|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TOSTÃO
Duas almas diferentes
Romário e Edmundo passam por um mesmo momento na vida, com proximidade do fim da carreira e temor do vazio
APÓS A PARTIDA de domingo,
Edmundo chorou e disse que
estava triste porque o Palmeiras concordou em liberá-lo para jogar nos Estados Unidos, sendo que
foi o próprio jogador que levou essa
possibilidade ao clube. Estranho!
Ninguém precisa ter diploma de
psicólogo para perceber a carência
afetiva e a insegurança de Edmundo
para lidar com seus sentimentos e
os dos outros.
O frágil e sensível Edmundo só
queria ouvir da diretoria do Palmeiras que ele é imprescindível e amado. Todos nós queremos ser amados. Isso é uma coisa. Outra é ele
achar sempre que não é querido
nem compreendido, como já
demonstrou em tantas outras ocasiões. Por causa de sua fragilidade
emocional, de sua incapacidade de
lidar com frustrações e por outros
motivos, Edmundo, brilhante jogador, não teve o sucesso que seu
futebol merecia.
Romário também quis sempre ser
amado, mas, diferentemente de Edmundo, não dá a mesma importância sobre o que acham dele.
Em vez de ficar magoado, Romário sempre alfineta quem o critica
e/ou demonstra não gostar dele. Ele
sempre falou e fez o que quis, apesar
de dizer e fazer muitas vezes coisas
que não devia.
Por ser mais inteligente, mais esperto, mais calculista, mais adaptado à realidade e, principalmente, por
ter muito mais talento do que Edmundo, Romário se tornou um dos
maiores jogadores do futebol mundial. O que não se deve é tentar canonizá-lo, como escreveu muito bem
José Geraldo Couto.
Uma coisa é ter profunda admiração pelo futebol de Romário. Outra é
elogiá-lo pelo que ele não é nem
nunca foi. Grandes personagens da
história, em todas as profissões, são
especiais por suas obras. Nenhum é
santo nem Deus, como pensa ser
Maradona, segundo seu médico.
Edmundo e Romário, duas almas
diferentes, passam por momentos
idênticos em suas vidas com a proximidade do final de suas carreiras e
com o temor do vazio, da falta. Isso é
difícil para todos, mais ainda para os
dois, que passaram as suas carreiras
rodeados de secretários, empresários, bajuladores, aproveitadores e
também de pessoas queridas.
Clássico carioca
Será que hoje o Botafogo repete a
belíssima atuação do último jogo
contra o Vasco, quando jogou com
um esquema inovador, com três zagueiros, três no meio-campo e mais
Lúcio Flávio próximo dos três atacantes (Zé Roberto pela direita,
Dodô pelo centro e Jorge Henrique
pela esquerda)?
Quase todos os jogadores do Botafogo tinham mais de uma função
em campo. Por outro lado, como
não havia laterais nem alas fixos,
esses espaços na defesa poderão
ser explorados pelo Vasco.
Bom é o que dá certo
O São Paulo joga bem com dois
ou três zagueiros. Prefiro com dois,
desde que laterais e volantes avancem alternadamente, que os dois
meias joguem mais abertos, formando dupla com os laterais na
marcação e no ataque, e que esses
meias entrem pelo centro na hora
certa para decidir o lance, como fazem muito bem Souza e Hugo.
Diferentemente da maioria dos
meias brasileiros, que só sabem jogar embolados pelo centro, perto
dos dois atacantes e que não participam da marcação, Souza e Hugo
têm características para atuar pelos lados. Assim, fica melhor para a
defesa e para o ataque.
Um filósofo do futebol já disse
que esquema bom é o que dá certo.
Acrescentaria que é o que tem bons
jogadores, com características adequadas para executá-lo. O restante
é perfumaria para preencher o longo tempo da maioria dos programas sobre futebol na televisão.
tostao.folha@uol.com.br
Texto Anterior: Régis Andaku: Final feliz no reino da Inglaterra Próximo Texto: Manchester bate recorde na Copa dos Campeões Índice
|