São Paulo, quarta-feira, 11 de abril de 2007

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RÉGIS ANDAKU

Final feliz no reino da Inglaterra

Após uma era de rivalidade, Greg Rusedski pára e deixa Tim Henman só, também à beira da aposentadoria

O VELHO Tom Rusedski descendia de imigrantes ucranianos e, quando se casou com uma inglesa, Helen, jamais imaginaria que o filho, nascido canadense, seria jogador de tênis, muito menos defendendo a nação da mãe. Pois aos 21 anos, nascido em Montréal, a 6 de setembro de 1973, o canhoto Greg Rusedski, para a surpresa dos pais, despontava como bom tenista profissional e, a partir daí, viajaria o mundo como britânico.
Nascia ali uma grande rivalidade com outro tenista britânico, este nascido de fato na Inglaterra, em Oxford, também a 6 de setembro, mas de 1974, o destro Tim Henman. Durante anos, os dois disputavam não só as vitórias em quadra ou os pontos no ranking mas também o coração do torcedor inglês, um dos mais fanáticos do mundo.
Ainda criança, Henman jogava críquete, rúgbi, futebol. Torcedor fanático do Oxford United. Algum tenista poderia representar melhor a rainha do que ele? Pois, se o problema era futebol, Rusedski adotara o tradicional Arsenal, a ponto de ser visto várias vezes no Highbury, então famoso estádio do time londrino. Ator favorito? O britânico Sean Connery. Melhor filme? Todos os de James Bond. Carro? Jaguar. Jovens, badalados, mimados, Rusedski e Henman trocavam cutucões, frases e olhares tortos, animosidade onde e quando era possível.
Pareciam olhar mais para o rival do que para o próprio jogo, a própria carreira, o circuito profissional. Enfrentaram-se pela primeira vez na República Tcheca, em 1996. Henman venceu um jogo difícil; já era top 30 na época. No ano seguinte, toparam de novo na Áustria. Em outro jogo duro, semifinais, Rusedski ganhou; ele era o quarto no ranking. No ano seguinte, o confronto foi no Masters. Henman era top ten, mas o vencedor foi Rusedski.
Nesses anos todos, 12, Rusedski e Henman lideraram o tênis inglês. Juntos, conquistaram 26 títulos, 15 de Rusedski, 11 de Henman. Tiveram o apoio fiel da torcida inglesa durante as edições de Wimbledon, mas nunca triunfaram. No sábado, após um jogo de duplas pela segunda divisão da Copa Davis em Birmingham, Rusedski, hoje 281º no ranking e às voltas com lesão atrás de lesão, inesperadamente pegou o microfone e, entre lágrimas, anunciou a aposentadoria.
Agradeceu a Henman, hoje em franca decadência e também à beira da aposentadoria, que estava ao lado. Olhou no olho do rival. Enquanto Rusedski ganhava aplausos, Henman dizia: "Nossa disputa pessoal foi o maior motivador para nossas carreiras e um dos motivos para termos conseguido ir tão longe". Verdade: se Henman e Rusedski olhassem para suas carreiras e o circuito apenas, talvez não chegassem ao quarto lugar do ranking. Ao olhar para o adversário, melhoraram, ganharam inspiração e força. Foram tenistas que, sem ganhar Wimbledon, fizeram história no tênis inglês.

MICO
O Torneio de Charleston festejava a presença das melhores do ranking. Mas Maria Sharapova, Amelie Mauresmo, Justine Henin, Martina Hingis e Svetlana Kuznetsova avisaram que não iriam mais. O torneio acabou antes de começar.

SORTEIO
Jogar a Davis em casa, encher o bolso e seguir na segunda divisão, ou jogar fora, sem dinheiro e subir para a elite? A sorte será lançada no sorteio de hoje, em Londres.

BRIGA
A organização do Masters Series de Montecarlo foi até a Justiça contra a ATP. Considera uma agressão tirar o status de Masters Series do torneio. Ao mesmo tempo, a ATP confirmou um Masters Series na China em 2009. Tudo seguindo uma regra: dinheiro no bolso.

reandaku@uol.com.br


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