangele.
Boca louca
"Tem a perna esquerda de Maradona, a alternância de ritmo de
Cruyff e o passe letal de Ronaldinho." O diretor do "Mundo Deportivo" disse isso sobre Lionel Messi, do Barcelona, argentino de 16 anos.
Boca livre
O Ranking Folha do futebol mundial mostrou como o Boca cresceu.
Mas a coluna passada não comportou todos os times. Faltou o último, o 301º: o North Shore United, da Nova Zelândia (dois pontos).
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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