São Paulo, domingo, 11 de abril de 2004

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Organizador da competição, que começa a ser decidida hoje no Pacaembu por Paulista e São Caetano, declara que "é preciso parar de enganar o torcedor"

Paulista-04 foi "injusto" e "horrível", afirma a FPF

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Injusto. Péssimo. Horrível. Atípico. Decepcionante. Absurdo.
As definições acima foram utilizadas para qualificar o Campeonato Paulista por Marco Polo Del Nero, o organizador da competição, que começa a ser decidida hoje por Paulista e São Caetano.
O presidente da FPF diz que o primeiro Estadual de sua gestão ficou aquém das expectativas. Atribuiu nota 5,5 ao torneio. E falou que "é preciso parar de enganar o torcedor".
Em dois meses e meio, o fiasco de público, a queda dos clubes grandes, os protestos pelo preço de R$ 20 cobrado pelas arquibancadas e o baixo índice técnico revolucionaram a opinião de Del Nero sobre o seu campeonato.
Às vésperas da abertura da competição, em janeiro, o novo mandatário do futebol paulista prometia dar nova cara ao velho Estadual, que estivera nas mãos de Eduardo José Farah nos 15 anos anteriores. Questionado sobre a fórmula do campeonato, com 21 clubes divididos em duas chaves e mata-matas a partir das quartas-de-final, apostava em céu de brigadeiro. "Faltou uma data para ficar perfeito", disse, em referência ao fato de a primeira fase eliminatória ser decidida em apenas 90 minutos.
Na avaliação de Del Nero, agora o cenário é outro. "O campeonato foi decepcionante, horrível. Foi um Paulista atípico. Com 21 clubes e 16 datas, você tem que ser mágico para fazer alguma coisa de bom. E nós não somos mágicos. Não podemos elogiar uma coisa que não foi maravilhosa, não é meu perfil. Temos que analisar friamente os fatos, ver a realidade e melhorar para o futuro."
Para o presidente da FPF, o principal problema foi concentrar a maior parte da competição em uma etapa que decidia pouca coisa. "Na primeira fase, o São Paulo jogou nove vezes, ganhou oito e foi eliminado com uma derrota. É injusto. Para ser justo, todos têm que jogar contra todos. Também acho um absurdo fazer só com 16 datas. Com toda a franqueza, não gostei, achei péssimo. Mas a regra do jogo era essa e foi aprovada por unanimidade pelos clubes."
Na opinião da FPF, que ficou insatisfeita com os finalistas -queria pelo menos um time grande na decisão-, o regulamento é herança da gestão Farah. "A FPF não podia ter feito nada a mais do que ela fez. Recebemos um torneio com 21 times, um absurdo."
Apesar da irritação com a ausência de times grandes na final, Del Nero diz que ela é a prova de que a entidade não operou para escolher o campeão. "Se podemos apontar algo de bom, foi o cumprimento das regras. Ficou evidente que nesta gestão não há manobra nem jogo de bastidores."
Numa primeira conversa com a reportagem, o presidente da FPF condenou o sistema de playoffs, que define o campeão deste Paulista. "Precisamos parar de enganar o torcedor." Depois, voltou atrás. Disse ter usado a expressão enganar no "sentido figurado". "Fui infeliz ao declarar isso."
O discurso de Del Nero, incomum na boca de organizadores de torneios, carrega o objetivo de pressionar a CBF, da qual a FPF é parceira. O cartola já pediu a Ricardo Teixeira mais quatro datas para 2005. Com 20 rodadas, dividiria os 20 times em dois grupos. O campeão de cada chave, depois de jogar com todos os 19 adversários, faria uma final em partida única. "Aí sim, vamos poder dar nota nove para o Paulista. Por ora, nossa realidade é essa."


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