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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

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Em nome Dele

Jogadores do Brasileiro escrevem mensagens religiosas até nos autógrafos, e, diversificada, propaganda passa a fazer parte do equipamento dos atletas

Ormuzd Alves/Folha Imagem
A chuteira personalizada do são-paulino Kaká


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em nome de Deus, mais de 20 jogadores que atuam no Campeonato Brasileiro dão autógrafos.
""Jesus vive", ""Deus é fiel", ""Jesus é o Senhor", ""Deus te ama", ""Jesus é o Caminho"...
Vários tipos de mensagens religiosas acompanham as assinaturas dos atletas nas lembranças que normalmente são concedidas aos torcedores. A revista ""Placar" publicou os autógrafos de quase todos os jogadores do Nacional, e grande parte parece habituada a evangelizar pelos seus nomes.
Kaká (São Paulo), Fabiano (Santos), Mineiro (São Caetano), Sandro (Botafogo), Amaral (Grêmio). A lista é grande. E há vários cristãos que não atuam na Série A do país, como o zagueiro Lúcio e o volante Claudecir.
Não é de hoje que propagandas religiosas reinam no mundo esportivo. Mas as formas de propagar a palavra de Deus no futebol estão sendo diversificadas.
Kaká, talvez o mais popular jogador em atividade no Brasil, atua com chuteiras que levam o seu slogan predileto: ""Deus é fiel".
""Na Copa, eu usei a primeira chuteira com essa inscrição. Depois, quando voltei do Mundial, todas já eram assim", conta.
O meia-atacante são-paulino personifica o atleta de Cristo do século 21 -não é filiado à entidade Atletas de Cristo e domina bastante esse marketing divino.
""Não faço parte da Atletas de Cristo. Sou da Igreja Renascer. Sou evangélico e, como jogador, sou atleta de Cristo. Autógrafo, chuteira, comemoração do gol, tudo é uma forma de pregar o evangelho. Não é a igreja ou alguém que me força. Vou por mim e pela minha família", diz Kaká.
Presidente da Atletas de Cristo, o ex-jogador Baltazar Maria de Moraes, crê que a nova geração de jogadores de Cristo ajuda a entidade mesmo sem se filiar muito.
""Temos custos com jornalzinho, viagens, congressos. Mas nossa proposta é ajudar os outros, nunca foi econômica. A entidade é só um instrumento. Alguns não têm vínculo com ela, mas nosso objetivo está sendo alcançado quando eles divulgam o nome de Deus, mesmo nos autógrafos", explica Baltazar, que elogia a fé demonstrada por Lúcio, Edmílson e Kaká após a final do Mundial (eles se ajoelharam e agradeceram a Deus fervorosamente).
Alex Dias Ribeiro, ex-piloto de F-1 que é diretor da Atletas de Cristo, até cogitou criar um time de jogadores de Cristo, seguindo exemplos de outros países, mas a idéia não vingou -a entidade tem hoje quase 7.000 sócios.
""Pensamos na idéia de fazer um time evangélico aqui no Brasil. Mas vimos que é melhor ter um atleta de Cristo em cada time do que todos os atletas de Cristo em um time só", disse Ribeiro.
O Coritiba é um meio time de atletas de Cristo. Seis jogadores da equipe costumam dar autógrafos com mensagens religiosas.
""Jesus te ama" é a mensagem mais comum nos autógrafos dos jogadores brasileiros, mas ""Deus é fiel" tornou-se a mais popular, especialmente por causa de Kaká.
""Alguns perguntam o que significa a frase "Deus é fiel". Com o tipo de vida que eu levei por anos a fio, não existe outra palavra para definir a minha relação com Deus a não ser fidelidade. Se Deus não tivesse sido tão paciente comigo, provavelmente não estaria mais vivo ou pelo menos estaria muito doente", testemunha Adhemar, do São Caetano, que revelou seu passado de dependência química e seu presente religioso -ele mostra ""Deus é fiel" em camisas.
""Fizemos um pedido à Fifa, que permitiu mensagens religiosas nas camisas. Não posso falar a respeito de mensagem em chuteira porque o texto da Fifa só fala em camisas", disse João Leite, conselheiro da Atletas de Cristo.
Kaká, que usou chuteira com mensagem religiosa até em competição da Fifa, disse que não foi repreendido. ""Nunca ninguém me falou nada sobre isso. O que acontece no São Paulo é que a LG pediu que não tirássemos a camisa." O patrocinador também tem que aparecer na hora do gol.


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