TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Os três times mais badalados do mundo, Milan, Real Madrid e Arsenal, saíram da Copa dos Campeões da Europa. No Paulistão, o Palmeiras foi derrotado pelo Paulista, e na Copa do Brasil, Atlético-MG, Botafogo e Vasco foram eliminados por pequenas equipes.
Ficou mais evidente que ninguém entende nada de futebol, principalmente comentaristas esportivos. As nossas previsões têm a mesma média de acerto do que as dos PHDs da Fundação Getúlio Vargas e da Universidade de Harvard sobre o futuro da economia e as das videntes, cartomantes e outras ciências exatas.
O imponderável, a imaginação e a sabedoria da natureza são mais importantes do que a ciência e o conhecimento técnico.
Filosofias de botequim e brincadeiras à parte (possuem um fundo de verdade), esses resultados não significam que os perdedores são inferiores aos vencedores. Um favorito só fracassa se vai mal num torneio por pontos corridos, turno e returno. Nesse tipo de competição, com raras exceções, os melhores chegam na frente.
Temos de analisar uma equipe pela média de suas atuações, no mínimo, durante uma temporada. O mesmo acontece com os jogadores. Apesar de suas más atuações na seleção contra o Paraguai e na Copa dos Campeões, os grandes craques brasileiros, como os dois Ronaldinhos e Roberto Carlos, continuam entre os melhores do mundo.
Da mesma forma, não podemos chamar de craques jogadores que brilham há pouco tempo. Kaká já é um craque, porém um leitor, com razão, disse que ainda é cedo para dar a ele o mesmo valor dos consagrados Ronaldinhos e Roberto Carlos, como fiz. Houve um excesso de elogios ao Kaká pelas suas ótimas atuações na Itália.
O resultado mais inexplicável e surpreendente foi a goleada sofrida pelo Milan por 4 a 0, do Deportivo La Coruña. Além de ótimo ataque, o Milan tem um sistema defensivo e um goleiro excepcionais. Já o Real Madrid, com fracos zagueiros e um meia ofensivo (Gutti) na posição de volante, corre sempre grandes riscos de perder para equipes inferiores, mesmo com tantos craques.
As zebras se tornaram tão comuns que não são mais novidades. Avacalharam com a zebra. É preciso recuperar o prestígio da zebra.

Aposte na zebra
O São Caetano é o grande favorito, mas vou apostar na zebra. O time do ABC joga melhor no contra-ataque, diante de times ofensivos e com atacantes habilidosos, como o Santos. Hoje, o Paulista vai recuar, o São Caetano terá de pressionar e vai deixar espaços na defesa, como no empate contra o Peñarol, pela Libertadores.
Se a zebra está tão comum, não seria também zebra uma vitória do São Caetano? Endoidei!

Sem zebra
No Rio, como não há favorito, não poderei apostar na zebra. Ficou sem graça. Abel deve escalar mais um volante, adiantar o Felipe e retirar um atacante. Desconfio que o time vai ficar confuso, amarrado.
Se o Vasco marcar bem em todo o campo e chegar com velocidade à frente, como fez contra o Fluminense, terá boa chance de vencer. Se o Felipe estiver inspirado e o Flamengo repetir as atuações do primeiro turno, terá também boas possibilidades de ganhar.
Mas, se o Vasco jogar como no meio de semana, pela Copa do Brasil, e o Flamengo repetir as atuações do segundo turno, será duro assistir ao jogo.

Sem favorito
Em Minas, também não há favorito, apesar de o Cruzeiro ter o craque Alex e melhores jogadores. O Atlético deve repetir o esquema da última vitória sobre o rival por 5 a 3, quando marcou bem os avanços dos laterais do Cruzeiro e explorou com sucesso a velocidade de Alex Mineiro e Wagner nas costas deles. O zagueiro Cris, que não joga hoje, e Edu Dracena chegavam sempre atrasados.
Nos últimos jogos, Paulo César inovou, ao colocar o volante Wendell de terceiro zagueiro e o lateral Leandro de ponta. O time jogou bem e venceu, mas achei estranhas as mudanças. Se a Dupla formada pelo Leandro e Wendell foi destaque no ano passado, por que mudar as suas posições? Leandro não joga hoje, porém o substituto Sandro deverá fazer a mesma função.
Está surgindo um técnico criativo, revolucionário, ou o Paulo César Gusmão quer ser mais realista do que o rei?

E-mail: tostao.folha@uol.com.br


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