São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

Boca aberta

RODRIGO BUENO
COLUNISTA DA FOLHA

Em 2003, um cálculo apontou lucro de quase US$ 30 milhões para esse clube não-europeu. Uma sequência de títulos na temporada passada impulsionou audaciosa campanha de marketing planetária. Os títulos da Libertadores e do Mundial interclubes renderam prêmios de US$ 3 milhões e US$ 1,5 milhão, aproximadamente. Mas e os outros quase US$ 25 milhões?
A Nike paga ao Boca Juniors anualmente US$ 1 milhão para fornecer seu material esportivo. Mais que isso, recompensa o time da Bombonera pelo títulos obtidos (o Apertura também foi ganho pelo popular clube).
A venda de camisas é recorde na América Latina e quase se aproxima dos números conquistados pelos mais expostos clubes europeus. Foram mais de 300 mil camisetas oficiais vendidas.
O uniforme já gera mais de US$ 1 milhão pelo patrocínio anual da Pepsi. E a publicidade estática na Bombonera, ponto turístico de Buenos Aires, bate nos US$ 500 mil, valor pago pela Quilmes.
A "Boca TV" já toma conta da América Latina e namora com a Espanha e a parte mais latina dos EUA. O canal não perde muito para os que Real Madrid, Barcelona, Juventus e Manchester United haviam lançado anteriormente na Europa.
"A Boca TV nasce com metade mais um dos telespectadores, o que gera uma enorme audiência para nós", diz Juan Fabbri, vice-presidente da Compañía Deportiva S.A., empresa que gerencia o canal do clube, parafraseando um slogan boquense.
A companhia aérea TAM Mercosul é parceira do clube, o que mais se envolveu em disputas internacionais de peso neste século. "Só" no Mundial interclubes, o time superou recentemente Real Madrid e Milan. "Perdemos o jogo mais fácil, contra o Bayern, um acidente", diz Carlos Bianchi, o treinador mais vitorioso da história do continente.
Em 2004, o clube tem compromisso nos EUA pela Recopa Sul-Americana e é o protagonista da maior Libertadores da história -venceu três dos últimos quatro títulos, só dando chance aos rivais no ano que Bianchi resolveu tirar um "período sabático".
Contratações também são jogadas de marketing bem exploradas pelo Boca. Depois da experiência com o japonês Takahara, agora é a vez do chinês Li Yao. O mercado mais cobiçado do planeta, tão explorado pelas grandes potências européias, vê a entrada forte do campeão argentino na luta.
Até mesmo o nordestino Iarley, jogador que comprovou sua qualidade no país vizinho, não deixa de ser uma jogada de marketing.
O Boca Juniors é cada vez mais simpático aos brasileiros, apesar da grande rivalidade entre os países. E o Brasil é o maior mercado sul-americano.
Os jogadores revelados pelo River sempre tiveram mais nome que os do Boca. Porém o fenômeno Tévez começa a equilibrar as coisas. O atacante é de fato um grande jogador, mas está sendo "vendido" por mais do que vale. Apesar da feiúra e de pouco falar, virou rápido "Rei da América", sucessor de Maradona etc.
Olhos abertos com o Boca.

Boca grande
Coisa rara, o Boca tem a maioria dos atletas da seleção argentina. Dos 20 que estão no Pré-Olímpico, 7 jogam no time da Bombonera, e 5 no River Plate. Além de Tévez, tem craques como Burdisso e Cangele.

Boca louca
"Tem a perna esquerda de Maradona, a alternância de ritmo de Cruyff e o passe letal de Ronaldinho." O diretor do "Mundo Deportivo" disse isso sobre Lionel Messi, do Barcelona, argentino de 16 anos.

Boca livre
O Ranking Folha do futebol mundial mostrou como o Boca cresceu. Mas a coluna passada não comportou todos os times. Faltou o último, o 301º: o North Shore United, da Nova Zelândia (dois pontos).

E-mail: rbueno@folhasp.com.br


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