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De cartola, Lars Grael tenta 2008
Presidente da federação de vela disputa Pré-Olímpico nacional na classe star contra vice, irmão e Scheidt
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Lars Grael assumiu ontem,
no Rio, a presidência da Federação Brasileira de Vela e Motor, mas mantém ambições esportivas. O dirigente irá participar de disputa acirrada na Semana Pré-Olímpica do Brasil,
em Búzios, daqui dois meses.
O velejador viverá situação
inusitada. Terá entre seus concorrentes na classe star seu vice-presidente, Alan Adler, o irmão, Torben Grael, e Robert
Scheidt, octocampeão mundial
na laser, que trocará de classe
para os Jogos de Pequim-08.
"Será uma prova de altíssimo
nível. Mas acho que o Torben e
o Scheidt serão os protagonistas de um grande duelo", afirma Lars, que aponta também
como fortes concorrentes Peter Ficker, bronze na flying
dutchman nos Jogos de Montréal-76, e Gastão Brun, campeão de soling no Mundial-78.
Scheidt, que tenta lugar no
Pan-07 na laser, não subestima
os concorrentes da star. "É uma
disputa maior que Scheidt e
Prada [Bruno Prada, seu proeiro] com Torben e Marcelo
[Ferreira]. São ao menos quatro duplas lutando pelo título."
Por conta dos bons resultados internacionais dos brasileiros na star, o país poderá ter até
sete barcos no Mundial da Isaf
(Federação Internacional de
Vela), em julho, em Cascais
(POR). O evento classifica 11
países para a próxima Olimpíada. As quatro vagas restantes
-a China, país-sede, tem lugar
assegurado- serão definidas
no início de 2008, em Miami.
Se der a lógica, e o Brasil garantir o direito de ir a Pequim-08, a disputa pela vaga nacional
deve ocorrer no início de 2008.
"Tecnicamente vai ser bom
ter tantos atletas desse nível",
afirma Torben Grael, dono de
dois ouros olímpicos na star
(Atlanta-96 e Atenas-04).
O feito que Lars tenta atingir
não é inédito. Eduardo Souza
Ramos disputou a classe star
nos Jogos de Los Angeles-84
como mandatário da FBVM.
"A gente tem que separar
muito bem o dirigente do atleta", afirma Lars, que não enfrenta impedimento legal para
participar da competição.
"O Lars não deixa de ser atleta pelo fato de ser presidente de
federação. Não há impedimento algum, desde que ele seja filiado à entidade", explica o advogado Heraldo Panhoca, especialista em legislação esportiva.
Mesmo se não chegar à Olimpíada como cartola e atleta,
Lars já terá quebrado um tabu.
Há 72 anos um medalhista
olímpico do Brasil não ocupa a
presidência de uma federação.
O último a assumir posto semelhante foi o atirador Afrânio
da Costa, prata na pistola nos
Jogos da Antuérpia, em 1920,
que dirigiu a antiga Federação
Brasileira de Tiro em 1935.
Lars é dono de dois bronzes
olímpicos na classe tornado,
em Seul-88 e Atlanta-96.
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