São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Rejeitado", Corinthians desafia tabu

Time tenta quebrar jejum de quatro anos contra São Paulo, a quem não vence há 11 jogos e acusa de protegido da mídia

Considerado favorito e em alta, clube do Morumbi, que já foi "amarelão" por conta do clássico, agora é quem ri da abstinência adversária


EDUARDO ARRUDA
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

São quase quatro anos de um tabu. Na história, um foi responsável pela queda de 14 técnicos do outro. Na era MSI, que já tem dois anos, o Corinthians jamais venceu o São Paulo.
O jejum deixa feridas no Parque São Jorge, e ninguém lá esconde a birra em relação ao rival. Os são-paulinos se divertem e respondem com um arsenal de gozações. As diferenças novamente virão à tona no clássico das 16h, no Morumbi.
Os dois, diga-se, têm o mesmo número de pontos no Paulista (15), mas o Corinthians vem embalado pela maior goleada -5 a 0 no Rio Claro.
O sentimento corintiano de hoje já foi vivido do outro lado, antes de 2003, quando a equipe tricolor perdeu decisões em seqüência para os adversários.
O time passou a ser chamado de "amarelão", e o Morumbi foi batizado pelo ex-vice de futebol do Corinthians Antonio Roque Citadini de "salão de festas".
Na fase atual, com os papéis invertidos, os corintianos se dizem perseguidos pela mídia. E ela, afirmam eles, protege em demasia o São Paulo.
"Se um jogador chega ao Corinthians, é promessa, se chega ao São Paulo, é craque. Aqui tudo é ruim. Lá é tudo uma maravilha", reclama Edvar Simões.
Renato Duprat, homem forte do futebol, também critica. "Como o São Paulo está nessa fase, se contrata um atleta errado, ninguém percebe", afirma.
O técnico Leão, que disse não reconhecer o tabu por ter enfrentado os são-paulinos só uma vez no comando do Corinthians -e empatado-, reconhece que o "salão de festas" se virou para o dono.
"O São Paulo tem o favoritismo porque joga em sua casa", diz ele, que aponta o oponente como o time a ser "caçado". "Todos querem vencer o campeão brasileiro", declara ele, que não corre o risco de ser o 15º técnico degolado se perder.
O São Paulo agradece e ri. Depois de conquistar o Brasileiro-06, a diretoria tricolor resolveu vender placas de grama do Morumbi. O diretor do clube Julio Casares não perdeu a piada.
"Vou mandar uma para o Parque São Jorge para ver se nasce um estádio", brincou.
Provocador contumaz, o superintendente de futebol Marco Aurélio Cunha exibiu uma camiseta com os números 31/2, 0 e 1/2. "Isso representa o número de títulos brasileiros deles porque o de 2005 foi ajudado pela arbitragem, o zero é por não ter a Libertadores, e o 1/2 é do Mundial de 2000, que foi um torneio de verão", falou.
Marco Aurélio está na Índia com o time B do São Paulo. "Não sei como ele não ligou para vocês [jornalistas]. Não agüenta ficar sem dar entrevista", disse Muricy Ramalho.
O técnico rebateu as palavras do corintiano Roger, que apontou o São Paulo como o "time da moda, queridinho da imprensa". "Aqui não tem nada de queridinho, não. É trabalho."


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Base fortalecida empurra Corinthians
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.