São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

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De cartola, Lars Grael tenta 2008

Presidente da federação de vela disputa Pré-Olímpico nacional na classe star contra vice, irmão e Scheidt

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Lars Grael assumiu ontem, no Rio, a presidência da Federação Brasileira de Vela e Motor, mas mantém ambições esportivas. O dirigente irá participar de disputa acirrada na Semana Pré-Olímpica do Brasil, em Búzios, daqui dois meses.
O velejador viverá situação inusitada. Terá entre seus concorrentes na classe star seu vice-presidente, Alan Adler, o irmão, Torben Grael, e Robert Scheidt, octocampeão mundial na laser, que trocará de classe para os Jogos de Pequim-08.
"Será uma prova de altíssimo nível. Mas acho que o Torben e o Scheidt serão os protagonistas de um grande duelo", afirma Lars, que aponta também como fortes concorrentes Peter Ficker, bronze na flying dutchman nos Jogos de Montréal-76, e Gastão Brun, campeão de soling no Mundial-78.
Scheidt, que tenta lugar no Pan-07 na laser, não subestima os concorrentes da star. "É uma disputa maior que Scheidt e Prada [Bruno Prada, seu proeiro] com Torben e Marcelo [Ferreira]. São ao menos quatro duplas lutando pelo título."
Por conta dos bons resultados internacionais dos brasileiros na star, o país poderá ter até sete barcos no Mundial da Isaf (Federação Internacional de Vela), em julho, em Cascais (POR). O evento classifica 11 países para a próxima Olimpíada. As quatro vagas restantes -a China, país-sede, tem lugar assegurado- serão definidas no início de 2008, em Miami.
Se der a lógica, e o Brasil garantir o direito de ir a Pequim-08, a disputa pela vaga nacional deve ocorrer no início de 2008.
"Tecnicamente vai ser bom ter tantos atletas desse nível", afirma Torben Grael, dono de dois ouros olímpicos na star (Atlanta-96 e Atenas-04).
O feito que Lars tenta atingir não é inédito. Eduardo Souza Ramos disputou a classe star nos Jogos de Los Angeles-84 como mandatário da FBVM.
"A gente tem que separar muito bem o dirigente do atleta", afirma Lars, que não enfrenta impedimento legal para participar da competição.
"O Lars não deixa de ser atleta pelo fato de ser presidente de federação. Não há impedimento algum, desde que ele seja filiado à entidade", explica o advogado Heraldo Panhoca, especialista em legislação esportiva.
Mesmo se não chegar à Olimpíada como cartola e atleta, Lars já terá quebrado um tabu. Há 72 anos um medalhista olímpico do Brasil não ocupa a presidência de uma federação.
O último a assumir posto semelhante foi o atirador Afrânio da Costa, prata na pistola nos Jogos da Antuérpia, em 1920, que dirigiu a antiga Federação Brasileira de Tiro em 1935.
Lars é dono de dois bronzes olímpicos na classe tornado, em Seul-88 e Atlanta-96.


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