São Paulo, domingo, 11 de abril de 2004

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FUTEBOL

Integrantes de Paulista e São Caetano guardam boas e más recordações do estádio que abrigará finais do Estadual

Fantasmas do Pacaembu cercam decisão

Juca Varella/Folha Imagem
O técnico do São Caetano, Muricy Ramalho, que prevê uma disputa aberta hoje à tarde no Pacaembu, comanda treino com os reservas de sua equipe, anteontem



MARCUS VINICIUS MARINHO
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Seria apenas uma decisão de Campeonato Paulista em um estádio neutro. Seria, se esse estádio não fosse o Pacaembu e se os finalistas do Estadual não fossem o Paulista e o São Caetano.
Isso porque o estádio mais aconchegante do futebol paulista -que hoje, a partir das 16h, abriga o primeiro dos jogos que coroarão uma das duas equipes como campeã pela primeira vez na história- foi palco de partidas inesquecíveis. No bom sentido para Zetti, o técnico do time de Jundiaí, e no mau sentido para para o clube do ABC.
Para Zetti porque, quando goleiro, ele fez no gramado do estádio municipal aquela que classifica como a melhor atuação de sua carreira sob as traves.
O ano era 1994. Na noite de 27 de abril, o então camisa um do São Paulo evitou uma goleada do arqui-rival Palmeiras. Naquele jogo, válido pela Taça Libertadores da América, o atual treinador do Paulista garantiu um 0 a 0, parando uma equipe que contava, entre outros, com Roberto Carlos, Evair, Edmundo e Edílson.
Aquela foi uma partida perfeita para o então goleiro são-paulino, tão perfeita quanto à que Zetti agora exorta seus comandados a realizarem hoje. "Para sermos campeões, temos de fazer pelo menos uma partida perfeita, como aquela. O grande jogo está para chegar. Só não sei qual vai ser", profetiza o técnico do Paulista.
Apesar do discurso do técnico, o goleiro Márcio, o jogador mais elogiado do time de Jundiaí nos dois confrontos das semifinais contra o Palmeiras, se esquiva da tal perfeição pedida por Zetti.
"Não dá para alguém fazer uma partida perfeita. O futebol de hoje é muito igual, muito competitivo", diz Márcio, que também guarda boas recordações do Pacaembu. "Fui campeão da Copa São Paulo [de juniores] lá, em 2000", relembra.
O estádio paulistano também guarda em suas memórias de quase 64 anos uma história ligada ao São Caetano. Mas a lembrança que ficou não é tão doce quanto a de Zetti. Foi lá, em 2002, que o São Caetano conseguiu chegar o mais próximo que já esteve de conquistar um título na elite do futebol e entrar definitivamente para o rol dos times grandes, mas viu seu sonho de grandeza se esvair após uma disputa de pênaltis.
O jogo era o segundo das finais da Libertadores, e o time do ABC vinha de uma vitória fora de casa (1 a 0) contra os paraguaios do Olimpia e precisava apenas de um empate em casa para ser campeão. Chegou a inaugurar o marcador, mas acabou derrotado no tempo normal (2 a 1) e nas penalidades (4 a 2). Um Pacaembu lotado de simpatizantes do São Caetano assistiu ao desfecho infeliz.
"Às vezes sonho com aquele jogo. Quando estou pensando na vida, penso que poderíamos ter ganho", diz o zagueiro Dininho, um dos remanescentes no elenco. "Mas apesar disso, gosto de jogar no Pacaembu", ameniza.
"Depois daquela final, não bato mais pênalti. Não consigo me esquecer daquele dia", relata o zagueiro Serginho, que perdeu a última cobrança e selou a derrota do São Caetano naquela final.
A decisão que começa hoje é a primeira desde 1990, num Paulista com a presença dos quatro grandes do Estado desde o início, a não contar com nenhum deles. Naquele ano, Bragantino e Novorizontino foram os finalistas.


NA TV - Paulista x São Caetano, ao vivo, na Globo, Record e Sportv, às 16h



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