EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

O braço brasileiro da MSI, parceira do Corinthians, encheu seus cofres ontem e ganhou um novo sócio. A Devetia, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, fez aporte de US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 3,5 milhões) e começou a integralizar o capital da MSI Licenciamentos e Administração Ltda.
Como o dinheiro veio para aumentar o capital da MSI brasileira, a offshore passa a gerir com a MSI o futebol corintiano.
Normalmente, as offshores têm o objetivo de colocar a verba de corporações a salvo do controle dos Estados nacionais. Seus investidores não são revelados, o que mantém o mistério sobre a origem dos dólares da MSI.
A nova investidora dividirá os eventuais lucros gerados pela parceria. Até ontem, porém, não havia alteração no registro da MSI na Junta Comercial de São Paulo.
A empresa, aberta em 19 de outubro do ano passado, continua com capital de R$ 1.000 e tendo como sócios os advogados Mauricio Fleury Pereira Leitão, com participação de R$ 999, e Carlos Fernando Sampaio Marques, com R$ 1. Os dois serão substituídos numa mudança estatutária. Pelo menos mais uma empresa deve assumir o controle da MSI.
Pela injeção de capital, a Devetia passará a ser a principal acionista da MSI brasileira. Firmas de consultoria financeira ouvidas pela Folha informaram ser raro o aporte de soma muito superior ao capital da companhia.
No caso da Devetia, parte do dinheiro começou a ser usada para o pagamento de salários, inclusive dos jogadores. Eles deveriam ter recebido na semana passada.
A verba cai primeiro na conta da MSI, que a repassa para o Corinthians efetuar os pagamentos.
Para o promotores públicos de São Paulo, que dizem ter indícios de que a MSI esteja no país para lavar dinheiro, a participação de uma offshore aumenta a suspeita.
A própria MSI foi aberta nas Ilhas Virgens Britânicas para firmar a parceria com o Corinthians. Após o mal-estar causado entre conselheiros do clube, a empresa foi registrada em Londres.
Os negócios entre a MSI e a Devetia não são novidade. Foi a investidora que injetou no clube, a título de empréstimo, os US$ 2 milhões (cerca de R$ 5,4 milhões) para saldar dívidas do time do Parque São Jorge em 28 de dezembro do ano passado.
A MSI disse que não se manifestará sobre suas movimentações financeiras. Tampouco confirmou a entrada do dinheiro no país.


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