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JUCA KFOURI
Duelo ao entardecer no Morumbi
Os presidentes do São Paulo e da CBF estão prestes a se engalfinhar, com mediação
do presidente da República
"NEM O SÃO PAULO irá impor o Morumbi no grito,
nem a CBF o vetará no
grito." A frase é de uma alta autoridade do governo federal que pede
para ser preservada porque terá participação importante no processo de
escolha dos estádios que serão usados numa eventual Copa do Mundo
no Brasil, em 2014.
É claro que não cabe ao governo
botar lenha na fogueira. Ao contrário. Quer jogar água na fervura.
Porque o presidente do São Paulo,
Juvenal Juvêncio, está disposto a tudo para impedir o veto de Ricardo
Teixeira ao Morumbi.
Tanto que já solicitou audiência
ao presidente da República, embora
saiba que Ricardo Teixeira tem dito
a quem quiser ouvir que é inútil pedir o apoio de Lula, porque quem decide é ele, o todo-poderoso presidente da CBF.
Será, no mínimo, uma parada indigesta e que poderá até não resultar
mesmo na inclusão do estádio, embora possa ser, também, um belo
passo para clarear as coisas em nosso futebol.
Porque perto de comemorar 70
anos de idade, Juvêncio já está naquela fase da vida em que as pessoas
pouco têm a temer quando decidem
se expor para defender seus pontos
de vista. E ele é bom de briga. Astucioso, bem informado e muito bem
documentado.
Certamente uma briga pública entre o presidente da CBF e o do São
Paulo não interessa ao governo, razão pela qual a posição de cautela, de
algodão entre cristais.
Ainda mais porque os argumentos
de Teixeira não resistem. Dizer, por
exemplo, que falta estacionamento
no estádio equivale a ignorar que
não há estacionamento no moderno
Emirates, do Arsenal, que Teixeira
deve conhecer bem, pois foi sede dos
últimos amistosos da seleção.
A implicância com o estádio do
Morumbi tem outra origem, a tradicional postura de distanciamento do
São Paulo em relação à CBF, a ponto
de o clube ter sido o único a não ter
votado em Teixeira em sua última
(que bom se fosse mesmo a última...)
reeleição.
Nem mesmos os gestos, digamos
assim, institucionais, como o de levar Teixeira para o Japão na decisão
do Mundial de Clubes, serviram para aparar arestas, já que o São Paulo
não abre mão de cobrar da CBF o
ressarcimento pelos seus jogadores
convocados para a seleção.
E o cartola da CBF vê na Copa de
2014 a chance de revidar em grande
estilo, por mais que pareça não ter
avaliado bem a confusão em que está prestes a se meter.
A convocação
Dunga convocou para os amistosos, agora, na Suécia. Nada que mereça maiores reparos, a não ser a
esfarrapada justificativa de que jogadores como Rogério Ceni e Zé
Roberto -o do Santos, é claro-
não são chamados porque ele sabe
do que são capazes. Ora, se isso fosse verdade, não seria preciso chamar nem Lúcio, nem Juan, nem
Ronaldinho Gaúcho, nem Kaká.
De resto, muito bom que tenha
chamado a dupla Josué/Mineiro e
o lateral-esquerdo Kléber, que está
mesmo gastando a bola.
Jogão
Santos e São Paulo têm tudo para
fazer o melhor jogo da temporada
brasileira até aqui.
Ambos não só às vezes apresentam momentos de brilho como,
ainda por cima, estão dando um valor até surpreendente a este Campeonato Paulista, muito mais como
se fosse um braço-de-ferro entre os
dois do que propriamente pela taça
que já se cansaram de levantar.
O clássico, além disso, parece antecipar o que veremos nos dois jogos finais do campeonato, porque
tudo leva a crer que o San-São também decidirá o torneio.
Jogo de arrepiar os cabelos.
blogdojuca@uol.com.br
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