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Por verba, nanicos loteiam até calção
Clubes pequenos enchem uniformes com patrocinadores para pagar as contas e manter times na disputa do Paulista
Marcas divulgadas vão de empresa de telefonia a loja de ferramentas e fazem
jogadores se parecerem mais com pilotos de carro
LUÍS FERRARI
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Sucos, frigorífico, cuecas, supermercado do presidente, loja
de brinquedos, de ferramentas,
combustíveis, gigante da telefonia, bingo. Qualquer marca é
bem-vinda quando a meta é incrementar o orçamento dos pequenos clubes no Paulista-07.
Uma olhada rápida nas camisas e calções das equipes revela
uniformes que mais parecem
os usados por pilotos de carro.
Até as mangas estão ocupadas.
"É a primeira vez que o Sertãozinho tem tantas marcas.
Foi a única forma que achamos
para fechar as contas", diz Antônio Savegnago, presidente do
clube, sem citar valores.
O clube era recordista em
propaganda até a penúltima rodada, com oito marcas diferentes em seu uniforme.
"Agora não tem mais como
[colocar novos patrocinadores]. Na camisa, não cabe mais,
nem no calção", completa ele.
Uma das principais parceiras
de times caipiras é a Embratel,
que usa o Paulista para se aproximar de clientes do interior.
O loteamento de camisas, porém, nem sempre é suficiente.
Mas está atraindo até os clubes
grandes, que tentam vender
também suas mangas. Já o Santos, líder do Paulista, ainda não
tem patrocinador no uniforme.
"Não faz nem cócegas", afirma Bruno Resta Neto, gerente
de marketing do São Bento, sobre o valor que recebe de cinco
apoiadores: R$ 20 mil por mês.
Duas empresas colocaram
seus logos na camisa só para o
jogo com o Corinthians. Duelos
com os grandes, aliás, salvam
boa parte do orçamento dos pequenos graças à bilheteria.
Mas a maior parte ainda sai
da cota da TV -cerca de R$ 650
mil. Para as principais equipes,
o valor é de R$ 7,5 milhões.
A chance de exposição na TV,
aliás, foi o grande chamariz para o acerto de patrocínios.
O Rio Claro, por exemplo, fez
parceria com uma empresa para lotear a camisa do time. O logo do parceiro, além de divulgar
seu nome, mostra que ainda há
espaço para outras marcas.
Só para o jogo com o São Paulo o clube fechou dois anúncios.
Valor, segundo o diretor de
marketing e filho do presidente, Hugo Baugartner, proporcionalmente maior que o pago
por outros três patrocinadores.
"O ideal seria fechar pelo ano
inteiro, mas foi o possível. Antes, colocávamos o nome de
empresas da família", afirma.
Mesmo sem pretensões comerciais, o resultado foi positivo. "Uma faculdade ligada a nós
acabou com boa imagem na cidade", relembra.
O mesmo ainda não pode dizer o presidente do Sertãozinho, que estampa sua rede de
supermercados na camisa.
"É uma questão mais afetiva.
O supermercado está estabelecido na região há um bom tempo e é difícil medir se houve retorno", diz Antônio Savegnago.
Alguns patrocinadores trocam a exibição da marca por
serviços. O Sertãozinho "ganha" plano de saúde.
O Barueri faz permuta com
uma rede de hotéis e não gasta
com hospedagem onde há unidades do apoiador. "Quando
não tem, pagamos do bolso", fala o presidente Walter Sanches.
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