São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010 |
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Marlos, o tímido, vira a arma do São Paulo
Meia supera acanhamento e se impõe
como peça-chave do time do Morumbi
MARTÍN FERNANDEZ DA REPORTAGEM LOCAL Quando o Santos venceu o São Paulo por 2 a 1 na primeira fase do Paulista, ficou evidente a diferença de estilo dos times. O Santos exibiu convicção para atacar e um vasto repertório ofensivo. O São Paulo saiu da Arena Barueri naquele domingo com a imagem de um bando de robôs, um time até competente, mas amarrado, duro, sem imaginação. Dois meses depois, as duas equipes voltam a se encontrar. Hoje, às 16h, fazem no Morumbi o primeiro duelo pelas semifinais do Campeonato Paulista. O Santos tem a vantagem de mandar a segunda partida na Vila Belmiro e joga por dois empates (ou vitória e derrota pela mesma diferença de gols). O São Paulo tem outra arma. Na reta final da primeira fase, encontrou a solução para a sua falta de criatividade. Marlos, 21, superou a timidez e se impôs como o meia que seu time buscava e não encontrava. Nas vitórias contra Botafogo de Ribeirão Preto (5 a 0) e Santo André (3 a 1), o camisa 16 foi o melhor jogador em campo. Até então, Marlos havia sido pouco utilizado. E, na maioria das partidas em que entrou, o fez como segundo atacante. "Gosto mesmo é de jogar como meia", diz. "Meu negócio é pegar a bola de frente para o gol, não de costas, nem de lado", declarou o jogador. Para alcançar o status de titular, Marlos teve que vencer a timidez. Em maio de 2009, foi contratado do Coritiba cercado de grande expectativa. Estreou bem contra o Cruzeiro e achou que não sairia mais do time. "Era época do Muricy Ramalho", diz. "Depois, veio Ricardo Gomes, que escalou um time mais tático. Perdi espaço." Hoje, agradece ao técnico pelas lições que tomou. "Eu tinha uma deficiência tática. Ele e o Milton Cruz me ensinaram muito. Eu me sinto um jogador mais completo." Ricardo Gomes conta que foi preciso "impor alguns limites" ao jovem meia. "Ele veio de um time em que era o dono, em que ele fazia de tudo. Era dar a bola para o Marlos resolver", diz Gomes. "Ele aprendeu que precisa fazer menos coisas, mas benfeitas. Não precisa roubar a bola, mas fechar o espaço para que um volante possa roubá-la." Milton Cruz, responsável por tirá-lo do Coritiba e levá-lo ao Morumbi, diz que "já esperava" por esse momento. "Quando ele chegou, foi escalado muitas vezes de segundo atacante, não se sentia à vontade, era tímido demais para falar", conta Cruz. "Aos poucos se soltou, entendeu melhor o jogo. Vai ser o grande meia do time nos próximos anos." Marco Aurélio Cunha, o dirigente são-paulino mais próximo dos jogadores, compara Marlos a Alex, ex-Palmeiras, hoje no Fenerbahce. "Vieram da mesma fôrma, tinham fama de lento, de sumir do jogo de vez em quando. O Alex virou craque, o Marlos vai virar." O meia agradece e recusa as comparações. Nem sorri quando é perguntando sobre "Lionel Marlos", o apelido que ganhou de tricolores mais exagerados. Marlos é o que mais aproxima o São Paulo do Santos. Gosta de ver o rival jogar, mas encerra por aí. Diz que não fará dancinha em caso de gol e que prefere ganhar a dar show. Texto Anterior: Juca Kfouri: O jogo do ano Próximo Texto: Reforços esquentam a reserva Índice |
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