São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 2007

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Por verba, nanicos loteiam até calção

Clubes pequenos enchem uniformes com patrocinadores para pagar as contas e manter times na disputa do Paulista

Marcas divulgadas vão de empresa de telefonia a loja de ferramentas e fazem jogadores se parecerem mais com pilotos de carro


LUÍS FERRARI
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sucos, frigorífico, cuecas, supermercado do presidente, loja de brinquedos, de ferramentas, combustíveis, gigante da telefonia, bingo. Qualquer marca é bem-vinda quando a meta é incrementar o orçamento dos pequenos clubes no Paulista-07.
Uma olhada rápida nas camisas e calções das equipes revela uniformes que mais parecem os usados por pilotos de carro. Até as mangas estão ocupadas.
"É a primeira vez que o Sertãozinho tem tantas marcas. Foi a única forma que achamos para fechar as contas", diz Antônio Savegnago, presidente do clube, sem citar valores.
O clube era recordista em propaganda até a penúltima rodada, com oito marcas diferentes em seu uniforme.
"Agora não tem mais como [colocar novos patrocinadores]. Na camisa, não cabe mais, nem no calção", completa ele.
Uma das principais parceiras de times caipiras é a Embratel, que usa o Paulista para se aproximar de clientes do interior.
O loteamento de camisas, porém, nem sempre é suficiente. Mas está atraindo até os clubes grandes, que tentam vender também suas mangas. Já o Santos, líder do Paulista, ainda não tem patrocinador no uniforme.
"Não faz nem cócegas", afirma Bruno Resta Neto, gerente de marketing do São Bento, sobre o valor que recebe de cinco apoiadores: R$ 20 mil por mês.
Duas empresas colocaram seus logos na camisa só para o jogo com o Corinthians. Duelos com os grandes, aliás, salvam boa parte do orçamento dos pequenos graças à bilheteria.
Mas a maior parte ainda sai da cota da TV -cerca de R$ 650 mil. Para as principais equipes, o valor é de R$ 7,5 milhões.
A chance de exposição na TV, aliás, foi o grande chamariz para o acerto de patrocínios.
O Rio Claro, por exemplo, fez parceria com uma empresa para lotear a camisa do time. O logo do parceiro, além de divulgar seu nome, mostra que ainda há espaço para outras marcas.
Só para o jogo com o São Paulo o clube fechou dois anúncios. Valor, segundo o diretor de marketing e filho do presidente, Hugo Baugartner, proporcionalmente maior que o pago por outros três patrocinadores.
"O ideal seria fechar pelo ano inteiro, mas foi o possível. Antes, colocávamos o nome de empresas da família", afirma.
Mesmo sem pretensões comerciais, o resultado foi positivo. "Uma faculdade ligada a nós acabou com boa imagem na cidade", relembra.
O mesmo ainda não pode dizer o presidente do Sertãozinho, que estampa sua rede de supermercados na camisa.
"É uma questão mais afetiva. O supermercado está estabelecido na região há um bom tempo e é difícil medir se houve retorno", diz Antônio Savegnago.
Alguns patrocinadores trocam a exibição da marca por serviços. O Sertãozinho "ganha" plano de saúde.
O Barueri faz permuta com uma rede de hotéis e não gasta com hospedagem onde há unidades do apoiador. "Quando não tem, pagamos do bolso", fala o presidente Walter Sanches.


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