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RÉGIS ANDAKU
Final feliz no reino da Inglaterra
Após uma era de rivalidade, Greg Rusedski pára e deixa Tim Henman só, também
à beira da aposentadoria
O
VELHO Tom Rusedski descendia de imigrantes ucranianos e, quando se casou
com uma inglesa, Helen, jamais
imaginaria que o filho, nascido canadense, seria jogador de tênis, muito
menos defendendo a nação da mãe.
Pois aos 21 anos, nascido em Montréal, a 6 de setembro de 1973, o canhoto Greg Rusedski, para a surpresa dos pais, despontava como bom
tenista profissional e, a partir daí,
viajaria o mundo como britânico.
Nascia ali uma grande rivalidade
com outro tenista britânico, este
nascido de fato na Inglaterra, em
Oxford, também a 6 de setembro,
mas de 1974, o destro Tim Henman.
Durante anos, os dois disputavam
não só as vitórias em quadra ou os
pontos no ranking mas também o
coração do torcedor inglês, um dos
mais fanáticos do mundo.
Ainda criança, Henman jogava
críquete, rúgbi, futebol. Torcedor fanático do Oxford United. Algum tenista poderia representar melhor a
rainha do que ele? Pois, se o problema era futebol, Rusedski adotara o
tradicional Arsenal, a ponto de ser
visto várias vezes no Highbury, então famoso estádio do time londrino. Ator favorito? O britânico Sean
Connery. Melhor filme? Todos os de
James Bond. Carro? Jaguar.
Jovens, badalados, mimados, Rusedski e Henman trocavam cutucões, frases e olhares tortos, animosidade onde e quando era possível.
Pareciam olhar mais para o rival do
que para o próprio jogo, a própria
carreira, o circuito profissional.
Enfrentaram-se pela primeira vez
na República Tcheca, em 1996. Henman venceu um jogo difícil; já era
top 30 na época. No ano seguinte, toparam de novo na Áustria. Em outro
jogo duro, semifinais, Rusedski ganhou; ele era o quarto no ranking.
No ano seguinte, o confronto foi
no Masters. Henman era top ten,
mas o vencedor foi Rusedski.
Nesses anos todos, 12, Rusedski e
Henman lideraram o tênis inglês.
Juntos, conquistaram 26 títulos, 15
de Rusedski, 11 de Henman. Tiveram o apoio fiel da torcida inglesa
durante as edições de Wimbledon,
mas nunca triunfaram.
No sábado, após um jogo de duplas pela segunda divisão da Copa
Davis em Birmingham, Rusedski,
hoje 281º no ranking e às voltas com
lesão atrás de lesão, inesperadamente pegou o microfone e, entre
lágrimas, anunciou a aposentadoria.
Agradeceu a Henman, hoje em
franca decadência e também à beira
da aposentadoria, que estava ao lado. Olhou no olho do rival. Enquanto Rusedski ganhava aplausos, Henman dizia: "Nossa disputa pessoal
foi o maior motivador para nossas
carreiras e um dos motivos para termos conseguido ir tão longe".
Verdade: se Henman e Rusedski
olhassem para suas carreiras e o circuito apenas, talvez não chegassem
ao quarto lugar do ranking. Ao olhar
para o adversário, melhoraram, ganharam inspiração e força. Foram
tenistas que, sem ganhar Wimbledon, fizeram história no tênis inglês.
MICO
O Torneio de Charleston festejava a presença das melhores do ranking. Mas Maria Sharapova, Amelie
Mauresmo, Justine Henin, Martina Hingis e Svetlana Kuznetsova
avisaram que não iriam mais. O
torneio acabou antes de começar.
SORTEIO
Jogar a Davis em casa, encher o
bolso e seguir na segunda divisão,
ou jogar fora, sem dinheiro e subir
para a elite? A sorte será lançada no
sorteio de hoje, em Londres.
BRIGA
A organização do Masters Series
de Montecarlo foi até a Justiça contra a ATP. Considera uma agressão
tirar o status de Masters Series do
torneio. Ao mesmo tempo, a ATP
confirmou um Masters Series na
China em 2009. Tudo seguindo
uma regra: dinheiro no bolso.
reandaku@uol.com.br
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